domingo, 27 de julho de 2014

O dia da viagem

O que antes era uma aventura, hoje é uma canseira! Fruto da idade (sempre esta maldita), mas principalmente da sua banalização.

Há uns anos atrás, os dias de viagem, principalmente se esta envolvia países estrangeiros, aviões e aeroportos, eram uma excitação, que começava uns dias antes, com os preparativos para a dita, e culminava com a viagem propriamente dita. Tudo era preparado com antecedência e vivido com emoção. Tenho saudades desses dias.

Hoje, os dias de viagem são uma chatice que urge ultrapassar o mais rapidamente possível. O que interessa é chegar ao nosso destino. A viagem é o mal necessário. As malas são feitas à última da hora (literalmente à última da hora), o dia da viagem é composto por uma sucessão de filas intermináveis (por causa da segurança, ou melhor, da insegurança, que paira sempre no ar), em aeroportos cheios de gente, sempre concentrada nos seus variados aparelhos electrónicos. 

Levantar e aterrar causa-me sempre um certo mal-estar físico. Quase nunca consigo dormir durante a viagem. A comida é intragável. Quando chego, sofro com a diferença horária, que me deixa completamente sonolenta às 3 da tarde e desperta às 5 da manhã. 

Hoje foi um destes dias. Daqui a uma semana há mais!







domingo, 20 de julho de 2014

Começo a sentir-me em casa

Mudar de casa e ir viver para outro lado, quer seja para outra cidade ou para outro país, não é fácil. Demora até nos começarmos a sentir em casa. É um cliché, mas é verdade: Há coisas que só o tempo trás! Mesmo que a mudança tenha sido para melhor, mesmo que nos tenhamos sentido bem e bem vindas no novo lugar, nunca é uma coisa imediata. É fácil encontrar um novo sítio para as nossas coisas, mas não é fácil construir um novo espaço para nós. 

Só agora começo a conhecer os cantos à casa, como se costuma dizer. Já tenho as minhas rotinas e já tenho um conjunto de referências que me fazem sentir à vontade. Já sei onde posso comprar o melhor pão, apesar de nem sempre lá ir, que há dias em que é preciso simplificar.  Se preciso de cortar o cabelo já descobri um cabeleireiro que gosto. Se preciso de fazer uma baínha numas calças, já descobri uma costureira que faz arranjos. Se preciso de dar roupa e calçado que já não servem aos miúdos, já sei onde posso ir levá-los. Quando vou ao café e não peço o habitual (é raro, mas acontece!), o empregado olha para mim como que a confirmar que ouviu bem.

São coisas pequenas, cada uma por si não tem muito significado, mas todas juntas dão-nos a sensação de pertencer a um lugar. E com isso vem uma tranquilidade, que sabe bem. Acho que um dia destes me vou atrever a escrever um post intitulado "A minha cidade"!

Esta semana que agora começa vai ser de mais mudanças. Para a casa nova (que não é nova, mas é nova para nós). Mais uma vez sei que vai ser fácil lá encaixar as nossas coisas, mas vai demorar um pouco mais a senti-la minha.


sexta-feira, 18 de julho de 2014

Há sempre uma primeira vez!

Ía a 70 km/h numa estrada cujo limite é 40 km/h. E está-se mesmo a ver o que aconteceu, certo? A minha primeira multa por excesso de velocidade!

Claro que o óbvio aconteceu. Vi o carro da políca ligar as luzes e a sirene e encostei-me à berma e parei para o deixar passar (algo que aqui é obrigatório fazer para deixar passar qualquer veículo prioritário). De certeza que tinha sido chamado para uma qualquer emergência, pensei eu. Santa inocência! 

Só quando o polícia começou a gesticular na minha direcção é que percebi que o alvo era mesmo eu! Apareceu-me um agente que (quase) podia ser meu filho, informou-me qual tinha sido a minha infracção, pediu-me os documentos do carro e a carta de condução e foi para o seu carro tratar do assunto. Passado uns (largos) minutos voltou, entregou-me uma guia e disse-me que a minha carta ficava apreendida até eu pagar a multa ($ 120). Eu pedi desculpa e prometi que não voltava a acontecer! Afinal de contas, as regras são para cumprir. E o limite de velocidade estava mais do que bem assinalado.

Em minha defesa, esclareço que estava bom tempo e conduzia numa estrada completamente recta, com visibilidade total e sem trânsito nenhum! Descobri este caminho alternativo para ir de casa para o trabalho, sem semáforos e que me permitiu reduzir de 8 para 5 minutos o tempo que levo a chegar! Parece uma estrada rural, que atravessa os campos que pertencem à Universidade, explorados pelos departamentos ligados à agricultura e ciências animais. Mas como está dentro do perímetro da Universidade, tem um limite de velocidade de 25 milhas/por hora.

Entretanto, acho que já resolvi o problema. Assim que entro na dita recta, onde continuo a circular diariamente, acelero até atingir as 25 milhas, após o que ligo o cruise control. E lá vou eu a "pisar ovos", como se costuma dizer. E com isto devo ter aumentado de 5 para 6 minutos o tempo que levo de casa ao trabalho e vice-versa. Não me posso queixar, portanto.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

As cores dos meus dias


 (O verde destes relvados sem fim, que aos Domingos se enchem de jovens a jogar ... frisby e futebol) 


(Jardins coloridos, que à gente que leva a jardinagem muito a sério)


 (As cores do meu vício - são vários ao longo do dia, mais ou menos por esta ordem, 
para (tentar) evitar as insónias à noite)


(Fruta de Verão)

 (Havaianas - calço-as assim que chego a casa)


 (Paragem obrigatória aos Sábados de manhã)


 (Às vezes, mas não tanto como deveria ...)

 (Compras para a casa nova!!!)

domingo, 13 de julho de 2014

1989

Estava eu ainda a ruminar acerca disto de fazer 25 anos de casada - parece que foi ontem, passou tão depressa, que horror estou a ficar  velha, etc. e tal - e comecei a tentar lembrar-me de como era a minha vida e o mundo em 1989. Esse ano foi de grandes mudanças para mim: casei-me (em Julho), acabei o curso de Direito (em Outubro) e vim viver para os Estados Unidos (em Novembro). E eu, que sempre tinha tido uma vida tão pacata, de repente sinto que tudo me começa a acontecer, a uma velocidade alucinante e sem grande planeamento.

Lembrei-me logo que 1989 foi o ano da queda do Muro de Berlim. Lembrei-me que tinha acabado de chegar aos Estados Unidos e, para nós, esse foi um acontecimento marcante, que seguimos nas notícias durante sei lá quantos dias. No ano anterior, tinhamos feito Inter-rail e uma das nossas paragens foi precisamente Berlim, onde passámos 4 ou 5 dias. Nesse Verão de 1988, tivemos oportunidade de passear por uma Berlim dividida. Estivemos junto ao Muro, vimos os guardas do "outro lado" nas suas torres de vigia, visitámos o museu Checkpoint Charlie, onde estão eternizadas as histórias das fugas mirabolantes e corajosas que alguns conseguiram concretizar para atravessar o Muro. E fomos passar um dia a Berlim Oriental, uma experiência única, que se transformou numa história que recordamos muitas vezes. Principalmente quando estamos com colegas do Rui que viveram a sua infância na Europa de Leste, e que têm sempre muitas histórias para contar (adoro estes encontros, normalmente à volta da mesa, que de repente se transformam numa incrível aula de História).  

(Esta é a única foto dessa viagem a Berlim que tenho para mostrar, 
todas as outras estão ainda nos caixotes ...)

Por curiosidade, fui ver que outras coisas importantes aconteceram em Portugal e no mundo nesse já longínquo ano de 1989. No mundo, aproximava-se o fim da Guerra Fria: foi o ano em que a União Soviética retirou as suas tropas do Afeganistão e nomeou Mikhail Gorbachev presidente; A Roménia viveu a sua revolução e executou Ceausescu e a mulher, em pleno dia de Natal e com direito a transmissão televisiva em directo; Na China, viveram-se os protestos na Praça Tiananmen e no Médio Oriente, o Ayatolla Komeini sentenciou Salman Rushdie à morte por ter publicado "Os Versos Satânicos".

Os Estados Unidos começaram o ano com a tomada de posse de Bush-pai como Presidente e acabaram a invadir o Panamá na tentativa de capturar Manual Noriega. Pelo meio, assistiram (assistimos todos) a uma das maiores tragédias ambientais de sempre: o derrame de petróleo do Exxon Valdez no Alasca.

Em Portugal, Cavaco Silva era Primeiro-Ministro e Mário Soares Presidente da República. Começaram as privatizações das empresas públicas e também o primeiro "Quadro Comunitário de Apoio" que durante vários anos injectou milhões de euros europeus no país. Foi também o ano em que Portugal foi campeão do mundo de futebol de sub-20. Não tinhamos o Cristiano Ronaldo, mas tinhamos o Figo, o Rui Costa e companhia. E foi o ano em que os Da Vinci ganharam o Festival da Canção com "O Conquistador"!

E fico por aqui, que o Baú não tem fundo... Olhando para trás, vivo nesta dualidade: parece que foi ontem e ao mesmo tempo há uma eternidade. E acho que assim continuará.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

25 anos

Foi na 3ª feira passada que fizemos 25 anos de casados. Uma eternidade, que passou num instante!

Fomos comemorar a Chicago e foi muito bom. Sem nada planeado e com um sol radioso, passeámos, sem pressa, pelos sítios que já vamos conhecendo e de que gostamos muito. Ficámos instalados num hotel espectacular em plena Downtown, junto ao rio. Por mim, podia ser sempre assim! No dia em que chegámos, fomos beber uma cerveja ao Green Mill, um dos mais emblemáticos bares com música jazz ao vivo. Diz-se que era onde Al Capone ía beber uns copos. E há por lá algumas fotos a comprová-lo.


(O nosso hotel era mesmo aqui ao lado)

(Acho que este tipo só compra prédios para lá poder escarrapachar o nome)

(Um concerto inesperado neste anfiteatro ao ar livre)


(Tinhamos que ir o Millennium Park assinar o ponto!)

(Uma selfie reflectida)

(À espera do comboio)


 (A vista do nosso quarto à noite)

 (E de dia)

 (O nosso quarto era bem lá ao fundo)

(A entrada do hotel)

Não fora a hecatombe brasileira, a meio da tarde, frente ao poderio germânico (que nós tão bem conhecemos), que deixou o meu marido com azia para o resto do dia, e teria sido um dia mesmo bem passado! 

domingo, 6 de julho de 2014

Nós

 (1993)

 (2005)

(2013)


Aproxima-se uma daquelas datas em que não resisto a olhar para trás. E fico sempre surpreendida e um bocadinho angustiada com a rapidez com que tudo passou. Confesso, que tenho uma certa tendência para ver o copo meio vazio. Penso mais no que podiamos ter feito, em vez de pensar no muito que fizemos. É uma estupidez, eu sei, mas não há volta a dar, a passagem do tempo é uma daquelas coisas com que ainda não aprendi a lidar.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

4th of July

Tanto que se comemora a 4 de Julho!

Por aqui, o dia da independência. O feriado nacional dos USA. Dia de paradas, fogo de artifício e saldos! Red, white and blue por todo o lado. Há 21 anos anos atrás, estávamos em New York com os meus pais. Assistimos às comemorações do 4 de Julho em frente ao rio Hudson! Muita gente, muita animação e um fogo de artifício espectacular! New York foi o fim de uma longa viagem de carro que nos levou de Minneapolis a New York, passando por Chicago, as cataratas do Niágara e Boston. Estava eu recém-grávida da Mafalda! Até hoje, foi o meu mais emblemático 4th of July.

Mas o 4 de Julho é também o dia da cidade de Coimbra. Dia da Rainha Santa Isabel. Não sei se este ano é ou não ano de procissão, que só se realiza de 2 em 2 anos. Na verdade, durante os 23 anos que vivi em Coimbra acho que nunca fui ver nenhuma. Ou talvez tenha ido quando era miúda, com a minha madrinha ou a minha avó materna. Mas se fui, não me lembro de nada! Mas com ou sem procissão, é sempre feriado na minha cidade Natal! E apesar de já ter vivido mais anos fora de Coimbra do que vivi em Coimbra, é onde volto sempre!

Por fim, a 4 de Julho fazem anos 2 grandes amigos. Mando daqui um grande beijinho de parabéns e saudades aos 2. Será que a tradição ainda é o que era e hoje foi dia de almoçarada na Rua Rodrigo da Fonseca e de festa até às tantas na Rua do Apeadeiro? Espero que sim, que as boas tradições são para manter. Entretanto, pela minha parte, espero brindar com eles a mais um ano que passou e a mais um que aí vem (que seja o melhor de todos), daqui a uns dias. Afinal de contas, Natal é quando o homem quiser ... Feliz aniversário!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Não dá para entender

O Verão chegou, mas tem estado um tempo muito esquisito. Há dias lindos, cheios de sol, céu limpo e temperaturas amenas. Outros são muito quentes e húmidos. E noutros ainda chove que se farta. E, aqui e ali, temos sido presentiados com umas belas de umas trovoadas (parece que são frequentes nesta altura do ano ...).

Mas o Verão está aqui e a maior parte dos dias são bastante quentes, com temperaturas a chegar aos 30ºC. E sei que vai piorar, que o Verão aqui é muito quente e húmido. Apesar disso, ando (quase) sempre com um casaquinho atrás! 

Assim que chego ao meu gabinete de manhã, tenho que o vestir, caso contrário, ao fim de uns minutos tenho os braços frios e sinto-me desconfortável. E não sou só eu que me queixo. A minha colega do lado, quando chega de manhã ao seu gabinete, liga um pequeno aquecedor que tem debaixo da secretária, para não ficar com os pés gelados. Eu ainda não cheguei a tanto, mas sinceramente já faltou mais. Que isto de andar de sandálias no Verão é uma loucura!

Sempre que entro no Supermercado, visto o casaquinho. O mesmo se passa nos restaurantes, cinemas, e outros espaços públicos fechados. Claro que, assim que chego à rua, tenho que o tirar rapidamente, senão morro de calor. Já não me bastava os óculos, sempre a trocar dos escuros para os normais e vice-versa. Agora tenho também a cena do casaquinho!

Não consigo compreender porque razão os ares condicionados estão sempre tão fortes. Em todo o lado. Toda a  gente sabe que bastaria diminuir uns graus para se poupar imensa energia e muito dinheiro, mas ninguém o faz. Um perfeito disparate!