sábado, 30 de agosto de 2014

Nunca é tarde para recomeçar ...

A andar de bicicleta!

Foi o meu avô Franklin que me ensinou a andar de bicicleta nas ruas da Bencanta, que na altura quase não tinham movimento nenhum. Quer dizer, movimento tinham. Mas não era de veículos motorizados. Era mais pessoas, miúdos e graúdos. Podíamos brincar na rua sem correr grandes riscos! Caí muitas vezes, chorei, quis desistir. Mas ele insistiu e lá conseguiu que eu me equilibrasse em cima do raio da bicicleta. Esta minha primeira bicicleta ainda existe (acho eu ...), que a minha mãe não é pessoa de se desfazer de coisas (neste aspecto, felizmente, não saio a ela). A última vez que a vi estava no sótão de um dos anexos da casa dos meus pais. Pendurada e enferrujada. 

A minha segunda bicicleta foi comprada em segunda mão (ou terceira, ou quarta, não sei ...) pouco tempo depois de chegar a Minneapolis. A intenção era que fosse o meu principal meio de transporte. Afinal de contas estávamos numa cidade completamente plana e muito bikers friendly. Era de aproveitar. E teve algum uso. Fui muitas vezes de casa para a Universidade a pedalar e ainda demos uns bons passeios à volta das centenas de lagos que há no Minnesota. Mas o muito frio e neve que havia no Inverno e o muito calor no Verão não eram propriamente as condições atmosféricas ideiais para a prática do ciclismo. Quando nos viemos embora, vendemos as bicicletas. Talvez ainda esteja pendurada na garagem de alguém a ganhar ferrugem ...

Há uns tempos atrás, estava o meu excelentíssimo marido a começar a desesperar sem saber o que me oferecer nos nossos 25 anos de casados, resolvi surpreendê-lo (e não é fácil ao fim de tantos anos ...). Disse-lhe que o que eu queria mesmo era uma bicicleta! E foi ver um largo sorriso de alívio a aparecer na sua cara. Eis uma prenda que lhe daria muito prazer comprar. Não só pela ideia em si, mas porque não teria nenhuma dificuldade em o fazer. Confesso que, na minha idade e condição física, não irei certamente fazer da bicicleta o meu meio de transporte diário. Sou demasiado preguiçosa. Gosto muito do meu carro! Mas já dei uns bons passeios com a Matilde aqui pelo Bairro, ao fim do dia. Temos que aproveitar as vantagens de viver no Midwest americano: linhas rectas, tudo plano, estradas largas, sem trânsito. Não há desculpas!

(A minha terceira bicicleta!)


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

É quase Sexta-feira

Quando a Matilde era mais pequenina acordava-a sempre com um sussurro ao ouvido: "Acorda Matilde. Hoje é o melhor dia da semana!" Actualmente é quase sempre ela que me acorda a mim!

Sempre gostei das sextas-feira. É aquele dia em que lentamente começamos a sentir o espírito do fim de semana no ar. E sempre gostei especialmente dos fins de tarde à sexta-feira, em que o trabalho já ficou para trás e no horizonte ainda temos dois dias inteirinhos de ... não direi descanso, que eu raramente descanso ao fim de semana, mas de lazer, passeios, casa e família. Maravilha!

Para além disso, no meu caso, as sextas feiras têm três atractivos adicionais. Como já aqui disse, é o dia em que podemos ir trabalhar vestidos de forma mais informal (Casual Friday). É, por isso, um dia mais leve, despretensioso e colorido. E que bom que é!

Depois, é o dia em que, no meu trabalho, temos pequeno-almoço partilhado. Todas as semanas, dois de nós estamos encarregues de levar comida e bebidas para toda a gente, o que proporciona sempre alguns momentos de convívio relaxado antes de cada um de nós rumar ao seu gabinete, ligar o computador e mergulhar nos seus processos. E como normalmente, a comida é mais do que muita, vamos petiscando ao longo do dia. 

Por fim, é o dia em que decidi que não cozinho, o que é um verdadeiro alívio, para quem o faz todos os dias, sem disso retirar grande prazer, como é o meu caso. Normalmente vamos jantar fora, mas não temos nenhuma rotina estabelecida. Vamos variando, procurando agradar a todos, ou pelo menos ao maior número possível. E sabem muito bem, estes momentos em família.

Confesso que, às vezes, ao Domingo ao fim do dia, quando me sinto cansada de tanto "descanço", dou por mim a desejar que a Segunda-feira de manhã chegue depressa. Até sonho com o silêncio do meu gabinete. Mas este sentimento tem sempre uma esperança de vida muito curta, pois rapidamente começo a sonhar com a próxima sexta-feira ao fim do dia! 


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Boyhood



Gostei muito! Uma família. Uma viagem no tempo. Vemos as crianças a crescer, os adultos a envelhecer, e fragmentos do que lhes vai acontecendo ao longo da vida. Um filme que durou 12 anos a ser filmado, em vários pontos do Texas (reconheci lugares que visitámos em Austin na Primavera passada), e que nos permite acompanhar, de uma forma original, as mudanças impostas pela passagem do tempo. 

A personagem principal é o filho, por quem nos apaixonamos imediatamente. Mas podia ser a mãe, interpretada pela Patricia Arquette (o pai é interpretado pelo Ethan Hawke  - charmoso como sempre!). Pais divorciados, uma mãe que tem a guarda dos filhos e procura incessantemente dar-lhes uma vida melhor, nem sempre tomando as melhores decisões (algumas revelam-se mesmo muito más). Uma lutadora, inteligente e determinada. Um pai (inicialmente) boémio, que depois de uma longa ausência pós-divórcio, volta e, paulatinamente e com muita perseverança, conquista o seu lugar na vida dos filhos, que vê ao fim de semana, tornando-se um garante de equilíbrio e "normalidade". Dois filhos, que vão crescendo ao sabor das escolhas dos pais, principalmente da mãe, e ao mesmo tempo vão definindo as suas personalidades e fazendo as suas escolhas. Passamos o filme todo a torcer para que tudo dê certo nas suas vidas, apesar dos percalços do caminho.

Surpreendo-me sempre por ver que ainda há ideias originais e interessantes, quando tudo já parece ter sido feito. Neste caso, não estamos a falar de um filme que começa no passado e depois salta para o presente (ou até para o futuro), nem estamos a falar de um filme com flashbacks. Também não estamos a falar de uma série, que dura tantos anos, que nos permite acompanhar o crescimento dos miúdos e o envelhecimento dos graúdos (ainda ontem na cerimónia dos Emmys, tive essa sensação com o elenco de Modern Family). 

Estamos a falar disto: 



As mesmas pessoas, a crescer à nossa frente e no espaço de duas horas e meia.

Apetece-me contar a história toda, o que corre bem e o que corre mal. O que acontece a cada uma das personagens, como acaba a história. Mas o melhor mesmo é irem ver. Se forem como eu, passarão um excelente bocado!

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Da resignação à reclamação

Quando em 1994, regressámos a Portugal e comprámos a nossa primeira casa - um T3 em Linda-a-Velha - tivemos que começar do zero. Dos Estados Unidos tínhamos levado caixotes com livros, 4 malas, uma bebé de 5 meses e respectiva parafernália. Fizemos muitas incursões por lojas de móveis. Em Lisboa, Coimbra e até em Oliveirinha, no concelho de Carregal do Sal. Íamos escolhendo o que queríamos e encomendávamos. Tudo tinha que ser mandado fazer. Entre a encomenda e a entrega em nossa casa passavam entre 2 e 3 meses. Já na altura achava um exagero. Mas era assim. Nada a fazer.

Vinte anos depois e aqui estamos nós a escolher e comprar móveis outra vez. Trouxemos alguns, os que mais gostamos ou que estavam em melhor estado, mas não todos. Não trouxemos, por exemplo, nenhuma mobília dos quartos dos miúdos e por isso tivemos que comprar muitas coisas. Escolhemos (quase) tudo online. A grande maioria das coisas comprámos no Ikea. Escolhemos o que queríamos. Alguns comprámos na loja, outros online. Pedimos para entregarem em nossa casa, que alguns móveis eram bem pesados e de grades dimensões.

A entrega demorou 3 semanas, o que me pareceu uma eternidade. Nos tempos que correm, já não há paciência para isto, principalmente numa loja como o Ikea, em que tudo está feito e empacotado, é só mesmo transportar. Mas é claro que a entrega não é feita pela Ikea, mas sim através de uma empresa subcontratada, cujo trabalho, neste caso, deixou muito a desejar. Agora que tudo está entregue, estou com vontade de apresentar uma reclamação, por violação das minhas legítimas expectativas a uma entrega rápida e eficiente!

E depois, há ainda a cena da montagem. O Ricardo Araújo Pereira tinha razão quando disse, numa crónica já velhinha, que o Ikea não vende móveis baratos, vende puzzles caros! E com muitas pecinhas! Que eu, diga-se de passagem, nem tento montar ... Felizmente, tenho um marido com muito jeitinho para estas coisas! 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Ver os filhos a crescer

Olho para fotografias dos meus filhos pequeninos e sinto uma enorme nostalgia. É assustador pensar que aqueles momenos deliciosos não mais voltarão.

(Verão de 2004)

Mas depois olho para eles, para o que são hoje e surpreendo-me. Surpreendo-me ao ver o que o tempo lhes trouxe. Como cresceram debaixo do meu nariz e se vão transformando nestas pessoas únicas e cada vez mais independentes. Como vão mudando fisicamente, como vão desenvolvendo a sua personalidade, fazendo as suas escolhas, apurando os seus gostos. E nota-se em tudo: na maneira como falam, nas opiniões que manifestam, no que vestem, nos amigos que fazem, nos hobbies que escolhem.

O Miguel, por exemplo, sempre adorou ler. Desde pequenino que devora livros. Claro que, como qualquer criança e adolescente do Século XXI, adora os jogos electrónicos. Já teve uma PSP. Uma WII. Agora tem a PS4. E passa horas "naquilo". Mas sempre intercalou a "jogatana" com a leitura. De uma forma saudável e equilibrada. 

Quando era pequenino lia qualquer coisa, mas aos poucos foi apurando o seu gosto. A partir de certa altura houve muitos livros que começou a ler e não acabou. Não lhe interessaram. Desde há uns anos a esta parte, a sua leitura de lazer é basicamente composta por banda desenhada e a literatura fantástica. Começou com o Calvin & Hobbes, o Tintim, o Asterix, o Lucky Luck. Depois deu o salto para o Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Eragon, Crónicas de Gelo e Fogo. E muitos outros que, confesso, não consigo sequer identificar.

Recentemente, da leitura deu o salto para o cinema. Mais uma vez o que gosta é dos filmes com os seus super-heróis preferidos e os filmes de acção/fantásticos. Sem esquecer, claro, os filmes de animação (desde sempre!). Começou pelos mais recentes. Depois, teve curiosidade, e começou a ver os mais antigos. Está a tornar-se um especialista! E até tenta  passar-me o bichinho. Começámos pela triologia do Batman, do Christopher Nolan. Já vimos o primeiro: Batman begins. Não sendo o meu tipo de filmes preferido (longe disso), confesso que estou a gostar. Dos filmes e, acima de tudo, da companhia!

Ei-lo aqui com o seu super-herói preferido: Capitão América!






sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Domínio (quase) absoluto

Das universidades americanas no famoso Ranking de Shanghai, que todos os anos "mede" a qualidade das Universidades a nível mundial, tendo como critério de ordenação a prestação académica e científica das mesmas. Naturalmente, que a sua análise não é isenta de críticas, mas a verdade é que este ranking é bastante conceituado e muito divulgado. 

Este ano, à semelhança dos anos anteriores, as universidades americanas dominam. Têm 8 Universidades no Top 10 (tendo arrebatado o pódio, com Harvard, Stanford e MIT), 16 no Top 20 e 37 no Top 50. A University of Illinois at Urbana-Champaign ocupa o 28º lugar, estando em 4º entre as melhores escolas de engenharia do mundo.  

Há 3 Universidades portuguesas no Ranking, em lugares bem mais modestos. A Universidade de Lisboa (que resultou da fusão da Clássica e da Técnica) ficou entre o lugar 201-300. A Universidade do Porto entre o 301-400 e a Universidade de Coimbra entre o 401-500 (a partir do 100º lugar, o ranking não específica o lugar concreto de cada Universidade). O prognóstico do Prof. Cruz Serra, Reitor da Universidade de Lisboa, de que com a fusão, a Universidade de Lisboa passaria a ser a mais importante universidade da Península Ibérica, ainda não se verificou. A Universidade de Barcelona está à frente da UL.

Tendo trabalhado durante 7 anos numa Universidade portuguesa e estando agora a trabalhar numa Universidade nos Estados Unidos, este domínio americano não me surpreende minimamente. O financiamento público e privado que todos os anos é canalizado para as grandes Universidades é verdadeiramente avassalador. As receitas geradas pelas propinas milionárias que os alunos pagam e o financiamento que as grandes agências federais (e não só) canalizam para a investigação científica permitem um desenvolvimento das Universidades a todos os níveis.

Sinceramente, em Portugal, com o financiamento do ensino superior a diminuir dramaticamente nos últimos anos e com as restrições que a nossa lei impõe à contratação pública (de professores, de funcionários, de bens e serviços) até me surpreende que continuemos a ter boas universidades. Felizmente, há sempre pessoas que conseguem fazer omeletes sem ovos! 

sábado, 9 de agosto de 2014

Uma semana muito intensa

Na semana passada, tentei meter o Rossio na Betesga e não consegui, claro! Uma semana sabe a pouco. Muito pouco. Mas consegui estar com muitos dos meus amigos e família. E foi muito bom. Conversar cara a cara, saber as novidades, pôr a conversa em dia, e até esclarecer mal-entendidos! Sempre a correr, que as férias não são para descansar! Pelo menos, as minhas raramente são. E estas, comprimidas numa mísera semaninha, não foram com toda a certeza.  

Como sempre, a maior parte dos encontros decorreram à volta da mesa e de comida. Conheci sítios novos de que gostei muito - O Prego da Peixaria no Princípe Real e o Loggia no Museu Machado de Castro - e revi alguns onde já fui muitas vezes. Há sítios que associo a pessoas e gosto de manter certas tradições. Para quê perder tempo a decidir onde ir, se o que interessa é a companhia e a conversa? Sei que esta lógica não funciona com certas pessoas, mas certamente que funciona comigo e com a minha amiga N.! 

Pelo meio tive ainda que organizar a festa de anos da Matilde, que já é um clássico ponto de encontro dos amigos de Coimbra no Verão e co-organizar a celebração das Bodas de Ouro dos meus pais, que apesar de ligeiramente atrasada, foi muito especial. Eu e a minha irmã conseguimos fazer-lhes uma festa surpresa, que organizámos mesmo debaixo dos seus narizes, sem eles perceberem nada! Para disfarçar, tivemos que inventar uma grande história, o que é sempre um desafio à nossa imaginação! O que é certo é que não desconfiaram de nada e só perceberam o que se passava no momento em que entraram em casa da minha irmã e tinham à sua espera os seus melhores amigos. Pela minha parte, gostei muito de estar com algumas das pessoas que fizeram parte da minha infância e adolescência e que já não via há muito tempo. 

Depois de uma semana destas, o que precisava era de chegar a casa e descansar. Mas esta semana que agora acaba foi tudo menos relaxada. Eu a trabalhar, todos os dias das 8:30 às 5, e os miúdos todos em casa de férias. Metade das nossas coisas ainda encaixotadas e eu sem tempo nenhum para as arrumar. E o Rui a braços com a sua conferência, que trouxe a Urbana-Champaign a comunidade internacional de Geometria de Poisson! Para além das palestras propriamente ditas que, segundo dizem, correram muito bem, houve vários eventos sociais (um dos quais em nossa casa!), em que tive a oportunidade de estar com várias pessoas que ao longo dos anos se tornaram bons amigos. 

Agora, a palavra de ordem é "desempacotar", que já não aguento mais ver caixotes! E só depois posso, finalmente, pensar em descansar!