O meu fim-de-semana

Uma e outra vez. Nunca me farto!

(Almoçámos aqui e finalmente encontrei um empregrado que sabia tirar um café expresso!)

(3 gerações)

(North Michigan Avenue - The magnificent Mile)

(Não se calou enquanto não foi à Zara fazer compras!)

(Lincoln Park - numa das melhores zonas residenciais de Chicago)

(Esta foi especialmente tirada para actualizar a minha foto do facebook!)

(Praia em pleno Midwest!)

(As nuvens enganam - o tempo esteve espectacular)

1 ano

Foi há exactamente um ano atrás que aqui escrevi estas primeiras palavras:

"Este é o meu novo cantinho, que podem visitar se, e sempre que, quiserem. Não faço ideia o que é que vai daqui sair! O meu desejo é que sirva para encurtar a distância que me separa da família e dos amigos, através da partilha de momentos, de recantos, de pensamentos e do mais que, em cada momento, me der na gana! Com fotografias, muitas fotografias.

O nome – Back and Forth – parece-me um bom resumo da minha vida: Coimbra, Minneapolis, Lisboa, Urbana – 4 cidades, 2 países, 2 continentes, 7 casas, à procura da 8ª! E não vamos ficar por aqui, certamente ... Definitivamente, não somos do estilo sedentário!

Mas por muitas voltas que a nossa vida dê, temos o nosso porto seguro (na verdade, é mais do que um, mas pronto), onde havemos sempre de voltar. Enquanto não voltamos, venham aqui espreitar, para eu matar saudades."

Um ano e mais de 140 posts depois o propósito mantém-se. Escrevo estes pequenos textos para que a família e os amigos se sintam mais próximo de nós e conheçam um pouco desta nossa nova vida. Verifiquei, depois de começar, que este exercício de escrita me tem ajudado a recuperar algumas memórias antigas. Um pensamento puxa outro e, de repente, estou a lembrar-me de coisas que estavam bem enterradas nas profundezas da minha memória. E funciona também como um excelente arquivo. Agora, mas principalmente daqui a uns anos. Tenho a certeza que vai ser bom ter este "auxiliar de memória"! 

Lendo os textos que estão para trás, vejo que muitas coisas aconteceram neste ano que passou: Mudámo-nos para um novo país e uma nova cidade, que vamos conhecendo aos poucos, cada um de nós ao seu ritmo e à sua maneira; Fizemos novos amigos e recebemos a visita de alguns velhos amigos; Passeámos aqui dentro - Chicago, St. Louis, Memphis, Dallas, Austin - e fomos a Portugal, rever a família e os amigos de sempre; Re-comecei a trabalhar, numa área completamente diferente, que me obrigou a sair da minha zona de conforto; Mudámos para uma nova casa. E tudo isto (e muito mais) aqui ficou registado. 

O mundo pula e avança

Daqui a uns dias já não serei a mais recente aquisição do meu departamento! Em menos de 5 meses, saíram 2 pessoas e 3 foram promovidas. Em breve, entrarão 3 novas. Acho que já aqui referi que uma das diferenças entre a realidade americana e a portuguesa é a mobilidade no mercado de trabalho, que naturalmente gera mobilidade em termos gerais. De pessoas e famílias. 

Em Portugal, tradicionalmente, as pessoas não mudam de emprego. Sei que esta realidade está a mudar, mas ainda é a dominante, especialmente nas gerações mais velhas. Eu própria, estive 18 anos no mesmo escritório. Fiz lá o estágio e fiquei. Quase todos os meus amigos estão no mesmo emprego há mais de 2 décadas. Há algumas excepções, umas implicaram mudanças voluntárias, outras nem por isso. Mas em termos gerais, acho que não há muita mobilidade voluntária. Aquela que nasce de uma vontade de mudar e que efectivamente se concretiza.

Aqui, o mercado é bastante mais animado. As minhas 2 colegas que entretanto saíram, uma foi para outro departamento dento da Universidade (uma mudança "fácil"), mas a outra foi para a Universidade da Califórnia. Concorreu a uma posição num gabinete equivalente ao nosso, fizeram-lhe uma proposta e lá foi ela. O tipo que está prestes a chegar, vem do Tennessee. Concorreu, fizeram-lhe uma oferta e ele aceitou, dizendo que precisava de 3 semanas para começar. Duas de pré-aviso no actual emprego e uma para fazer a mudança. Vem com a família - mulher e uma filha pequena. Muito provavelmente vai alugar um apartamento on-line e numa semana muda-se de armas e bagagens para um Estado que fica a 600 km de distância. 

Mudar não é, de per si, uma coisa boa. Quantas vezes a mudança é para pior, o que não traz nada de bom. Mas há qualquer coisa nesta dinâmica de mudança, que eu gosto. Que acho positivo. Que implica crescimento e enriquecimento. Do indivíduo e da comunidade. E o mundo pula e avança.

O mundo é mesmo uma grande aldeia # 2

Chegou mais um português a Urbana-Champaign! Chama-se Nuno e foi contratado pelo departamento de Sports, Recreation and Turism (sim, há um departamento na Universidade com este nome!). Já vive há cerca de 10 anos nos USA e é casado com uma americana, pelo que já está bastante americanizado, mas ainda tem uma boa costela lusa!

Ainda só estivemos uma vez com ele, em casa de amigos comuns, e logo descobrimos que viveu a sua infância e adolescência em Coimbra. Que, como o Rui, andou na Brotero. Onde o seu pai era professor, tal como a mãe do Rui (de certeza que se conheciam). Mas não fica por aqui. Assim que ele disse o nome do pai, o Rui exclamou: "O teu pai foi meu professor! E de certeza que se lembra bem de mim!" Ficámos todos curiosos com esta afirmação mas apesar de instado a explicar porquê, fechou-se em copas ...

Entretanto, ainda não voltámos a estar juntos. Tinhamos combinado um almoço no Domingo passado para o apresentar ao resto da "comunidade lusa", mas uma gripe (dele) adiou os nossos planos. Não sei se é um tipo fixe ou não, se vai fazer parte do nosso grupo de amigos, mas esta coisa de falar a mesma língua cria logo uma ligação especial, mesmo que depois não hajam assim tantas afinidades ou interesses comuns. A ver vamos, que ainda é cedo! 

Um matagal mesmo à nossa porta

Mudámos para a nossa nova casa no final de Julho. Mas logo a seguir fui uma semana a Portugal. Quando voltei, recomecei logo a trabalhar e estava a decorrer a conferência do Rui. Todos os momentos livres foram dedicados à casa - limpar, comprar e montar mobília, arrumar a tralha (e re-arrumar que parece que nunca fica bem à primeira). Depois tivemos que preparar o regresso às aulas e o início da soccer season (sempre muito intensa!). Enfim, tem sido um Verão atribulado e com pouco tempo para nos dedicarmos ao jardim, que neste momento mais parece um matagal. 

Cada dia que passa está pior e nós sem vontade nenhuma de lhe deitar a mão. Jardinagem não é comigo (nem um cacto, sobrevive aos meus cuidados ...) e o Rui está cada vez mais preguiçoso. E, pronto, estamos naquela fase de fechar os olhos, de arranjar desculpas e adiar o problema, à espera que um qualquer milagre o resolva. Sabemos que temos que contratar alguém para tratar dele, mas até isso adiamos. O tempo vai passando e já damos por nós a pensar que se calhar não vale a pena fazer nada até à Primavera. Afinal de contas, vem ai o frio e a neve que se encarregarão de lhe dar um tratamento de choque! Não resolverá o nosso problema, mas de certeza que durante uns meses este matagal terá um aspecto, digamos que, menos vigoroso ...

Mas até lá, ainda temos muito que disfarçar e assobiar para o lado, e fingir que não percebemos que o nosso "jardim" é uma verdadeira nódoa neste quarteirão e nesta rua, onde todos os outros têm um ar tão lindo, verdinho, florido, com relvas aparadas e um ar imaculado. No que respeita à jardinagem, somos mesmo as ovelhas negras cá do sítio! 

9/11

Dois números. Uma data. Tanto significado. Para os americanos tudo mudou. Há o antes e o depois do 11 de Setembro. Ter sido atacado em solo americano, em pleno coração do país, de forma tão devastadora, era até então inimaginável. As repercussões foram (e ainda são) avassaladoras e globais. 

Era um dia de semana. Um dia de trabalho normal. Lembro-me que estava no meu escritório em Lisboa. Não tínhamos televisão, nem rádio e ainda não havia esta mania de estarmos sempre on-line. A certa altura, a meio do dia, recebi um telefonema do meu pai. "Não sabes o que se está a passar? A América está a ser atacada", disse-me ele. Eu, sem parar o que estava a fazer, respondi-lhe:  "Por amor de Deus, estou a trabalhar" (tipo, deixe de ser dramático, que eu tenho mais que fazer). Mas ele insistiu. E lá fomos ver o que se passava. E o que se passava deixou-nos em estado de choque!

Em casa, de férias, a minha filha Mafalda, então com 7 anos, assistiu em directo (e depois, muitas vezes, em diferido) ao embate do 2º avião nas Torres Gémeas. Ao seu desmoronamento e todo o caos que se seguiu. Esteve horas em frente à televisão a absorver tudo o que via. Estava horrorizada, assustada, mas não conseguia deixar de ver. Acho que, de certa maneira, o 11 de Setembro mudou-a para sempre. A forma como começou a ver o mundo. Os seus medos, interesses e  ambições. A sua permanente busca por conhecimento e informação. Talvez tenha sido este acontecimento que despertou a sua paixão e/ou curiosidade pela política, pelas relações internacionais, o médio oriente e o islamismo. Pelo mundo que a rodeia. 

Quem não conhece a Mafalda, pensará que estou a delirar. Afinal de contas, estamos a falar de uma criança de 7 anos. Mas é a mais pura das verdades. E quem a conhece sabe do que estou a falar! A Mafalda nunca foi uma criança "normal". O que quer que seja que "normal" significa. Pela minha parte, à medida que vou envelhecendo vou desconfiando cada vez mais da tão apregoada "normalidade"...

(A Mafalda em Setembro de 2001)

 (E as famosas Torres no longínquo ano de 1993. 
Eu estava grávida da Mafalda. Há quem diga que não há coincidências!)

A nossa sala

Antes e depois. 

Vizinhos

Há lá coisa mais americana do que dar as boas vindas a um vizinho, batendo-lhe à porta com uma apple pie na mão? Quantas vezes vimos variações desta cena no cinema e televisão? Pela minha parte, as cenas deste tipo que melhor recordo são as das Donas de Casa Desesperadas. Nunca fui fã incondicional ou sequer espectadora assídua desta série, mas ao longo dos anos fui vendo episódios soltos e lembro-me bem da chegada de vizinhos novos a Wisteria Lane!

Com menos glamour, mas mais genuinidade (espero!) fomos bem recebidos aqui na nossa nova rua. Ou melhor, no nosso novo quarteirão. Como o nosso bairro é atravessado por ruas paralelas e perpendiculares entre si, formam-se quarteirões que agrupam as casas entre si, formando pequenos núcleos. A nossa rua é muito bonita (uma das mais bonitas de Urbana, atrevo-me a dizer) e o nosso quarteirão parece simpático e muito "arrumadinho". 

Não tivemos direito a apple pie (com muita pena minha) mas fomos presenteados com um frasquinho de doce de mirtilos dos vizinhos do lado esquerdo e um pão fresco (homemade), dos vizinhos do lado direito. Bateram-nos à porta, para se apresentarem, nos darem as boas vindas e disponibilizarem-se para qualquer coisinha que seja preciso! Foi simpático. 

Os vizinhos do lado esquerdo são o Brian e a Briana, um casal jovem (ela mais jovem do que ele, ouvi dizer que foi aluna dele). Têm 2 filhos pequeninos. Ele é professor de Ciência Política na Universidade e ela está em casa. Os vizinhos do lado direito são o Seth e a Wendy. Ele também é professor da Universidade (numa engenharia qualquer) e ela está a fazer o Doutoramento em Literatura. 

Os vizinhos da frente - os Volk - apesar de não nos terem trazido nada, também se vieram apresentar. São um casal mais velho, recém reformados, muito bem dispostos e activos. São donos de uma caravana, que os leva em constantes viagens por esta América fora. Disseram-nos logo que não devemos estranhar se não os vermos por longas temporadas! Nos tempos que correm, ainda bem que avisaram ...

Labor Day

Por estas bandas, a primeira segunda-feira de Setembro é sempre feriado. Comemora-se o "dia do trabalho". Existe desde 1887 e não se celebra no dia 1 de Maio, como na grande maioria dos países, porque o então Presidente Grover Cleveland, que foi quem o instituiu, temeu que a sua celebração em Maio fosse associada ao Massacre de Haymarket, ocorrido um ano antes, no dia 4 de Maio de 1886, em Chicago. 

Nesse dia, uma manifestação de trabalhadores que começou pacífica, em prol da jornada de 8 horas e como protesto pela morte de alguns trabalhadores no dia anterior pela polícia, transformou-se num banho de sangue, quando uma bomba foi lançada contra a polícia, que tentava desmobilizar os manifestantes, matando 7 polícias e 4 civis. Mais tarde, 8 anarquistas foram condenados por conspiração, num julgamento fantoche. As penas foram mais tarde amnistiadas. Infelizmente, o perdão do então Governador do Illinois não veio a tempo de salvar a vida dos 4 condenados que foram enforcados e a daquele que se suicidou na prisão. Diz-se que foi este acontecimento que esteve na génese do Dia do Trabalhador, que hoje se celebra um pouco por todo o mundo.
(http://en.wikipedia.org/wiki/Labor_Day e http://en.wikipedia.org/wiki/Haymarket_affair) 
(Bendita Wikipedia, quem nunca usou que atire a primeira pedra!)

Em 2014, o nosso Labor Day foi bem pacífico. Começou cedo. 

(Com a Matilde a sornar na minha cama)

E depois foi assim:

(O primeiro café a ler as notícias) 

 (Forrei e re-organizei o armário da casa de banho)

(Aproveito para vos provar que não menti - a nossa casa de banho do 1º andar é mesmo cor-de-rosa!)  

(Pendurei algumas molduras pelas paredes da casa, enquanto supervisionava os trabalhos de casa da Matilde)

(Fiz o almoço - atum com massa, salada e morangos)

(Tomei o segundo café do dia, com uma fatia muito fininha do bolo de chocolate que a Mafalda fez ontem)

(Fui ao Supermercado enquanto os miúdos descansavam no sofá)

(Fui comprar uns ténis à Matilde - de caminho deixei o Miguel no treino de futebol)

(Fui levar a Matilde a casa de uma amiga que fez anos e a convidou para jantar e, a seguir, 

fui dar uma voltinha de bicicleta)

(Fiz o jantar e jantámos e acabei o dia sentada no sofá - finalmente! - a ver mais um episódio de House of Cards)

Os mais perspicazes terão reparado que o excelentíssimo marido está completamente ausente deste post - a razão é simples: Está em Espanha, numa conferência - nothing new under the Sun!