quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Será que chegou a minha vez?

Confesso (acho até que já aqui o confessei antes) que sempre tive uma pontinha de inveja das viagens profissionais do meu excelentíssimo marido. Poder ir, de tempos a tempos, sózinha, para outro lugar, com (quase) tudo pago. Deixar para trás as rotinas do dia a dia e as mil e uma coisas que temos que fazer para que tudo e todos funcionem. Deixar para trás, por breves momentos, a família, que adoro, mas que, por vezes (muitas vezes), me cansa, fisica e emocionalmente. Enfim, poder ir. Sózinha. Por uns dias.

Nunca ambicionei viajar tanto e por tanto tempo como o Rui, que viaja várias vezes ao ano e, às vezes, por longos períodos de tempo (1 mês, 2 e até já aconteceu estar fora 3 meses seguidos). Este ano, por exemplo, já foi a Portugal (várias vezes), ao Brasil (1 mês), Canadá, Itália, Holanda, Polónia, Bélgica, Espanha. E isto num ano em que esteve "inactivo" durante quase 2 meses por causa da operação ao joelho em Janeiro. Também nunca ambicionei viajar constantemente, como por exemplo a minha amiga C., que durante bastante tempo, ía a Bruxelas todos os meses, por curtos períodos de tempo. Deve ser uma canseira, sem grande proveito.

O que eu sempre ambicionei foi poder viajar, 1 ou 2 vezes por ano, para lugares diferentes, de preferência interessantes. E acho que chegou a minha vez! Estou em crer que esta minha nova aventura profissional na área de "research administration" (é assim que se chama!) me vai proporcionar isso mesmo. Há uma associação a nível nacional, da qual já faço parte, que promove muitos encontros, conferências, seminários, workshops e coisas do género, e o meu departamento promove activamente (e paga) a nossa participação nestes eventos. 

O primeiro em que me inscreveram vai realizar-se em Houston, Texas, em Dezembro. Vai uma comitiva de 5 pessoas (as 5 mais recentes contratações, sendo que eu, com 6 meses de casa - feitos hoje! - sou a mais antiga), durante 4 dias. Houston é a maior cidade do Texas e a quarta maior dos Estados Unidos (à sua frente está apenas NY, LA e Chicago), pelo que vou poder alimentar a minha costela citadina (adoro grandes cidades). Mas mais importante do que isso, é o facto de ser a Sul, bem a Sul (junto ao Golfo do México) e (espero eu) me ir proporcionar uns dias de calorzinho a poucos dias do início do Inverno que, este ano no Midwest, promete voltar a ser gélido.

domingo, 26 de outubro de 2014

Amazing Matilde

Não foi nada fácil. Há 1 ano atrás, chorou várias vezes com saudades das amigas que ficaram em Portugal. Perguntou várias vezes se não podíamos voltar. Há 1 ano atrás, chorou várias vezes porque não percebia tudo o que diziam nas aulas e não conseguia participar em algumas actividades. Há 1 ano atrás chorou várias vezes porque não tinha amigas, porque não conseguia falar com as colegas. E sempre que ela chorava, a minha vontade era chorar também. O meu coração ficava apertado e a minha cabeça cheia de dúvidas. 

Felizmente, nem tudo era feito de choro. Este acontecia principalmente à noite, naquele momento antes de dormir. Como eu costumo dizer, a noite torna os problemas gigantescos. Depois, quando o dia nasce, tudo adquire a sua normal dimensão e o que parecia intransponível, afinal está ali  perfeitamente ao nosso alcance! 

Mas mesmo à luz do dia não foi fácil. Mas ela não desistiu. Trabalhou muito. E tanta gente ajudou. Os professores, principalmente a professora e a tutora de Inglês, cuja disciplina era (é) o seu maior desafio. A nossa amiga Dana, que lhe deu apoio a Matemática e a Ciências. Os pais das colegas, que lhe davam sempre uma atenção especial e tinham sempre uma palavra de incentivo. E ao fim de algum tempo, o que antes parecia muito difícil, aconteceu. Aprendeu a língua, a nova escola tornou-se familiar, as colegas tornaram-se amigas. Acabou o ano com boas notas e completamente integrada. 

Este ano, quando começou o novo ano lectivo, parecia peixe dentro de água. Estava no seu habitat! Desde que o ano começou que está completamente por sua conta. Sem apoios  especiais, com excepção da tutora de inglês que mantém. Na Sexta-feira passada, foram as reuniões do meio do período e o feedback dos professores não podia ser melhor. Como é que é possível que esta seja a miúda que há 1 ano atrás mal conseguia falar? A professora de inglês chama-lhe the amazing Matilde

 (Na apresentação de um trabalho na escola)

 (Com a tutora de Inglês)

 (Com a Dana a fazer o TPC de Matemática)

 (Com a amiga Lily)

(Com a amiga Clara)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Movie Night

Pela mão dos nossos amigos catalães, Sara e Victor, juntámo-nos a um grupo que se reúne periodicamente, em casa uns dos outros, para ver um filme. Sem periodicidade regular, mas sempre que as nossas complicadas agendas (e as complicadas agendas dos nossos filhos) o permitem, o casal (que se voluntaria para ser) anfitrião escolhe o filme. Há sempre, claro, petiscos e bebidas, com que todos generosamente contribuem, que nos vão entretendo noite dentro.

A primeira vez que fomos convidados, os anfitriões foram a Sara e o Victor e a escolha do filme ficou a cargo dele, um especialista na matéria (há muitos anos que trabalha na área do audiovisual e, em Barcelona, tinha uma empresa produtora e distribuidora de filmes). Vimos um filme que eu não conhecia, chamado Night on Earth, que conta 5 histórias, independentes entre si, que se passam na mesma noite, durante uma viagem de táxi, em 5 cidades diferentes (Los Angeles, New York, Paris, Roma e Helsínquia). Em cada história, os personagens são o/a motorista do táxi e o(s) seu(s) passageiro(s). Ficamos apenas a conhecer fragmentos da vida destas personagens. O resto, a sua vida para além daquela noite e daquela conversa, fica a cargo da nossa imaginação. A música é de Tom Waits! 

No Domingo passado, foi a nossa vez. Uns dias antes começámos a pensar que filme gostaríamos de ver. Não queríamos escolher um filme muito recente que ainda estivesse fresquinho na cabeca de todos nós (ou, pelo menos, de alguns). Não queriamos um filme muito pesado e/ou violento, que a noite era para descontrair.  Optámos por um filme de 2005, que na altura gostámos muito, que há algum tempo queríamos rever e que passou despercebido a muita gente - Good Night and Good Luck. Um filme do George Clooney, sobre a luta travada, nos anos 50, pela estação de televisão CBS e um punhado de jornalistas idealistas, para denunciar alguns casos e os métodos do Senador McCarthy (representado pelo próprio com recurso a gravações da época) na sua incansável luta contra os "milhares de  comunistas" (e alguns homossexuais) que segundo ele apodreciam a nação americana. Esta "campanha" da CBS, liderada pelo jornalista Edward Morrow ajudou a que MacCarthy fosse alvo de um (raro) voto de censura no Senado dos USA, que foi o início do seu fim.

É um excelente filme (e uma aula de história), a preto e branco, intimista e inspirador, muito bem filmado, e que conta com a prestação de um punhado de excelentes actores, entre os quais o próprio Clooney, Robert Downey Jr., Patricia Clarkson, Jeff Daniels e David Starthairn, no papel de Ed Murrow. Modéstia à parte (que fui eu que tive a ideia), acho que foi uma excelente escolha. Nenhum dos nossos convidados o tinha visto e penso que todos gostaram de o ver! E nós gostámos de o rever!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Aqui está ele, de novo e em força

O Outono! 

Todos os anos é a mesma coisa e todos os anos me surpreendo com estas cores espectaculares com que a natureza nos presenteia, como se merecessemos este tratamento VIP. Logo nós que a tratamos tão mal.




Os últimos dias têm sido de sol e temperaturas amenas. Uma luz que quase rivaliza com a de Lisboa ... Mas de vez em quando lá vem um dia mais frio, para nos lembrar que a seguir ao Outono, vem o Inverno. Nada a fazer! E parece que por estas bandas, este vai ser outra vez rigoroso. Até lá, é aproveitar que o que é bom não dura sempre!  

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

The Judge

No Domingo passado fomos ao cinema ver o filme The Judge, com o Robert Downey Jr. e o Robert Duvall (e a Vera Farmiga e o Billy Bob Thornton) e gostei! A história não é propriamente muito original - pai e filho com uma relação complicada e há muito afastados um do outro, reaproximam-se quando o pai (juíz numa pequena cidade do Indiana) é acusado de homicídio e o filho (advogado criminal de sucesso em Chicago) assegura a sua defesa. Mas está muito bem contada. E na era dos filmes de acção, que exploram o fantástico e/ou a ficção científica até ao limite, é tão bom poder ver uma boa human story.

A história começa em Chicago e rapidamente nos apercebemos que temos pela frente um daqueles típicos advogados bem sucedidos, que não olha a meios para defender os seus clientes de colarinho branco, cuja culpa no cartório é mais do que evidente, e cuja dedicação à profissão o leva a negligenciar a mulher e a filha, caminhando a passos largos para um divórcio que se prevê pouco amistoso. Entretanto, recebe a notícia da morte da mãe, o que o obriga a iniciar uma penosa viagem de regresso à sua cidadezinha Natal no Indiana, onde há muito não vai e onde não tem o menor desejo de ir. Este regresso leva-o de volta à casa da sua infância, à família e à namoradinha do liceu, e dá-lhe a oportunidade de fazer as pazes com o passado que o atormenta.

E mais não digo, para não vos estragar o programa. Deixo algumas imagens:
(No tribunal)
 
(Com a família)


 (Com a antiga namorada)

terça-feira, 14 de outubro de 2014

De emigrante para emigrante

Temos um amigo que está prestes a emigrar. Vai numa situação muito diferente daquela em que nós viemos: Nós viemos por opção; ele vai por necessidade. Nós viemos em família; ele vai sózinho e deixa a sua família em Portugal. Nós viemos para os Estados Unidos; ele vai para Angola. Tenho a certeza que as nossas experiências vão ser muito diferentes, mas há coisas por que todos os que tomam esta decisão de partir passam, no matter what.

Emigrar é uma aventura, com mais ou menos riscos. É um salto no desconhecido, que nos obriga a deixar a nossa zona de conforto, as nossas rotinas, as nossas pessoas e os nossos sítios. Nos primeiros dias, parece que andamos anestesiados. É tudo novo. Não paramos. Somos engolidos pelas mil e uma coisas que temos que tratar. Não temos muito tempo para pensar e muito menos para mergulhar em grandes divagações existenciais. 

Depois, a poeira assenta. Começamos a ter tempo para olhar à nossa volta. Começamos a criar pequenas rotinas, a conhecer este novo sítio e novas pessoas. A pouco e pouco. De vez em quando, quando as coisas não correm tão bem, ou quando temos um momento de mais calma ou solidão, lá nos vem aquela dúvida: Mas, o que é que eu estou aqui a fazer? Onde é que eu estava com a cabeça? Estes são momentos decisivos. Não podemos  deixar que estes pensamentos nos dominem, que cresçam dentro de nós. Afinal de contas, é muito fácil romantizar o que ficou para trás.

Estou em crer que o factor decisivo nesta aventura é a nossa capacidade de olhar para fora. De nos integrarmos nesta nova comunidade. De termos disponibilidade mental para sentirmos como nossos, a nova casa, o novo bairro, a nova cidade. Não ter medo de conhecer pessoas, fazer novos amigos. Tudo isto dá trabalho. Nada é garantido. Mas o pior que podemos fazer é fecharmo-nos. Dentro de nós próprios ou de quatro paredes. E é tão fácil nos dias que correm cair nessa tentação. Acharmos que nos bastam as redes sociais, o mundo virtual e os amigos que estão à distância de um clic. Nem que seja porque é o mais fácil e cómodo. Nada de mais errado, ainda que tudo isto tenha as suas inegáveis vantagens, sem as quais, na verdade, já nem me imagino a viver! 

Uma coisa é certa, aos poucos, as rotinas instalam-se. Tudo à nossa volta nos começa a parecer familiar. Cada vez mais familiar. A nossa casa, a nossa rua, os vizinhos, o supermercado, o café. E é aí que começamos a sentir que a ordem se restabeleceu e, com ela, vem uma enorme paz de espírito.

Posto isto, querido amigo R. desejo-te tudo de bom nesta nova aventura. Se e quando as coisas estiverem mais negras, lembra-te que é sempre possível ver o copo meio cheio. E que os amigos de sempre estão mesmo à distância de um clic.

sábado, 11 de outubro de 2014

Só mesmo com um ficheiro excel é que isto lá ía!

Se há coisa que ainda não conseguimos foi "americanizar" os nossos horários do final de dia. Não jantamos às seis da tarde e não vamos para a cama às dez da noite! Continuamos a jantar entre as oito e as nove, o que muitas vezes faz derrapar a hora de ir para a cama da Matilde (já não consigo controlar a "hora de ir para a cama" dos outros!), que tem amigas que vão para a cama quando ela se está a sentar à mesa.

E isto causa-me um pequeno problema televisivo. Não consigo ver nenhuma das minhas séries em tempo real, pois todas elas são transmitidas precisamente à nossa hora de jantar! E se há regra sagrada aqui em casa é a televisão estar desligada à hora das refeições, coisa que aqui até nem levanta grandes objeções, uma vez que as salas são separadas e a televisão não é visível da sala de jantar! Em Lisboa, tínhamos uma pequena televisão na cozinha/zona de refeições e, às vezes, era preciso ter pulso para a desligar quando nos sentávamos para comer. Tive que conceder algumas vezes, confesso, quando estava a dar um daqueles jogos de futebol mesmo muito importantes!

Felizmente vivemos na era das "boxes", senão acho que os horários americanos iriam mesmo prevalecer nesta casa. A bem ou a mal! Pois se há coisa que não perco são as minhas séries televisivas favoritas. E elas aí estão em força. Depois de um longo interregno no verão, recomeçou The Good Wife, Parenthood, Scandal, The Middle. Começou uma que estamos também a ver e a gostar - Madam Secretary (há quem diga que foi uma encomenda da Hillary Clinton, mas devem ser as habituais más línguas!). E depois temos as séries disponíveis no Netflix. Destas, para já, estamos a ver House of Cards. Enfim,  nem sei para onde me virar! Mas esta coisa de poder ver quando nos apetece é mais difícil de gerir. Nunca sei o que já vi e o que ainda falta ver. Só mesmo com um ficheiro excel é que isto lá ía.  Mas pronto, ainda não cheguei a esse estadio de desenvolvimento!

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Queria ser igual a todas as outras

No outro dia, li algures uma mãe a lamentar que a filha se recusava a levar para a escola uma qualquer peça de roupa fora do vulgar, porque não queria dar nas vistas. Não queria ser, nem parecer, diferente das outras meninas. A mãe, claro, ainda tentou argumentar que cada pessoa é uma pessoa e que a diversidade é uma coisa boa. Mas a miúda queria ser igual a todas as outras. E isso soou-me estranhamente familiar. Recuei no tempo, e voltei à minha escola primária, em S. Martinho do Bispo. 

Quando fui para a 1ª classe (em 1972 ou 73), antes da aula começar, tínhamos que rezar. Todos os dias, todos de pé, ao lado da respectiva carteira. Ora eu, filha de pai ateu, que não ía à missa, nem à catequese, não sabia rezar. Nada. Nem o Pai Nosso ou a Avé Maria. Mas todos os dias, me levantava e fingia que rezava. Mexia os lábios, como se estivesse a dizer a mesma lenga-lenga que todos os outros e "rezava" para que ninguém reparasse que eu não fazia a mínima ideia do que era suposto estar a dizer. 

Era a única que ao Sábado à tarde não ía à catequese e não gostava nada de ser diferente. Ou, pelo menos, de me sentir diferente. Na altura, não falei do assunto com ninguém. Não falava disso com as minhas amigas, porque isso implicava assumir que era diferente e não falava do assunto em casa para não dar um desgosto ao meu pai. 

Mas calma, pessoal, nada disto me traumatizou! Tanto quanto me lembro, a reza rapidamente passou à história (deve ter sido com o 25 de Abril!) e não foi preciso muito tempo para perceber que, afinal, eu era alvo de inveja entre as minhas amigas. Era a única que ao Sábado não tinha que apanhar seca na catequese! 

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A isto se chama auto-confiança

Este semestre o Rui está a dar uma cadeira do curso de pós-graduação. É uma daquelas cadeiras "básicas" que todos os estudantes de Doutoramento em Matemática têm que fazer. No início de Agosto, antes das aulas começarem, recebeu um e-mail de um miúdo que ía começar, este ano, o 1º ano da licenciatura - um caloiro, portanto.

Apresentou-se e perguntou-lhe se podia fazer a cadeira dele. O Rui respondeu-lhe que não, que a cadeira que ele ía dar era uma cadeira demasiado avançada e que não fazia sentido estar a fazê-la no 1º ano. Pensou, claro, que o assunto ficava arrumado. Mas no dia seguinte, recebeu novo e-mail do dito aluno. Desta vez, um looooongo e-mail onde ele explicava porque razão queria fazer a cadeira dele, e porque achava que a conseguiria fazer. 

O Rui respondeu-lhe em 2 linhas - só pelo trabalho que ele tinha tido a escrever aquele e-mail, merecia poder inscrever-se na cadeira. No 1º dia de aulas, antes da aula começar, lá apareceu o miúdo a perguntar-lhe se ele estava mesmo a falar a sério, se podia mesmo fazer a cadeira. E o Rui disse-lhe que sim.

Lá ficou e voltou todos os dias dessa semana. No final dessa primeira semana,  foi ter com o Rui no final da aula e perguntou-lhe se ele não poderia dar a matéria a um ritmo um bocadinho mais rápido. Estava a ir muito lentamente! E segundo o Rui não é show off. O miúdo é esperto e percebe bem o que por ali se está a fazer. Se calhar o mesmo não poderá ser dito de alguns alunos de doutoramento que lá estão por direito próprio ...

E isto é mais um exemplo da liberdade que existe nas Universidades Americanas na escolha das cadeiras que se fazem. Imagine-se em Portugal um aluno tentar fazer no 1º ano uma cadeira do curso de Doutoramento, ou até uma cadeira da licenciatura, mas de um ano mais avançado? Aposto que a resposta seria - "O sistema não permite". Aqui basta o respectivo professor autorizar. Naturalmente que aqui também há regras e se este aluno quiser obter o seu Major em Matemática terá de fazer um certo número de cadeiras obrigatórias (que provavelmente fará de olhos fechados ...), mas ainda assim há uma grande liberdade na composição do currículo e na escolha das cadeiras, o que permite, de certa maneira, personalizar o curso, aproximando-o, dentro do possível, daquilo que são os gostos e os interesses de cada um. 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Dentro da cabeça de uma mulher

A velocidade com que passamos de um pensamento para outro, num encadeamento nem sempre perceptível ou sequer lógico, é verdadeiramente avassalador. Num minuto apenas, somos capazes de construir vários enredos, de fazer inveja aos realizadores mais criativos. Acontece-me muitas vezes dar por mim a pensar: Porque é que estou a pensar nisto? De onde é que esta ideia me veio? Como é que aqui cheguei?

Morreu recentemente o pai de uns amigos nossos de Coimbra e dei por mim a pensar que recentemente temos "perdido" alguns funerais. E daí pus-me a pensar que há 20 anos atrás, quando aqui vivemos pela primeira vez, perdemos vários casamentos de amigos. E depois os baptizados da miudagem que foi nascendo. E que loucura, alguns destes miúdos, a cujos baptizados faltámos, já são adultos, alunos universitários. Como é que é possível? E parece que vão todos para Farmácia. Será que Farmácia é o Direito do Século XXI? E nem percebo porquê, parece que o negócio das farmácias já teve melhores dias. Olha a prima do Rui que há 10 anos atrás trabalhava onde queria e agora está desempregada. Mas eles lá sabem. Ou então não ... E será que ao menos têm um Bar tão fixe com nós tinhamos em Direito? Com os melhores (e mais oleosos) pastéis de carne de que há memória. E por falar em pastéis de carne, ainda bem que o Daniel nos deu a provar aquelas empanadilhas do Farmer´s Market. Quentinhas são uma delícia. Será que vai haver na festa de anos da Beatriz? Está quase. De certeza que o Daniel não se vai esquecer do sucesso que elas fizeram no último almoço em sua casa. Esta semana, sem falta, tenho que telefonar à Cecília para ver se ela quer comprar qualquer coisa em conjunto, sempre dá para comprar alguma coisa melhor. E ela sempre deve ter alguma boa ideia, que eu já dei para prendas de bebé. Há demasiado tempo que não jogo nesse campeonato. E ainda bem. Tão bom podermos ir ao cinema sem ter que arranjar baby-sitter ... 

E por aí fora. Num encadeamento (quase) infinito. Até que algo ou alguém nos interrompe a divagação com alguma coisa do tipo, "Mãe, sabes onde está o carregador do meu telemóvel? Tenho a certeza que estava aqui." E logo agora que estava a pensar que filme gostaria de ir ver este fim-de-semana ...