terça-feira, 13 de junho de 2017

Summer Camp

Esta semana, a Matilde está num Summer Camp com uma amiga, num parque que fica a cerca de 50 Km de Urbana. 




E sempre que a levo lá mergulho num daqueles episódios de nostalgia aguda, que inviavelmente originam nos meus filhos um enorme revirar de olhos e aquela expressão que é um misto de puro enfado com umas pinceladas de gozo.

A primeira vez que a Matilde passou uma  noite em Allerton foi em Setembro de 2013, pouco mais de 1 mês depois de termos aqui chegado. E desde essa altura que tem ido todos os anos. Primeiro foi com a antiga escola que todos os anos faz uma espécie de "retiro" no início do ano lectivo para que as novas alunas conheçam o resto das colegas e as antigas se re-encontrem antes do início formal das aulas. O ano passado e este ano foi para um Summer Camp.

Lembro-me como se fosse hoje, a primeira vez que a deixei lá e voltei para casa de coração apertado. A Matilde tinha então 10 anos, não conhecia ninguém, praticamente não falava inglês e percebia muito pouco do que lhe diziam. Mas nunca disse que não queria ficar, não exteriorizou nenhum nervosismo quando me despedi e vim embora, e quando no dia seguinte voltei para a ir buscar, encontrei-a de sorriso no rosto. Desde esse dia e durante aqueles primeiros meses fez um esforço gigante para se enturmar, mesmo quando à noite chorava de saudades das amigas de Portugal e de frustração porque os obstáculos e as dificuldades pareciam inultrapassáveis. 


Tantas vezes lhe disse que iria chegar o dia em que ela se iria sentir completamente à vontade com o inglês. Que chegaria o dia em que falar em inglês lhe iria ser mais natural do que falar em português. Que chegaria o dia em que iria pensar e sonhar em inglês. Ela não acreditava, mas claro que a mãe tinha razão! E esse dia, já chegou. O inglês está a tornar-se a sua primeira língua. Acho que é inevitável, quando a escola e toda a sua vida social é feita em inglês. E se em relação ao português falado a coisa ainda está sob controlo, pois falamos português em casa, o português escrito está a ficar cada vez mais para trás, e é muito difícil combater isso.
 Raramente escreve em português e já não gosta de ler em português e eu, confesso, pouco tenho feito para remar contra a maré. 

2 comentários:

  1. Passo por essa situação há muitos anos.
    Com a agravante de o português ser para elas uma terceira língua - inglês, chinês (cantonês, sobretudo) e só depois o português.
    Às vezes tenho que fazer um esforço quase quixotesco para não as deixar esquecer o português.

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  2. O domínio das duas línguas - faladas e escritas, é um investimento no futuro. Se ela conseguir manter-se bilingue é uma mais valia. Mas para tal tem de dominar ambas as línguas totalmente. Se adicionar uma terceira então... terá muito «valor» no mercado profissional.

    Que bom que a adaptação está a correr às mil maravilhas ;)

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