quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Os últimos dias do ano

Uns dias em Lisboa, com amigos e parte da família. Que luz e que sol!


(Fomos à Portugália, mesmo ali à beira Tejo, ao lado do Padrão dos Descobrimentos. 
O Miguel estava com desejos de comer 1 bitoque e eu de ver o rio)

 (Os primos na noite de Natal em casa do avô João)


Depois, uns dias em Coimbra. Mais amigos e o resto da família. 


(Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, com o Sol quase a esconder-se)


(O rio Mondego)

(Amigas)

(Os primos em casa dos avós na Bencanta)

Faltam poucas horas para o ano acabar. Vão ser passadas com os amigos de sempre em Cernache. Afinal de contas, em equipa que ganha não se mexe! Um bom ano para todos!


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Uma chegada pouco auspiciosa

Depois de uma viagem muito looooonga, que nos trouxe de Urbana-Champaign até Lisboa, com passagem por Chicago e Viena, e que durou cerca de 18 horas, há lá coisa melhor do que sair do aeroporto e desembocar na 2ª circular em dia de jogo do Benfica e compras de Natal no Colombo? 

Pois foi o que nos aconteceu e que me ía deixando à beira de um ataque de nervos, que só não se consumou porque a minha mente estava demasiado ocupada a tentar controlar o gigantesco enjoo que o constante pára-arranca e frenéticas mudanças de faixa de rodagem, numa tentativa vã de fintar o caos instalado à nossa frente, me provocou.

Mas pronto, já lá vai. Depois da tempestade, veio a bonança e agora é só mesmo aproveitar a família e os amigos, o sol maravilhoso de Lisboa e as iguarias com que nos têm presenteado, que infelizmente ainda não incluíram um belo de um polvo à lagareiro, com que sonho acordada. Literalmente!

Para todos, um Bom Natal e um Próspero (que palavra horrorosa) Ano Novo!  



sábado, 20 de dezembro de 2014

Talvez um dia

Eu seja uma daquelas pessoas que ainda o mês de Dezembro vem longe e já têm todas as prendas de Natal compradas! Desconfio sempre que é mentira e apetece-me logo dar-lhes um murro no nariz. Mas normalmente, fico-me pelo sorriso amarelo e uma exclamação qualquer que demonstra a minha (falsa) admiração.

Ou uma daquelas pessoas que um belo dia decidem ir ao centro comercial mais próximo e, cheias de imaginação e inspiração, compram as prendas todas de uma assentada, como se fosse o exercício mais banal do mundo. 

Ou ainda uma daquelas que decide comprar tudo online ou, pura e simplesmente, não comprar prendas a ninguém, e dá o dinheiro a uma qualquer instituição de apoio social.

Tudo estádios da evolução humana a que ainda não cheguei. Eu tenho que pensar muito e demoradamente sobre o assunto, tenho que fazer listas, tenho que me deslocar a várias lojas, uma em cada ponta da cidade, muitas vezes para chegar à brilhante conclusão de que a minha ideia genial final não o era. 

Neste momento, a umas horas de entrar no primeiro avião de regresso a Portugal, já só desejo conseguir comprar a prenda que me falta (a última é sempre a mais difícil) no aeroporto de Viena, onde vamos fazer escala!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Dezembro

O mês de Dezembro arrasa-me! Esta semana, para além da preparação para as férias de Natal, que implicam uma viagem transatlântica da família inteira, está recheada de eventos.  No meu trabalho, na escola da Matilde e com amigos. Winter Arts Festival, Cookie exchange, Movie night, Glogg time, festejos e despedidas. Pequenos-almoços, almoços e jantares. Muitas trocas de prendinhas, que é preciso primeiro comprar e embrulhar. E as prendas de Natal para comprar. 

E isto é só o começo. Tenho a certeza que as próximas 2 semanas, em Portugal, serão ainda mais intensas. Estaremos uns dias em Lisboa, antes do Natal e depois em Coimbra, entre o Natal e o Ano Novo. Tenho que arranjar um calendário especial, só para estes dias. Que a idade pesa e a memória já me atraiçoa! Pode ser que assim não me esqueça de nada, nem de ninguém, não sobreponha eventos e consiga manter a minha sanidade mental!

Dá para perceber que esta época festiva me deixa demasiado stressada? 






domingo, 14 de dezembro de 2014

Houston

Já fui e já voltei. Passaram a correr os meus 3 dias em Houston. Foi bom. Trabalhei sem ter a sensação de que estava a trabalhar. Arejei e descansei das rotinas do dia a dia. Comecei a ler um livro que estava, intocável, há vários meses em cima da minha mesinha de cabeceira. Pus em dia os episódios de uma das minhas séries preferidas de sempre: The Newsroom, que infelizmente está a acabar (o último episódio de sempre será emitido hoje à noite). 

Nem tudo correu da melhor maneira possível. Os dias de viagem foram cansativos. Na ida, estivemos quase 6 horas no aeroporto de Chicago, sendo que 2 delas foi à espera do piloto do avião que ... não apareceu. Na volta, um dos nossos voos foi cancelado, o que obrigou a uma mudança de rota, que atrasou o nosso regresso a casa. Aquele atraso que chateia mesmo!

Não fiquei a conhecer Houston, na verdade quase não saí do hotel em que estava instalada e onde decorria a conferência. Mas fiquei a conhecer melhor os meus companheiros de viagem, pessoas com quem nos últimos meses me cruzei inúmeras vezes no trabalho, mas de quem sabia muito pouco. É sempre uma incógnita e um desafio este convívio "forçado" com pessoas até então quase desconhecidas. Se tivermos sorte, podem-se criar cumplicidades duradouras. Mas isso só o tempo o dirá.

Neste caso, correu bem. A maioria das pessoas revelaram-se  muito fixes! Passámos horas à conversa no bar do hotel, um espaço muito agradável e que se tornou no nosso ponto de encontro. Infelizmente, há sempre uma ovelha negra, neste caso uma colega que deve ter fobia de grupos e que passou o tempo todo a evitar o resto do pessoal! Como é que é possível, num contexto que claramente propicia o convívio, jantar todos os dias sózinha no quarto? Enfim ...

 (Estávamos em plena downtown)

 (Numa daquelas torres enormes)

 (O Bar)

(Holly, Evan and Stephanie - a ovelha negra não ficou na foto!)

E cá por casa parece que também correu tudo bem. A minha ausência não provocou nenhuma hecatombe. Afinal, parece que não sou insubstituível!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Um Sábado robótico!

Todos os anos, no primeiro semestre, a escola da Matilde oferece robótica como actividade extra-curricular. No ano passado, achámos melhor ela não participar, tendo em conta que (quase) toda a sua energia era canalizada para a aprendizagem do inglês. E a última coisa que ela precisava era de mais uma fonte de esforço e stress. Este ano, ultrapassada que está a barreira da língua, quis participar e anda toda entusiasma.

É uma actividade exigente e intensa, que decorre tendo em vista a participação numa competição, que começa por ser local. Depois, para um conjunto menor de equipas, será estadual e, finalmente, para um conjunto ainda menor, será nacional. A competição tem várias vertentes, sendo que a mais interessante é, obviamente, a que envolve robótica propriamente dita. Cada equipa tem que construir um robot e programá-lo para fazer uma série de tarefas predeterminadas.

No fim de semana passado foi a competição local - aquela que reúne as equipas de Urbana-Champaign. Centenas de miúdos, muitas equipas (cerca de 30), e um programa intenso. A equipa da escola da Matilde era composta por 8 miúdas - a única equipa exclusivamente feminina! A maioria das equipas era mista, mas com predominância de rapazes, e algumas, em menor número, eram exclusivamente masculinas. Provavelmente não será ainda esta a geração que vai quebrar com o domínio masculino (pelo menos em quantidade) nas áreas da engenharia e tecnologias ...

A equipa da Matilde arrasou! Ficou muito bem classificada e avançou para a competição a nível estadual, que será em Janeiro. Way to go, girls!





sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Sinais da minha (aparente) americanização # 4

Comer sem usar a faca!

É verdade, os americanos (a grande maioria dos americanos) não comem com faca e garfo. Muitos nem sequer sabem como pegar na faca (com a mão direita) e garfo (com a mão esquerda) - ou vice-versa para os canhotos - como nós o fazemos. No início da refeição, se for preciso, pegam na faca e cortam tudo o que há para cortar no prato e depois poisam a faca e comem só com o garfo!  

2 ou 3 dias atrás, tive um almoço de trabalho, pedi um risotto (que estava delicioso) e quando dei por ela, no final da refeição, nem sequer tinha sujado a faca! Em casa os miúdos refilam. Não gostam que eu o faça. Para o Miguel (o Patriótico) é quase como se estivesse a renunciar a uma parte da minha portugalidade!!!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Este post não é sobre Sócrates

Muito se tem escrito sobre um artigo do João Miguel Tavares que saiu no Público (27/11/2914), em que basicamente este defendeu que tem o direito de presumir que Sócrates é culpado, com base no que leu, nos indícios, na sua experiência e na sua memória. E que tem o direito de o escrever.

Eu não iria tão longe, mas num ponto importante concordo com ele. Uma coisa são as instituições judiciais e outra é o espaço mediático. Os jornais não são os tribunais e os jornalistas não são juízes. E, portanto, as regras que se aplicam a uns e os princípios pelos quais se regem, não são (não podem ser e não devem ser) os mesmos. 

Mal estaríamos se os jornalistas, comentadores e fazedores de opinião tivessem que esperar pela "verdade" judicial para poder informar ou falar sobre determinado caso ou suspeito. Bem podíamos esperar sentados. E mal estaríamos se a investigação jornalística tivesse que passar pelo mesmo crivo da judicial. E com isto não estou a defender que na comunicação social e no espaço público em geral vale tudo. Estou apenas a dizer que os timings, as fontes, o tipo de provas e a ponderação dos indícios de uma investigação jornalística ou de uma coluna/texto de opinião, são necessariamente diferentes das exigências a que têm que obedecer os agentes judiciais.

Sempre que rebenta um escândalo, há uma enorme tendência para diabolizar os jornalistas e a comunicação social. E, pior ainda, para "meter tudo no mesmo saco". Há jornalismo sensacionalista, é verdade, que se instala à porta do tribunal ou do estabelecimento prisional e, à falta de notícias (a maior parte do tempo não acontece nada), vão discorrendo   banalidades, se não mesmo disparates e mostrando as mesmas imagens até à exaustão. 

Mas há muito mais. Na verdade, nos dias que correm, entre os meios tradicionais de comunicação, os blogues e as redes sociais, a quantidade e diversidade de informação e opinião é brutal. E é assim que deve ser. Se alguns se ficam pela manchete do Correio da Manhã ou pelos soundbytes da SIC ou da TVi, paciência. Cada um é livre de consumir a informação que quiser.  Mas não concordo com análises redutoras do que é a comunicação social e não concordo com a visão paternalista de quem acha que o leitor/ouvinte/telespectador não sabe separar o trigo do joio e filtrar a (des)informação com que é bombardeado.

Posto isto, recomendo a quem ainda não o fez, que veja o último Governo Sombra, inteiramente dedicado ao caso Sócrates. Uma prova de que boa informação pode vir nos mais variados formatos! 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Thanksgiving à portuguesa

Este ano o nosso Thanksgiving foi muito pouco americano. Não houve perú, nem puré de batata, nem salada de feijão verde, nem cranberry sauce, nem pumpkin pie. Mas houve creme de cenoura com espinafres, bacalhau no forno com batatinhas assadas (com alecrim), mousse de chocolate, baba de camelo, tarte de maça e cheesecake

Acho que, com excepção da Mafalda, ninguém se importou! Mas vendo bem as coisas ela era a única americana numa mesa de 8. Deve ser por isso! Este ano, connosco, tivemos 2 alunos de doutoramento do Rui e a namorada de 1 deles. Um belga, um chinês e uma espanhola (ou melhor, basca). Foi bom. O bacalhau assado foi um sucesso! As pessoas ficam sempre muito surpreendidas e curiosas com esta nossa tradição de salgar o bacalhau e depois o demolhar antes de o cozinhar. Soa sempre a coisa de outros tempos!

Gosto do Thansgiving. É como se fosse o Natal, mas numa versão mais simples e sem a pressão comercial. As famílias e  os amigos reúnem-se à volta da mesa. Há sempre muita e boa comida. Mas não há enfeites e não há troca de prendas, nem toda a loucura que antecede o momento de as oferecer. As listas, as indecisões, as lojas cheias, os embrulhos, o dinheirão que se gasta.

Este ano estava frio e caiu um pouco de neve. Não muita, mas o suficiente para dar um ar mais branco e mais natalício ao evento. Para o ano há mais (se Deus quiser, como diria a minha avó)!

 (A nossa rua, antes de anoitecer)

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Deve ser do Caraças!

Corre-se muito por estes lados. Há muito espaço, é tudo plano. Vivemos numa zona, perto da Universidade, em que há muitas pessoas jovens. Assim que as temperaturas começam a subir um pouco, há centenas de pessoas a fazer jogging aqui à volta. Todos os dias, a todas as horas, mas principalmente ao fim da tarde. Há de tudo. Há os que não brincam em serviço. Correm com ritmo, com precisão, com postura, como se fossem donos da estrada. Há os que arrastam os pés e se enclinam para a frente, como se fosse a primeira vez. Há os solitários e os que correm em grupo. Durante meses a fio, enchem as ruas. Quando o frio começa a dar um ar da sua graça, começam a trocar as ruas pelos ginásios.

E depois há aqueles que correm na rua, durante (quase) todo o ano. O frio não os intimida. Saio todos os dias de casa antes das 8 da manhã, para ir levar os miúdos à escola, e cruzo-me com alguns. Lá fora estão temperaturas negativas. Como é que é possível que se tenha prazer a fazer tal coisa? Se calhar não têm prazer. Deve ser um vício, uma necessidade do corpo e da mente. Estas pessoas não correm porque está na moda. Ou porque está um lindo dia de sol. Ou porque o amigo vai correr. Correm sempre. Correm porque precisam.

Como faço sempre o mesmo percurso de manhã, há 2 ou 3 pessoas com quem me cruzo com alguma regularidade. Dou por mim a procurá-las. Vão equipadas para o frio. Se deixam a cara à mostra, está vermelha, um vermelho gélido. Da sua boca saem nuvens de vapor. Não têm um ar feliz, ou relaxado. Têm um ar decidido. Estou em crer que depois deste começo sofrido, os seus dias só podem ser bons. Nunca saberei que a mim nunca me deu para isto. Mas a sensação de acabar uma corrida destas e tomar um banho quente deve ser do caraças!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Não há regra sem excepção

O Miguel fez 16 anos e oferecemos-lhe (nós e os meus pais) uma televisão para o quarto dele, algo que vai contra o que sempre defendi. Sempre achei que não era boa política ter várias televisões em casa, muito menos nos quartos. Deve haver uma televisão em casa e todos temos que a partilhar, num exercício familiar que nos obriga a negociar, fazer concessões e a respeitar os outros. (Na verdade, esta regra já tinha sido anteriormente violada. No Restelo, tínhamos uma pequena televisão na cozinha, que servia essencialmente para eu ver as notícias enquando estava a cozinhar, e que nunca competiu seriamente com a televisão da sala).

Mas isto de educar não é uma linha recta. Nem tudo é preto ou branco. Temos que permanentemente avaliar as circunstâncias e, se necessário, re-avaliar os nossos métodos, as nossas regras e, até, alguns princípios. Os miúdos crescem, o que antes fazia sentido, deixa de fazer. E nós não podemos cair no erro de parar no tempo, de os tratar sempre da mesma maneira.

O Miguel está em plena adolescência. Tem muitos amigos e gosta de estar com eles. Ocasionalmente, já fazem programas, alguns nocturnos. Observando-os, apercebi-me que mais do que ir a sítios públicos, eles gostam mesmo é de se encontrar em casa uns dos outros. É mais confortável. Podem fazer o que realmente gostam: ver filmes e jogar playstation. Pela minha parte também prefiro esta opção! E a nossa casa está sempre disponível. Sempre que querem, vêm. Ultimamente não vinham tanto. A verdade é que a nossa actual casa não têm os atractivos que a anterior tinha. Não havia televisão, nem mesas de jogos no basement. Daí ter decidido que estava na hora de re-avaliar a regra da televisão única. O Miguel sabe que o objectivo é fomentar o convívio, não o isolamento. Acho que vai correr bem. Ele sabe que eu vou estar atenta e que esta nova regra pode mudar a qualquer momento. Entretanto, que aproveite!



sábado, 15 de novembro de 2014

Sweet sixteen

Há 16 anos que é um privilégio ser mãe deste miúdo! 

 (2000)

(2004)

(2009)

(2012)

(2014)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Estes dias


(Ontem ao fim da tarde)

 (Ontem à noite)

(Hoje de manhã)

(Hoje à hora do almoço)

Mesmo que o calendário nos diga que ainda é Outono, aqui por estas bandas o Inverno chegou esta semana. E com tudo a que temos direito: temperaturas negativas e neve! Ainda não caiu nenhum nevão, apenas uns flurries, que derretem ao contacto com o chão, mas já deu para acumular em cima do carro.

Esta neve ainda não traz qualquer problema. Até dá gosto ver. O problema é o frio. Um frio tão frio que parece que corta. Que nos tolhe os movimentos e nos dificulta a respiração. E isto é só um pequeno aperitivo. O prato principal vai chegar em força mais dia menos dia. Por muitos Invernos que se passem nestas terras do Norte, nunca se está preparado para isto! Dia após dia, assim que metemos o nariz fora da porta, ficamos surpreendidos com a intensidade do frio. Como diz a Mafalda: o ser humano não foi feito para viver neste clima! 

(Cliclista prevenido vale por dois!)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Crescente desilusão

Os nossos amigos catalães são fervorosos independentistas. Falam da Catalunha com orgulho e de Madrid com ressentimento e revolta. Falam catalão, têm bandeiras da Catalunha em casa e defendem a causa com paixão. No Domingo, como não puderam votar, juntaram-se com um grupo de estudantes da Catalunha, que conhecem bem e com quem estão frequentemente, e recriaram o seu próprio acto eleitoral. Fizeram uma urna e boletins de voto, numa recriação (quase) perfeita dos originais, e todos simbolicamente castaram o seu voto. Não sei ainda o resultado desta "eleição", mas aposto que o Sim arrasou!

Por isso, segui o referendo de Domingo com mais atenção do que se calhar seguiria se não os conhecesse e foi com uma pontinha de inveja que acompanhei a forma apaixonada e empenhada com que muitos catalães (mais de 2 milhões) apoiaram a sua causa. Prezo muito o acto de votar. Votei sempre que pude. Acho que só assim honramos este enorme privilégio que é viver em Democracia. Em miúda ia com os meus pais votar a S. Martinho do Bispo. Era um dia de festa! Os últimos anos foram uma tristeza. Acho que a última vez que votei com (algum) entusiasmo foi nas Presidenciais de 2006 em que votei no Manuel Alegre. Nas últimas legislativas votei em branco, por total incapacidade de votar em quem quer que seja que se apresentou a votos. Há pessoas/partidos em que não voto por princípio, fora isso tenho alguma latitude, mas há limites! Apesar disso, não concordo minimamente com aqueles que optam por não votar como protesto pelo actual estado das coisas (sorry C.). Para mim, há algo de profundamente errado e contraditório nisso. Infelizmente, parece ser um movimento em crescendo.

Lembro-me que quando foi o referendo sobre o aborto, tinha ido passar o fim de semana a Coimbra (só com os miúdos, que o Rui não estava em Portugal). Voltámos para Lisboa no Domingo, (achava eu que) com tempo mais do que suficiente para ir votar. Mas nesse dia, estava um trânsito diabólico e tínhamos dado boleia a um amigo, que tinha ido de propósito a Coimbra votar. Antes de ir para o Restelo ainda o fomos levar a casa e quando dou por ela, estava no meio de Lisboa e eram quase 7 horas. Devo ter violado umas quantas regras de trânsito, voei até à Ajuda, parei em frente à escola Marquês de Pombal, liguei os 4 piscas e desatei a correr até à sala onde era suposto votar. Cheguei em cima da hora, fui a última a votar na minha mesa de voto, mas votei!

Tento passar este interesse aos meus filhos. Com a Mafalda sei que a causa está ganha. Desde sempre que se interessa por estas coisas. Lembro-me que ainda adolescente seguia as campanhas eleitorais e as eleições com um interesse e conhecimento, muito superior ao da maioria dos eleitores. Votou pela primeira vez aos 18 anos. Em Barack Obama, na Embaixada Americana em Lisboa e vibrou com a sua vitória, apesar de uns meses antes ser uma acérrima apoiante da Hillary Clinton! Os outros dois não parecem tão interessados. Vou ter que me esforçar mais a disfarçar esta minha crescente desilusão, porque o que está em jogo é demasiado importante.

domingo, 9 de novembro de 2014

Uma boa surpresa

Ainda em Setembro recebemos uma carta da escola do Miguel a convidar-nos para a cerimónia de reconhecimento dos melhores alunos da escola no ano passado. Não sabia bem se éramos supostos ir ou não, que isto da adolescência tem muito que se lhe diga, e por isso perguntei ao Miguel, que com um ligeiro encolher dos ombros, disse qualquer coisa do género, "não sei, acho que sim, por mim tudo bem". E lá confirmei a nossa presença. Não pensei mais no assunto, até que o dia chegou. 

Acabei por ir só eu com o Miguel, que o Rui tinha cá um convidado com quem era suposto ir jantar e as irmãs ficaram em casa ocupadas com os seus inúmeros afazeres. Foi no ginásio da escola, onde nunca tinha entrado antes (os jogos de futebol são todos no exterior), que estava tudo engalanado para o evento. Havia muitas famílias e algumas caras conhecidas. A banda e o coro da escola a postos. Muitos convidados especiais e muitos miúdos, felizes e orgulhosos do seu feito. A cerimónia começou como todas por estes lados: ao som do hino nacional, com todos de pé, virados para a bandeira. 

Lá houve os discursos da praxe e as actuações musicais, seguidos da entrega dos prémios aos alunos, que divididos por ano lectivo, foram chamados um a um. Foram muitos os premiados em cada ano - todos os que acabaram o ano com A a todas as disciplinas. Eis senão quando, para ocupar o tempo enquanto estavam a chamar os miúdos do ano anterior ao do Miguel, olho com mais atenção para o livrinho que me tinham dado à entrada. E não é que descobri que o Miguel foi o melhor aluno do seu ano no ano passado! Confesso que me vieram as lágrimas aos olhos, de orgulho. E lá fiquei, toda babada, a ver o meu filho a brilhar! 

(Com os amigos e amigas do futebol, também premiados)

(O livrinho que me fez chorar!) 


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Outono em 3 actos - Aditamento

E não é que a Matilde quis ir apanhar as folhas do nosso jardim! E lá foi. É claro que rapidamente se cansou e me veio pedir ajuda. E lá fui eu fazer o que tinha jurado que me recusava a fazer. Incrível como damos o dito por não dito com a maior das facilidades (não será por acaso que se diz "Nunca digas desta água não beberei", certo?). Enchemos para aí uns 6 ou 7 sacos com folhas (não tinhamos mais) e, olhando para o relvado uns dias depois, não se nota grande diferença. Digo eu. Mas o raio da miúda não desiste e este fim de semana quer ir comprar mais sacos e um ancinho novo, que o que temos é uma verdadeira velharia que estava perdida na garagem desde sei lá eu quando. Ainda agora começou e já sabe reivindicar por melhores condições de trabalho!





quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Halloween, outra vez!

Tenho sempre a sensação que a nossa vida, familiar e colectiva, se organiza em função de uma sucessão de eventos que, ano após ano, se repete, sempre na mesma ordem. Natal, Ano Novo, Carnaval, Páscoa, fim do ano lectivo, férias do Verão, início do ano lectivo, Natal, Ano Novo ... E pelo meio ainda temos o Dia dos Namorados, Dia do Pai, Dia da Mãe, Dia da Criança, dia das bruxas, e por aí fora. Tudo encadeado. Sempre a mesma sequência. E nós vamos saltando de evento em evento, cumprimos os rituais de cada um e esperamos pelo próximo, que está sempre ali ao virar da esquina.
 
A mudança para os Estados Unidos fez com que, no ano passado, muitos destes rituais soassem a novo e diferente. Quer porque o ano lectivo está organizado de maneira diferente, quer porque muitos dos feriados não coincidem com os nossos e as festividades religiosas não giram em torno do calendário católico, a verdade é que os eventos se sucederam sem a cadência habitual, o que trouxe uma lufada de ar fresco, sempre tão bem vinda!

Mas eis que, com uma enorme rapidez, o que era novo e diferente, se torna habitual. E lá volta tudo ao mesmo. Tudo isto porque na semana passada foi o Halloween. Outra vez! (Parece que foi ontem! O tempo passa tão depressa! Ó mãe, pareces a avó a  falar!) E lá cumprimos os rituais. Comprámos a abóbora e os doces, arranjámos o disfarce para a Matilde, que lá foi, com as amigas, de porta em porta, fazer o "trick or treat" da praxe. Desta vez, no bairro onde vive uma das amigas. Eu, em casa, lá fui abrindo a porta aos miúdos aqui do bairro, despachando os doces que tinha comprado. Despachei-os quase todos, mas a Matilde encarregou-se de repor o stock!






 (Não correu mal ...)

(A nossa abóbora, um dia depois de ter ficado à mercê dos esquilos 
que andam numa correria a preparar-se para o Inverno!)

domingo, 2 de novembro de 2014

O Outono em 3 actos!

Acto 1





Acto 2



Acto 3


Nota da redacção: Os sacos que aparecem na última foto não são nossos. Recuso-me a apanhar as folhas que caem no chão. Primeiro, porque são aos milhares. Depois, porque não caem todas de uma vez. Vão caindo. O que torna a tarefa manifestamente inútil. Mas (quase) todos os vizinhos o fazem. Numa luta fatalmente perdida. Já vos disse que, no que respeita ao jardim, somos as ovelhas negras aqui do quarteirão, certo?

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Será que chegou a minha vez?

Confesso (acho até que já aqui o confessei antes) que sempre tive uma pontinha de inveja das viagens profissionais do meu excelentíssimo marido. Poder ir, de tempos a tempos, sózinha, para outro lugar, com (quase) tudo pago. Deixar para trás as rotinas do dia a dia e as mil e uma coisas que temos que fazer para que tudo e todos funcionem. Deixar para trás, por breves momentos, a família, que adoro, mas que, por vezes (muitas vezes), me cansa, fisica e emocionalmente. Enfim, poder ir. Sózinha. Por uns dias.

Nunca ambicionei viajar tanto e por tanto tempo como o Rui, que viaja várias vezes ao ano e, às vezes, por longos períodos de tempo (1 mês, 2 e até já aconteceu estar fora 3 meses seguidos). Este ano, por exemplo, já foi a Portugal (várias vezes), ao Brasil (1 mês), Canadá, Itália, Holanda, Polónia, Bélgica, Espanha. E isto num ano em que esteve "inactivo" durante quase 2 meses por causa da operação ao joelho em Janeiro. Também nunca ambicionei viajar constantemente, como por exemplo a minha amiga C., que durante bastante tempo, ía a Bruxelas todos os meses, por curtos períodos de tempo. Deve ser uma canseira, sem grande proveito.

O que eu sempre ambicionei foi poder viajar, 1 ou 2 vezes por ano, para lugares diferentes, de preferência interessantes. E acho que chegou a minha vez! Estou em crer que esta minha nova aventura profissional na área de "research administration" (é assim que se chama!) me vai proporcionar isso mesmo. Há uma associação a nível nacional, da qual já faço parte, que promove muitos encontros, conferências, seminários, workshops e coisas do género, e o meu departamento promove activamente (e paga) a nossa participação nestes eventos. 

O primeiro em que me inscreveram vai realizar-se em Houston, Texas, em Dezembro. Vai uma comitiva de 5 pessoas (as 5 mais recentes contratações, sendo que eu, com 6 meses de casa - feitos hoje! - sou a mais antiga), durante 4 dias. Houston é a maior cidade do Texas e a quarta maior dos Estados Unidos (à sua frente está apenas NY, LA e Chicago), pelo que vou poder alimentar a minha costela citadina (adoro grandes cidades). Mas mais importante do que isso, é o facto de ser a Sul, bem a Sul (junto ao Golfo do México) e (espero eu) me ir proporcionar uns dias de calorzinho a poucos dias do início do Inverno que, este ano no Midwest, promete voltar a ser gélido.

domingo, 26 de outubro de 2014

Amazing Matilde

Não foi nada fácil. Há 1 ano atrás, chorou várias vezes com saudades das amigas que ficaram em Portugal. Perguntou várias vezes se não podíamos voltar. Há 1 ano atrás, chorou várias vezes porque não percebia tudo o que diziam nas aulas e não conseguia participar em algumas actividades. Há 1 ano atrás chorou várias vezes porque não tinha amigas, porque não conseguia falar com as colegas. E sempre que ela chorava, a minha vontade era chorar também. O meu coração ficava apertado e a minha cabeça cheia de dúvidas. 

Felizmente, nem tudo era feito de choro. Este acontecia principalmente à noite, naquele momento antes de dormir. Como eu costumo dizer, a noite torna os problemas gigantescos. Depois, quando o dia nasce, tudo adquire a sua normal dimensão e o que parecia intransponível, afinal está ali  perfeitamente ao nosso alcance! 

Mas mesmo à luz do dia não foi fácil. Mas ela não desistiu. Trabalhou muito. E tanta gente ajudou. Os professores, principalmente a professora e a tutora de Inglês, cuja disciplina era (é) o seu maior desafio. A nossa amiga Dana, que lhe deu apoio a Matemática e a Ciências. Os pais das colegas, que lhe davam sempre uma atenção especial e tinham sempre uma palavra de incentivo. E ao fim de algum tempo, o que antes parecia muito difícil, aconteceu. Aprendeu a língua, a nova escola tornou-se familiar, as colegas tornaram-se amigas. Acabou o ano com boas notas e completamente integrada. 

Este ano, quando começou o novo ano lectivo, parecia peixe dentro de água. Estava no seu habitat! Desde que o ano começou que está completamente por sua conta. Sem apoios  especiais, com excepção da tutora de inglês que mantém. Na Sexta-feira passada, foram as reuniões do meio do período e o feedback dos professores não podia ser melhor. Como é que é possível que esta seja a miúda que há 1 ano atrás mal conseguia falar? A professora de inglês chama-lhe the amazing Matilde

 (Na apresentação de um trabalho na escola)

 (Com a tutora de Inglês)

 (Com a Dana a fazer o TPC de Matemática)

 (Com a amiga Lily)

(Com a amiga Clara)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Movie Night

Pela mão dos nossos amigos catalães, Sara e Victor, juntámo-nos a um grupo que se reúne periodicamente, em casa uns dos outros, para ver um filme. Sem periodicidade regular, mas sempre que as nossas complicadas agendas (e as complicadas agendas dos nossos filhos) o permitem, o casal (que se voluntaria para ser) anfitrião escolhe o filme. Há sempre, claro, petiscos e bebidas, com que todos generosamente contribuem, que nos vão entretendo noite dentro.

A primeira vez que fomos convidados, os anfitriões foram a Sara e o Victor e a escolha do filme ficou a cargo dele, um especialista na matéria (há muitos anos que trabalha na área do audiovisual e, em Barcelona, tinha uma empresa produtora e distribuidora de filmes). Vimos um filme que eu não conhecia, chamado Night on Earth, que conta 5 histórias, independentes entre si, que se passam na mesma noite, durante uma viagem de táxi, em 5 cidades diferentes (Los Angeles, New York, Paris, Roma e Helsínquia). Em cada história, os personagens são o/a motorista do táxi e o(s) seu(s) passageiro(s). Ficamos apenas a conhecer fragmentos da vida destas personagens. O resto, a sua vida para além daquela noite e daquela conversa, fica a cargo da nossa imaginação. A música é de Tom Waits! 

No Domingo passado, foi a nossa vez. Uns dias antes começámos a pensar que filme gostaríamos de ver. Não queríamos escolher um filme muito recente que ainda estivesse fresquinho na cabeca de todos nós (ou, pelo menos, de alguns). Não queriamos um filme muito pesado e/ou violento, que a noite era para descontrair.  Optámos por um filme de 2005, que na altura gostámos muito, que há algum tempo queríamos rever e que passou despercebido a muita gente - Good Night and Good Luck. Um filme do George Clooney, sobre a luta travada, nos anos 50, pela estação de televisão CBS e um punhado de jornalistas idealistas, para denunciar alguns casos e os métodos do Senador McCarthy (representado pelo próprio com recurso a gravações da época) na sua incansável luta contra os "milhares de  comunistas" (e alguns homossexuais) que segundo ele apodreciam a nação americana. Esta "campanha" da CBS, liderada pelo jornalista Edward Morrow ajudou a que MacCarthy fosse alvo de um (raro) voto de censura no Senado dos USA, que foi o início do seu fim.

É um excelente filme (e uma aula de história), a preto e branco, intimista e inspirador, muito bem filmado, e que conta com a prestação de um punhado de excelentes actores, entre os quais o próprio Clooney, Robert Downey Jr., Patricia Clarkson, Jeff Daniels e David Starthairn, no papel de Ed Murrow. Modéstia à parte (que fui eu que tive a ideia), acho que foi uma excelente escolha. Nenhum dos nossos convidados o tinha visto e penso que todos gostaram de o ver! E nós gostámos de o rever!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Aqui está ele, de novo e em força

O Outono! 

Todos os anos é a mesma coisa e todos os anos me surpreendo com estas cores espectaculares com que a natureza nos presenteia, como se merecessemos este tratamento VIP. Logo nós que a tratamos tão mal.




Os últimos dias têm sido de sol e temperaturas amenas. Uma luz que quase rivaliza com a de Lisboa ... Mas de vez em quando lá vem um dia mais frio, para nos lembrar que a seguir ao Outono, vem o Inverno. Nada a fazer! E parece que por estas bandas, este vai ser outra vez rigoroso. Até lá, é aproveitar que o que é bom não dura sempre!  

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

The Judge

No Domingo passado fomos ao cinema ver o filme The Judge, com o Robert Downey Jr. e o Robert Duvall (e a Vera Farmiga e o Billy Bob Thornton) e gostei! A história não é propriamente muito original - pai e filho com uma relação complicada e há muito afastados um do outro, reaproximam-se quando o pai (juíz numa pequena cidade do Indiana) é acusado de homicídio e o filho (advogado criminal de sucesso em Chicago) assegura a sua defesa. Mas está muito bem contada. E na era dos filmes de acção, que exploram o fantástico e/ou a ficção científica até ao limite, é tão bom poder ver uma boa human story.

A história começa em Chicago e rapidamente nos apercebemos que temos pela frente um daqueles típicos advogados bem sucedidos, que não olha a meios para defender os seus clientes de colarinho branco, cuja culpa no cartório é mais do que evidente, e cuja dedicação à profissão o leva a negligenciar a mulher e a filha, caminhando a passos largos para um divórcio que se prevê pouco amistoso. Entretanto, recebe a notícia da morte da mãe, o que o obriga a iniciar uma penosa viagem de regresso à sua cidadezinha Natal no Indiana, onde há muito não vai e onde não tem o menor desejo de ir. Este regresso leva-o de volta à casa da sua infância, à família e à namoradinha do liceu, e dá-lhe a oportunidade de fazer as pazes com o passado que o atormenta.

E mais não digo, para não vos estragar o programa. Deixo algumas imagens:
(No tribunal)
 
(Com a família)


 (Com a antiga namorada)