Não há volta a dar, espero. Este movimento de denúncia veio para ficar, e já não era sem tempo. Não deve haver mulher no planeta que num momento ou outro da sua vida não se tenha sentido assediada, por palavras, ou actos, mais ou menos violentos. Mas sempre nojentos. Todas temos uma história que poderíamos contar. Num destes dias, na sequência de um destes high profile cases, uma comentadora afirmava isto mesmo num programa de televisão e o Rui virou-se para mim e disse qualquer coisa do género "isto parece-me um bocado exagerado, não achas?".
Não, não acho. E para além das histórias que teremos para contar, há um outro aspecto muito importante, que aos homens raramente passa pela cabeça, que é o impacto que este potencial assédio tem nas nossas vidas diárias. A forma como condiciona o que fazemos, onde vamos, como vamos e por aí fora.
No outro dia, via A Cup of Jo, li um texto sobre isto de que gostei, entitulado Why Women are morbid sometimes?. Gostei porque toca na ferida e me fez pensar e é realmente importante pensar activamente nestas coisas, o que muitas vezes não fazemos porque, infelizmente, muitos destes comportamentos já nos são tão naturais como, por exemplo, apanhar uma coisa do chão quando ela nos cai ou atender o telefone quando ele toca. Falo de coisas tão banais como não entrar, ou hesitar entrar, num elevador onde já está um homem; mudar de passeio na rua porque atrás de si caminha um homem a poucos passos de distância; olhar em redor antes de abrir a porta do prédio para se certificar que não há nenhum homem num raio de X metros; entrar no carro e trancar as portas imediatamente; continuar a conduzir o carro com um pneu furado até casa para não ficar parada num sítio isolado a meio da noite, e por aí fora. É mesmo muito cansativo ser mulher!
Aqui fica o link para o artigo que falei, para quem estiver interessado:
Aqui fica o link para o artigo que falei, para quem estiver interessado:
https://courtneycasto.com/why-women-are-morbid/