sábado, 16 de dezembro de 2017

#MeToo

Não há volta a dar, espero. Este movimento de denúncia veio para ficar, e já não era sem tempo. Não deve haver mulher no planeta que num momento ou outro da sua vida não se tenha sentido assediada, por palavras, ou actos, mais ou menos violentos. Mas sempre nojentos. Todas temos uma história que poderíamos contar. Num destes dias, na sequência de um destes high profile cases, uma comentadora afirmava isto mesmo num programa de televisão e o Rui virou-se para mim e disse qualquer coisa do género "isto parece-me um bocado exagerado, não achas?".

Não, não acho. E para além das histórias que teremos para contar, há um outro aspecto muito importante, que aos homens raramente passa pela cabeça, que é o impacto que este potencial assédio tem nas nossas vidas diárias. A forma como condiciona o que fazemos, onde vamos, como vamos e por aí fora. 

No outro dia, via A Cup of Jo, li um texto sobre isto de que gostei, entitulado Why Women are morbid sometimes?. Gostei porque toca na ferida e me fez pensar e é realmente importante pensar activamente nestas coisas, o que muitas vezes não fazemos porque, infelizmente, muitos destes comportamentos já nos são tão naturais como, por exemplo, apanhar uma coisa do chão quando ela nos cai ou atender o telefone quando ele toca. Falo de coisas tão banais como não entrar, ou hesitar entrar, num elevador onde já está um homem; mudar de passeio na rua porque atrás de si caminha um homem a poucos passos de distância; olhar em redor antes de abrir a porta do prédio para se certificar que não há nenhum homem num raio de X metros; entrar no carro e trancar as portas imediatamente; continuar a conduzir o carro com um pneu furado até casa para não ficar parada num sítio isolado a meio da noite, e por aí fora. É mesmo muito cansativo ser mulher!

Aqui fica o link para o artigo que falei, para quem estiver interessado:

https://courtneycasto.com/why-women-are-morbid/

domingo, 10 de dezembro de 2017

Detalhes natalícios!



Há muito que a Matilde queria fazer uma gingerbread houseEste ano, foi o ano e acho que para primeira experiência não ficou nada mal! Comprámos o kit e ela passou um serão inteiro a montar e decorar a casinha (ao som de música natalícia!). Mas decidimos usá-la apenas para fins decorativos, que a lista dos ingredientes era longa de mais ...




Esta é a (faked) árvore de natal que já nos acompanha há alguns anos, provavelmente desde o Natal de 2013, mas não tenho a certeza absoluta se a comprámos logo no primeiro ano. Sei que não é tão charmosa e bem cheirosa como os pinheiros naturais, mas tem o tamanho ideal para o cantinho que lhe está reservado e não suja a sala!


Todos os anos a Matilde quer que eu compre meias grandes para substituir estas minis que ponho na lareira, mas descobri que dou mais valor a esta coisa da "tradição" do que pensava e já não as consigo substituir sem achar que estou a dar uma facada pelas costas nos últimos 4 Natais!



DIY by Teresa Loja, que atravessou o Atlântico no Verão de 2013 dentro de um contentor. Tradição ao rubro! E que bem que fica na porta principal da nossa casa. 


Mas nem tudo é "velho". Estas são algumas das peças que comprei mais recentemente, com um toque mais moderno e nórdico (nórdico e colorido, quem diria ...). 


E este é o cantinho oposto da prateleira que fica por cima da nossa lareira. Mais umas aquisições recentes que compõem o ramalhete. É sempre engraçado ver como o nosso gosto muda/evolui ao longo dos tempos. Todos os anos há pelo menos mais uma peça que não passa o teste do tempo e acaba por ficar dentro da caixa. 

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Sugestões cinematográficas

Recentemente fomos ao cinema ver 2 filmes de que gostei muito. Duas experiências totalmente diferentes, mas muito boas e que recomendo.

No Thanksgiving consegui "arrastar" a família toda ao cinema, numa rara actividade a 5. Escolher o filme não foi fácil, e o único que obteve o consenso, ainda que com alguma resistência inicial por parte de alguns dos envolvidos, foi o último filme da Pixar, Coco. E a Pixar voltou a não desiludir. A história de Coco centra-se numa família mexicana, que vive numa pequena aldeia no México, e é retratada de uma forma muito cândida e carinhosa, sem recursos aos habituais estereótipos americanos sobre os seus vizinhos do sul. Um filme sobre a família, sonhos, tradições, e a morte (só se morre verdadeiramente quando nenhum vivo se recorda de nós), que se desenvolve em vários graus de complexidade, transformando um filme para crianças num filme que toda a família gosta. Delicioso!

Uns dias mais tarde, fui com uns amigos ver Lady Birth, cuja história se desenrola em Sacramento, cidade considerada (fiquei a saber), o midwest da Califórnia e conta a história de uma adolescente naquela fase de transição entre o fim da High School e a ida para a Universidade, fase que aqui nos Estados Unidos têm um significado muito mais marcante e abrangente do que na Europa, já que representa o momento em que a grande maioria dos jovens saiem de casa dos pais para, regra geral, não mais voltar (excepto para passar férias ou outras visitas ocasionais, normalmente em épocas festivas). Lady Birth, vive no seio de uma família da classe média baixa, com uma mãe de temperamento forte, passivo-agressiva, um pai bonzinho, mas muito mais low profile e uma melhor amiga pouco cool. É um filme mesmo à minha media, sobre pessoas, famílias, relações (familiares, de amizade e amorosas), muito humano, com excelentes representações. 

Ontem, vi na televisão, via Amazon Prime, um filme de que também gostei muito, baseado em factos reais, chamado The Big Sick e que conta a história da relação entre um comediante em ínico de carreira de origem paquistanesa e uma estudante americana. Um choque de culturas, tão complicado de gerir, e que os filhos dos imigrantes sofrem na pele de forma muito marcante - de um lado a família e as tradições do seu país de origem. Do outro lado, os  amigos, a escola e toda a realidade do país em que vivem o seu dia-a-dia e em que estão inseridos de uma forma muito mais profunda do que os pais, que regra geral, conseguem manter um relativo distanciamento.