terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Nós não celebramos o Natal!


Isto de ser de um país em que a esmagadora maioria da população é católica, considerando como católicos não só os praticantes, mas todos aqueles que são culturalmente católicos, faz com que se assuma que todos os que nos rodeiam celebram o Natal, e que portanto, neste momento, estão já imbuídos do espírito natalício que nós tão bem conhecemos e cultivamos! E que é assunto obrigatório em toda e qualquer conversa!

Ora, aqui isso não corresponde minimamente à realidade! Há muitas pessoas e muitas famílias que, não sendo cristãs, não celebram o Natal.  Desde logo, os Muçulmanos e os Judeus, que representam uma  fatia considerável da população.


Um destes dias, estando eu a tomar um café com uma amiga, e a falar sobre a nossa (muito próxima) viagem a Portugal, logo lhe perguntei quais eram os seus planos para o Natal. Se iam viajar, se iam receber a família aqui, quais eram as suas tradições. Ao que ela laconicamente respondeu “we don’t do Christmas”, acrescentando, após uma breve pausa, “we are jews”. Facto que eu sabia, mas que não relacionei ... Como se celebrar o Natal fosse uma realidade universal! 

Tenho que ter mais cuidado, para não ferir susceptibilidades! Mas cheira-me que vou cometer muitas gaffes ... o que deixa o Rui muito nervoso!

Os Judeus não celebram o Natal, mas já celebraram o Hanukkah (entre 27 de Novembro e 5 de Dezembro), que não sendo a mais importante festa judaica, é a que ocorre mais perto do Natal. E por isso, para além do cumprimento das tradições que a caracaterizam (como por exemplo, o progressivo acender do candelabro de nove braços durante os 8 dias que dura o Hanukkah), tem sido também um momento de troca de prendas, principalmente entre as crianças. Que ninguém resiste ao "espírito" da época!

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sábado, 14 de dezembro de 2013

Os estereótipos são lixados


Há uns dias atrás, tomei conhecimento das dificuldades que uma família portuguesa, recém emigrante, tem encontrado na sua nova vida. Da sua tristeza por estar longe, da sua dificuldade em se adaptar à realidade e estilo de vida do país para onde foi, causada sobretudo pela descriminação que insidiosamente os atinge nas coisas mais banais do dia-a-dia. Que os exclui e isola. E estamos a falar de uma família da classe média, que vive numa capital europeia, num país rico e desenvolvido.

E isso fez-me olhar novamente e melhor para a minha/nossa vida. Para a forma como fomos (somos) recebidos e tratados desde que aqui chegámos há 4 meses atrás. A verdade é que desde o primeiro dia me senti muito bem vinda aqui em Urbana. Uma cidadezinha perdida no Midwest americano, em que a maior parte das pessoas pouco ou nada sabem sobre Portugal e os portugueses. Mas isso não é (até agora não foi) motivo para os deixar de pé atrás. Antes pelo contrário. Fazem perguntas. Têm curiosidade.  

As pessoas são muito simpáticas. Arrisco mesmo dizer, excessivamente simpáticas. Confesso que, muitas vezes, não estou à altura de tanta simpatia! Cansa um bocadinho ... É verdade que muitas destas manifestações de simpatia são absolutamente superficiais, não passam de conversa de circunstância, não resistem ao teste do tempo.  

Mas algumas são genuínas.  Vêm de pessoas que nos batem à porta a perguntar se está tudo bem e se precisamos de alguma coisa. Que nos convidam para as suas casas. Que nos querem conhecer melhor. Que nos ajudam a resolver os pequenos problemas do dia-a-dia e, às vezes, as minhas dúvidas existenciais. 

Os professores do Miguel e da Matilde estão genuinamente satisfeitos de os ter nas suas aulas. Por eles e pela diversidade cultural que a sua presença representa. Sobretudo os professores da Matilde têm sido inexcedíveis nos seus esforços para a ajudar, a todos os níveis. Nunca a ignoraram, nunca caíram na tentação de a pôr de lado, por acharem que ela não iria entender o que o resto da turma estava a fazer.  Entusiasmam-se e entusiasmam-na com os seus progressos. Todos os dias.  

E tudo isto se passa na América, supostamente povoada por indivíduos egocêntricos, arrogantes e com a mania da superioridade. De facto, os estereótipos são uma coisa lixada!



quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Duas actualizações

A este post - Frio, frio, muito frio - para vos dizer que hoje de manhã quando o meu despertador tocou, às 7:00 horas, estavam -19º. Agora, 2 horas depois, estão - 16º. E vai ser sempre a subir até aos -4º! Para depois voltar a descer ...

E a este post - Decorações de Natal -  para vos mostrar uma das super-produções natalícias que uma família, que mora não muito longe de nós, ostenta orgulhosamente no seu jardim. Não me canso de lá passar! E pergunto a mim própria, o que será que move estas pessoas? Será prazer ou exibicionismo?




terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Em contagem decrescente

Já estamos em contagem decrescente para as férias do Natal. De hoje a uma semana estarei a fazer as malas e a olhar constantemente para as minhas listas, para ver se não me esqueço de nada. Esforço inglório, eu sei. Esqueço-me sempre de qualquer coisa! Não raras vezes, de coisas importantes. No dia da viagem confirmo vezes sem conta que tenho o bilhete do avião e o passaporte. Tenho este pesadelo recorrente de chegar ao balcãozinho do check-in e, de repente, perceber que não os tenho comigo! E não partir ...

O dia da viagem vai ser muito longo e muito cansativo. Começa com uma viagem de carro, de cerca de 2 horas, de Urbana até Indianapolis, onde vamos apanhar o primeiro avião, que nos levará até Filadélfia. De Filadélfia seguiremos até Amsterdão e depois até Lisboa. No total, serão cerca de 20 horas de viagem (carro, avião e esperas).

Infelizmente, há cada vez menos voos diretos entre Portugal e os Estados Unidos, e do Midwest (de Chicago ou Indianapolis ou St. Louis) não há nenhum. Temos sempre que fazer 1 ou 2 escalas, numa ginástica complicada com o objectivo de conseguir uma viagem o mais curta possível a um preço razoável, que isto de fazer deslocar uma família de 5 não é nada barato!

Mas de certeza que vai compensar! Estamos todos entusiasmados com a ida a Portugal. Vão ser 16 dias intensos, entre Lisboa e Coimbra. Entre a família e os amigos. São muitos os sítios onde queremos ir e muitas as pessoas com quem queremos estar. Muitas almoçaradas e jantaradas. Vai ser bonito, vai!

E já sei que vai saber a pouco. Os dias vão voar. Vamos ter pouco tempo para estar com cada pessoa. Eu vou ter que gerir várias agendas ao mesmo tempo. Leva um, trás o outro. Cada combinação requer sempre vários telefonemas e/ou sms. Já estou cansada e ainda nem as malas fiz! Mas já fiz (quase todas) as compras de Natal! Estou em crer que vou bater o meu recorde!


domingo, 8 de dezembro de 2013

Frio, frio, muito frio


Tem estado muito frio e hoje, finalmente, nevou!



(A nossa rua, a nossa casa, o nosso arbusto)

Nos últimos dias as temperaturas estiveram sempre negativas, de dia e de noite, tendo chegado várias vezes aos -12º. Os dias são curtos, muito curtos. O pôr do sol tem sido por volta das 16:30. Às 17:00 é completamente de noite!

Não dá para andar na rua, excepto o mínimo essencial para nos deslocarmos, de carro, de um lado para o outro e sempre equipados com bons casacos, luvas, gorros e cachecóis. É claro que há sempre os que desafiam as leis da natureza e continuam a andar de bicicleta, ou a sair à rua para passear os cãezinhos ou fumar o seu cigarro!

Mas dentro de casa, as temperaturas estão sempre muito agradáveis (às vezes quentes de mais, como na escola da Matilde onde ela passa o dia de manga curta!), pelo que a vida continua sem grandes sobressaltos. Na verdade, na maior parte do tempo, sente-se menos frio do que em Portugal, onde ainda há muitas casas e espaços públicos que não são aquecidos. 

As aulas e o trabalho acabam cedo. O frio e o anoitecer cedo convidam a ficar em casa. Os serões são longos. Há tempo para tudo.

E tenho que confessar uma coisa, prefiro este frio ao calor excessivo. Aquele calor húmido de Agosto, que me deixa sem energia para fazer o que quer que seja, que me faz sentir peganhenta e rabujenta. Isso sim, deixa-me desesperada, resmungona, impossível de aturar!


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Decorações de Natal

Este ano não vamos fazer a árvore de Natal. Porque teriamos que comprar uma árvore e a respectiva decoração, e daqui a uns meses teriamos mais 1 ou 2 caixotes para mudar! E porque vamos passar o Natal a Portugal, onde espero que as casas estejam devidamente engalanadas para nos receber!

Por outro lado, o presépio que nos tem acompanhado nos últimos anos está encaixotado. E como não faço ideia em que caixote está, nem me atrevo a procurar!

(Por esta altura já todos perceberam a fobia que desenvolvi relativamente ao tema "caixotes", certo?)


(foto do Natal de 2011)

Mas temos algumas (pequenas) decorações de Natal, para tornar a nossa casa um pouco mais Natalícia! Nada que se compare às verdadeiras super-produções que algumas famílias exibem nos seus jardins, fachadas, janelas, telhados, mas enfim ...







Mas não é a mesma coisa! Falta o ritual de fazer a árvore de Natal, que simboliza o início da época Natalícia. Tradicionalmente em nossa casa, fazíamos a árvore de Natal no dia 1 de Dezembro, aproveitando o feriado (bons velhos tempos!).  Aqui, normalmente o pessoal faz a árvore de Natal a seguir ao Thanksgiving. Fazê-la antes é, para muitos, considerada uma inaceitável antecipação do Natal, quase uma ofensa ao Thanksgiving! 

Como se costuma dizer, "cada macaco no seu galho": Outubro é o mês do Halloween; Novembro é o mês do Thanksgiving; e Dezembro, claro, é o mês do Natal! E ainda dizem que há (havia) muitos feriados em Portugal ... Aqui, desde meados de Outubro que tem sido non-stop, acabamos uma celebração e logo temos outra à porta!


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

American High School


O Miguel está a usufruir e a aproveitar em pleno a sua american high school experience!

Para ele a mudança não podia ter sido maior: de um pequeno colégio privado em Lisboa para uma enorme escola secundária pública nos Estados Unidos - Urbana High School. E o rapaz está a aproveitar ao máximo! As óptimas instalações e equipamentos. Os clubes, as actividades extra-curriculares e, claro, o desporto escolar, cuja dimensão e organização não tem qualquer comparação com o que existe em Portugal. É nas escolas que se começam a formar os futuros atletas olímpicos e das ligas profissionais de desporto. Tudo (quase) gratuito, incluindo os livros escolares, que lhe foram entregues no primeiro dia de aulas.

A organização do ensino secundário é completamente diferente. Em primeiro lugar, não se escolhe uma área de estudo, o que para o Miguel foi muito bom, pois estava muito indeciso. Pelo contrário, para obter o high school diploma tem que se completar, ao longo de 4 anos, um conjunto de créditos em todas as áreas do conhecimento. Os críticos deste sistema alegam que os alunos se dispersam demasiado, mas eu continuo a achar que não faz sentido ter que escolher uma área aos 15 anos. É demasiado cedo para fazer uma escolha que vai condicionar enormemente o nosso futuro. 

Depois, a maioria das cadeiras são oferecidas em dois níveis: o normal e o avançado, sendo que para mais tarde se aspirar a ser admitido numa boa universidade é fundamental fazer o nível avançado de todas ou quase todas as cadeiras, com boas notas. Regra geral, trabalha-se mais, há mais trabalhos de casa, mais papers e projectos, mais testes, mas o nível de exigência e profundidade, mesmo nos cursos avançados, é inferior ao que existe em Portugal. O Miguel não está a ter nenhuma dificuldade, apesar de ter “aterrado” aqui há cerca de 4 meses e estar a estudar numa língua que não é a sua língua materna.

Por fim, a organização do horário é completamente individual. Cada aluno tem um counselor que o ajuda a construir o seu horário. Há um conjunto de cadeiras obrigatórias e um enorme leque de opcionais, que cada um escolhe consoante as suas preferências e aptidões. Mas mesmo as cadeiras obrigatórias são oferecidas a diferentes horas, em dois níveis diferentes (normal e avançado), por professores diferentes, pelo que cada aluno escolhe ir à aula que melhor encaixa no seu horário. Isto faz com que não hajam turmas fixas. O Miguel tem cada uma das suas aulas com pessoas diferentes, ou seja, com aquelas que escolheram ter a mesma disciplina à mesma hora e ao mesmo nível. Alguns colegas coincidem em mais do que uma aula, mas a maioria não. A grande desvantagem deste sistema é a maior dificuldade em conhecer os colegas e fazer amigos. Por isso, no início, foi fundamental ter entrado na equipa de futebol. Foi aí que fez os primeiros e, até agora, melhores amigos. Claro que com o passar do tempo, vai conhecendo outras pessoas e diversificando as suas amizades. Sem problemas também nesta frente!



A Mafalda teve alguns colegas da Secundária do Restelo que estudaram durante um ano lectivo nos Estados Unidos através de um programa de intercâmbio que se chama AFS -  http://www.intercultura-afs.pt/estudar-no-estrangeiro//. Vale a pena dar uma vista de olhos!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Sinais da minha (aparente) americanização # 2


Chegar a casa de alguém e (naturalmente) descalçar os sapatos à entrada!