Tenho sempre muito cuidado quando aqui falo dela. Ela não gosta muito que o faça e eu respeito. Normalmente, acha que o que eu escrevo são banalidades, sem interesse. É muito difícil atingir a sua fasquia. Está demasiado alta. O que nem sempre lhe facilita a vida. Mas ela não quer ter uma vida fácil. Na entrada da sua antiga escola no Restelo, estava uma frase, que era o seu mote - "Escola difícil, vida fácil". A sua reacção imediata foi "Mas eu não quero ter uma vida fácil".
Dizer que é inteligente é um understatement! Foi sempre a melhor aluna das escolas que frequentou. No ano em que entrou na Universidade em Lisboa, foi a primeira colocada em Economia, na Nova, o que lhe valeu uma bolsa de mérito. Aqui já integrou o Honors Program de Political Science. Mas não é só o conhecimento académico que a atrai. Tem um prazer genuíno em saber, busca informação sobre (quase) tudo.
Tem uma enorme atracção pelas grandes tragédias da humanidade. Sabe mais sobre o Holocausto, ou o genocídio no Ruanda, ou outra qualquer tragédia desta dimensão, do que a grande maioria das pessoas que eu conheço. Gosta de filosofica e de política, tem um fascínio pelo Médio Oriente. Quando uma vez lhe perguntei quem é a pessoa que ela mais admira, quem ela gostaria de ser, se podesse escolher, ela não precisou de pensar muito para responder "Hannah Arendt".
Ao fim de 21 anos, olho para ela e acho que só conheço uma pequenina parte do que ela é. Sempre foi exímia na arte de controlar a informação sobre si e a sua vida. Só conta o mínimo essencial. O resto, diz, faz parte da sua esfera privada. Quando era pequenina ainda dava para contornar. Observando-a, fazendo uma ou outra pergunta, de forma (aparentemente) desinteressada, falando com as pessoas que a rodeavam. Agora é bem mais difícil. Agora só sei mesmo o que ela deixa que se saiba, porque não há subtileza que ela não perceba imediatamente.
A nossa coabitação não é fácil. Chocamos. Fazemos faísca muito facilmente. A sua total displicência em relação às coisas práticas do dia-a-dia, seja manter o quarto arrumado, dobrar a roupa, pôr a louça suja na máquina, e por aí fora, deixa-me frequentemente num estado de irritação total! Dizem que a culpa é minha, que sempre lhe fiz (quase) tudo. Devem ter razão.
Ela não gosta muito que aqui fale dela. Mas hoje é uma excepção. Ela faz 21 anos! Parabéns, Mafalda!
Dizer que é inteligente é um understatement! Foi sempre a melhor aluna das escolas que frequentou. No ano em que entrou na Universidade em Lisboa, foi a primeira colocada em Economia, na Nova, o que lhe valeu uma bolsa de mérito. Aqui já integrou o Honors Program de Political Science. Mas não é só o conhecimento académico que a atrai. Tem um prazer genuíno em saber, busca informação sobre (quase) tudo.
Tem uma enorme atracção pelas grandes tragédias da humanidade. Sabe mais sobre o Holocausto, ou o genocídio no Ruanda, ou outra qualquer tragédia desta dimensão, do que a grande maioria das pessoas que eu conheço. Gosta de filosofica e de política, tem um fascínio pelo Médio Oriente. Quando uma vez lhe perguntei quem é a pessoa que ela mais admira, quem ela gostaria de ser, se podesse escolher, ela não precisou de pensar muito para responder "Hannah Arendt".
Ao fim de 21 anos, olho para ela e acho que só conheço uma pequenina parte do que ela é. Sempre foi exímia na arte de controlar a informação sobre si e a sua vida. Só conta o mínimo essencial. O resto, diz, faz parte da sua esfera privada. Quando era pequenina ainda dava para contornar. Observando-a, fazendo uma ou outra pergunta, de forma (aparentemente) desinteressada, falando com as pessoas que a rodeavam. Agora é bem mais difícil. Agora só sei mesmo o que ela deixa que se saiba, porque não há subtileza que ela não perceba imediatamente.
A nossa coabitação não é fácil. Chocamos. Fazemos faísca muito facilmente. A sua total displicência em relação às coisas práticas do dia-a-dia, seja manter o quarto arrumado, dobrar a roupa, pôr a louça suja na máquina, e por aí fora, deixa-me frequentemente num estado de irritação total! Dizem que a culpa é minha, que sempre lhe fiz (quase) tudo. Devem ter razão.
Ela não gosta muito que aqui fale dela. Mas hoje é uma excepção. Ela faz 21 anos! Parabéns, Mafalda!