sábado, 31 de janeiro de 2015

A minha filha maior faz hoje 21 anos

Tenho sempre muito cuidado quando aqui falo dela. Ela não gosta muito que o faça e eu respeito. Normalmente, acha que o que eu escrevo são banalidades, sem interesse. É muito difícil atingir a sua fasquia. Está demasiado alta. O que nem sempre lhe facilita a vida. Mas ela não quer ter uma vida fácil. Na entrada da sua antiga escola no Restelo, estava uma frase, que era o seu mote - "Escola difícil, vida fácil". A sua reacção imediata foi "Mas eu não quero ter uma vida fácil".

Dizer que é inteligente é um understatement! Foi sempre a melhor aluna das escolas que frequentou. No ano em que entrou na Universidade em Lisboa, foi a primeira colocada em Economia, na Nova, o que lhe valeu uma bolsa de mérito. Aqui já integrou o Honors Program de Political Science. Mas não é só o conhecimento académico que a atrai. Tem um prazer genuíno em saber, busca informação sobre (quase) tudo.

Tem uma enorme atracção pelas grandes tragédias da humanidade. Sabe mais sobre o Holocausto, ou o genocídio no Ruanda, ou outra qualquer tragédia desta dimensão, do que a grande maioria das pessoas que eu conheço. Gosta de filosofica e de política, tem um fascínio pelo Médio Oriente. Quando uma vez lhe perguntei quem é a pessoa que ela mais admira, quem ela gostaria de ser, se podesse escolher, ela não precisou de pensar muito para responder "Hannah Arendt".    

Ao fim de 21 anos, olho para ela e acho que só conheço uma pequenina parte do que ela é. Sempre foi exímia na arte de controlar a informação sobre si e a sua vida. Só conta o mínimo essencial. O resto, diz, faz parte da sua esfera privada. Quando era pequenina ainda dava para contornar. Observando-a, fazendo uma ou outra pergunta, de forma (aparentemente) desinteressada, falando com as pessoas que a rodeavam. Agora é bem mais difícil. Agora só sei mesmo o que ela deixa que se saiba, porque não há subtileza que ela não perceba imediatamente.

A nossa coabitação não é fácil. Chocamos. Fazemos faísca muito facilmente. A sua total displicência em relação às coisas práticas do dia-a-dia, seja manter o quarto arrumado, dobrar a roupa, pôr a louça suja na máquina, e por aí fora, deixa-me frequentemente num estado de irritação total! Dizem que a culpa é minha, que sempre lhe fiz (quase) tudo. Devem ter razão. 

Ela não gosta muito que aqui fale dela. Mas hoje é uma excepção. Ela faz 21 anos! Parabéns, Mafalda!



sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sinais do nosso patriotismo!

Não temos uma bandeira portuguesa hasteada no nosso jardim, mas temos esta aguarela emoldurada na nossa sala! Não é bem esta, que a nossa tem o coração em Lisboa, a nossa cidade durante 19 anos! 




Chama-se "Portugal Love" e é da autoria de uma artista local! A nossa amiga Cecília descobriu o seu trabalho, por acaso, no Verão passado, numa feira de arte e artesanato e, entretanto, descobrimos que vende as suas aguarelas no Etsy. Tem desenhos de quase todos os estados americanos e de muitos países do mundo. Quem tiver curiosidade pode espreitar em: https://www.etsy.com/shop/poppyandpinecone


sábado, 24 de janeiro de 2015

49 - O melhor do meu dia!

Acordar e ter muuuuuitas mensagens de parabéns à minha espera! E-mail, Facebook, Messenger, WhatsApp. A diferença horária ajudou. Quando acordei, a maior parte dos meus amigos já ia com meio dia de avanço! Num primeiro momento, quando, ainda deitada, peguei no telefone, assustei-me. Que raio terá acontecido, pensei. Mas rapidamente caí em mim, que ainda não estou assim tão senil!

Chegar ao meu gabinete e encontrá-lo decorado para a ocasião! 




Terminar o meu dia de trabalho ao meio-dia. Não trabalhar no dia dos meus anos é uma ambição antiga, que no passado, por razões várias, nunca consegui concretizar. Mas agora que sou trabalhadora por conta de outrém, "meti" meio dia de férias. E soube muito bem!

Ir buscar a Matilde à escola às 3 da tarde (coisa que desde que comecei a trabalhar não mais consegui fazer) e irmos comer um frozen yogurt (programa escolhido por ela)! Quem disse que no Inverno não se comem gelados?



Chegar a casa ainda de dia, encontrar os meus filhotes mais velhos na "ronha", que era Sexta-feira, juntar-me a eles e ficar, sem pressas, a beber um café enquanto fazia zapping pelos jornais do dia e os meus blogues preferidos.

No final do dia, ir jantar fora, com a família e o Daniele. A escolha do restaurante não foi brilhante (mea culpa), mas a conversa foi boa e animada. Às vezes parecemos uma grande família Italiana, o que foi confirmado pelo Napolitano presente!

Para o ano há mais, e não direi melhor que o grande 5-0, neste momento, ainda se me apresenta demasiado assustador! 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A importância da geografia

O nosso amigo Daniele, italiano de Nápoles, é casado com a Maria, Colombiana. Conheceram-se na Holanda, onde ele estava a fazer um pós-doutoramento e ela o Doutoramento. Actualmente, vivem no Rio de Janeiro, onde trabalham. Casaram-se no Verão passado e estão agora a planear a sua lua-de-mel. Gostavam de ir ao Japão. 

O Daniele, que está connosco uns dias, tem andado a pesquisar as viagens, na busca de uma que combine um bom percurso a um custo razoável. Não é fácil, claro, e no caso deles, há um obstáculo adicional. A Maria, que viaja com passaporte da Colômbia, tem que obrigatoriamente ter visto para entrar em quase todos os países do mundo, até para fazer uma simples escala nos aeroportos desses países! O que é uma grande chatice. Não só pela burocracia que envolve, mas também pelos custos, já que muitos países cobram quantias consideráveis pela emissão de vistos. E ter que o fazer só para poder fazer uma escala num aeroporto deve ser uma grande frustração!

Não deve ser fácil ser uma pessoa de bem oriunda de um país com má reputação. Não há como escapar aos olhares desconfiados, ou aos processos mais ou menos kafkianos. Segundo o Daniele, sempre que ele viaja com a mulher, é certo e sabido que, nos aeroportos, são sempre alvo de  interrogatórios mais demorados e incisivos, muitas vezes com passagens por salas pouco convidativas, invariavelmente ocupadas por gente oriunda das zonas problemáticas do globo. Nunca sabem bem o que pode acontecer. 

É nestas alturas que agradeço vir de um país europeu, de brandos costumes, que pertence ao espaço Schengen. É nestas alturas que agradeço a nossa geografia, que nos permite entrar, sair e circular por (quase) todo o lado, sem grandes preocupações ou constrangimentos. 


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

De volta à rotina

Regressámos das nossas férias em Portugal faz amanhã 2 semanas. Estes primeiros dias de volta à rotina têm sido muito calmos. Ajuda sermos só 3 em casa. É menos gente a comer, a desarrumar a casa, a sujar roupa, a transportar de um lado para o outro, a competir pelo comando da televisão. Ajuda sermos nós os 3! Com excepção de uma (pequena e rapidamente controlada) birra da Matilde por causa de um trabalho de casa, não houve discussões, nem berrarias, nem amuos, nem braços de ferro. Ajuda os meus 2 filhos mais novos terem muito bom feitio! Têm sido dias muito calmos.

Hoje à noite, volto a ter a casa cheia. Chegam o Rui e a Mafalda, e um colega do Rui/amigo nosso que vai ficar connosco 2 semanas. Todos ao mesmo tempo. Já me estou a preparar psicologicamente para a nova rotina! Bem mais exigente e stressante. Mas também mais animada. Mas não vai ser ainda a "nossa" rotina. Por esta, ainda vamos ter que esperar mais uns dias.

Ter um "estranho" em casa não é fácil, ainda que seja um amigo, possuidor de um dos melhores bons feitios que conheço! Não deixa de ser um "outsider", que "invade" a nossa privacidade, com quem necessariamente fazemos alguma cerimónia e que nos obriga a pensar 2 vezes antes de falarmos e/ou agirmos. O que, se calhar, até é uma coisa boa, que às vezes perco/perdemos as estribeiras por coisas demasiado banais!

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A primogénita. O sandwich. A eterna bebé.



Quando ainda era filha única! Durante um passeio na Tapada de Mafra, em Novembro de 1997, exactamente 1 ano antes de o Miguel nascer. Tinha quase 4 anos. 



Quando ainda era o filho mais novo! No Porto Santo, no verão de 2000. Tinha quase 2 anos.





Nunca foi filha única, mas será sempre a filha mais nova! Em nossa casa, em Miraflores, com quase 1 ano.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Será que consigo?

São muitas as promessas e resoluções que se fazem no início de cada ano, coisa que raramente faço. Não sei bem porquê, logo eu que gosto tanto de listas. Ainda há poucos dias uma amiga referiu que tinha começado o ano cheia de propósitos, todos muito positivos, sendo que um deles é deixar de fumar. 

Assim, contagiada por este espírito, tentei nestes últimos dias identificar uma mão cheia de coisas que gostaria de fazer acontecer neste novo ano. Coisas pequenas, concretas, fazíveis, que estivessem ao meu alcance e que, a concretizarem-se, representariam pequenas mudanças para melhor na minha/nossa vida. 

Aqui fica, então, a minha pequena e modesta lista de desejos a concretizar em 2015, sem qualquer ordem especial:

1. Dormir mais. Pelo menos 7 horas por noite. Ir para a cama a horas razoáveis, antes daquele momento em que, sentada/deitada no sofá, mais pareço uma zombie de comando na mão a fazer zappings quase de forma inconsciente. 

2. Levantar-me todos os dias úteis da semana 10 minutos mais cedo. Todos os dias, o meu despertador toca às 6:30 e invariavelmente fico na cama até, pelo menos, as 6:45 e depois é uma correria, que me deixa stressada logo de manhã. Mas parece que o corpo está preso à cama, que há uma força superior a comandar os meus movimentos e que me impede de levantar quando o despertador toca. Provavelmente, se conseguir concretizar o desejo n.º 1, seja mais fácil concretizar este!

3. Gastar menos água a tomar banho. No fim do duche fico sempre um tempo infinito debaixo do chuveiro, a sentir a água muito quente a cair-me nas costas. Adoro. Acho que é uma forma de terapia. Infelizmente, nada benéfica para a minha pele, a minha carteira e o ambiente. 

4. Fazer uma panela de sopa, pelo menos, 1 vez por semana e comer menos carne vermelha. Mais uma vez a minha/nossa saúde agradece e (no caso da carne vermelha) o ambiente também. A sopa é uma forma fácil de comer legumes variados, é saudável e todos gostam cá em casa. Quanto a comer menos carne vermelha, por mim, não teria qualquer problema em o fazer. No verão passado estive mais de 1 mês sozinha e durante todo esse tempo não comi uma única vez carne vermelha. Não me fez falta nenhuma. Na verdade, senti-me muito bem. Mas cá em casa não será fácil, que há algumas pessoas que gostam muito de um bom bife!

5. Recomeçar a ir ao ginásio. Preciso mesmo. Preciso muito. E até tenho um incentivo adicional. Como muitos saberão não gosto de cozinhar e refilo muito porque tenho que o fazer todos os dias. Há umas semanas atrás, ainda antes das férias do Natal, estava eu a tentar negociar com o Rui ele começar a cozinhar pelo menos 1 vez por semana, quando ele declara, sem qualquer hesitação, que não se importa nada de cozinhar todos os dias da semana ... ... que eu for ao ginásio! Diabos me carreguem, se não é desta que a coisa vai!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Não sei bem se deva rir ou chorar ...

Hoje de manhã, ao ler o Observador constatei que os distritos de Lisboa e Setúbal estavam, esta segunda-feira, sob aviso amarelo, o terceiro mais grave de uma escala de quatro, devido à previsão de tempo frio. Fui ver que temperatura fazia em Lisboa e, se não me engano, estavam 8º ou 9º C. E assim esteve toda a tarde. 

Por aqui, apesar de não termos sido brindados com nenhum aviso colorido, estava um bocadito mais frio. Felizmente, ao longo do dia a temperatura foi subindo ...

 (Quando saí de casa de manhã para levar o Miguel à escola e ir trabalhar)

 (A meio da manhã)

 (À hora do almoço)

(Ao fim do dia, no regresso a casa)

Esta noite, prevê-se que caia o primeiro grande nevão da época. Espero, sinceramente, que seja um falso alarme, que ainda não estou psicologicamente preparada para tal. É que a neve dá trabalho! E na Quarta-feira as temperaturas previstas variam entre a máxima de -17 º e a mínima de - 22º. Acho que vou mesmo chorar.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Os meus companheiros de viagem

(Aeroporto de Chicago - 3 de Janeiro de 2015)


Tenho viajado muito com eles. Só com eles. Assim o tem ditado a nossa (des)organização familiar. E tem corrido muito bem. Estão crescidos e ajudam em tudo. Carregam malas com destreza; Correm quando estamos com pressa; Sabem procurar e encontrar as informações que precisamos; Sabem ocupar o tempo morto nos aeroportos e aviões; Não fazem fitas porque detestam a comida dos aviões ou porque estão exaustos e cheios de sono ou fartos de esperar. Descomplicam, conversam e riem. 

Nem tudo é perfeito, claro. Implicam um com o outro; Deitam-se sobre mim nos aviões, para dormir (ou para tentar dormir) obrigando-me a ficar entalada e sem me poder mexer mais tempo do que o desejável e que me parece sempre uma eternidade; Censuram-me sem hesitações ou complacência quando acham que não tomo a melhor decisão ou não faço as perguntas certas; Quando me irrito e barafusto com os outros por isto ou por aquilo; Quando não lhes respondo imediatamente ou não satisfaço os seus desejos. Apesar de tudo isto, são uns excelentes companheiros de viagem! 

Ainda ontem acabámos de chegar de mais uma grande viagem. Maior do que esperávamos. Quase 23 horas desde que entrámos no aeroporto de Lisboa até chegarmos ao aeroporto de Chicago. O avião de Frankfurt para NY atrasou e perdemos a ligação para Chicago. Mas ainda conseguimos vir num dos últimos voos. Chegámos exaustos e cheios de sono. Felizmente, porque íamos chegar ao fim do dia, tinha reservado um quarto no hotel que há dentro do aeroporto, para descansarmos antes da última etapa da viagem que nos traria até Urbana. E foi o melhor que fiz. Soube tão bem, mas tão bem mesmo, chegar ao aeroporto e ir directamente para o hotel! 
  
De manhã, fresquinhos que nem uma alface, fomos levantar o carro e lá partimos com destino a Urbana, com uma breve paragem no Ikea, para nos abastecermos de bens essenciais! Afinal de contas, há que começar bem o ano!

Comida boa

Perguntam-me muitas vezes quais são as comidas típicas portuguesas e nunca sei bem o que responder. Digo que se come muito bem; que há muita variedade; que a base de quase tudo é o azeite, a cebola e o alho; lá refiro, claro, o bacalhau e as mil e uma maneiras de o cozinhar. Mas não é fácil descrever a gastronomia portuguesa ou sequer identificar um ou dois pratos que verdadeiramente a caracterizem. Qualquer resposta peca sempre por ser muito redutora. 

Nestas curtas férias do Natal, comi muito e muito bem. Dentro e fora de casa. Em Lisboa, mas principalmente em Coimbra, que a minha mãe é uma excelente cozinheira! Aqui ficam algumas das iguarias "tipicamente"  portuguesas que degustei com prazer nestas férias:

Lombo assado com castanhas, grelos e batatinhas
Polvo à lagareiro
Bacalhau (de muitas maneiras)
Açorda com alheira e com peixe frito (em momentos diferentes!!!)
Filetes de peixe espada com arroz
Ervilhas guisadas com chouriço e ovos escalfados 
Perú recheado

Outras coisas que comi com igual prazer:
Pão (principalmente da Vénus)
Croissants do Careca 
Croquetes, folhadinhos de alheira e espinafres, chamuças
Coscorões

Depois disto tudo (e muito mais), há que fechar a matraca, recomeçar as idas ao ginásio e rezar para que a minha força de vontade não seja do tamanho de um grão de bico que não há corpo que aguente!