quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A idade de ouro

Num dos últimos fins de semana, veio jantar connosco o casal em casa de quem vivemos o nosso primeiro ano em Urbana. Não são nossos amigos do peito, mas são pessoas com quem gostamos de estar ocasionalmente. A conversa é sempre interessante, quer se fale de política, do mundo académico, dos filhos, de comida, de viagens ou do vizinho do lado! E desta vez não foi excepção. Parte da conversa girou em torno da grande mudança que, em breve, a sua vida vai sofrer, já que decidiram que se vão reformar, ele já no final do ano civil, ela no final do ano lectivo.

E decidiram reformar-se por várias razões. Primeiro por uma razão muito prática, já que mudanças anunciadas no sistema de reforma no Estado do Illinois tornam mais vantajoso para eles fazê-lo agora do que daqui a 2 ou 3 anos. Depois porque já lá vão 30 anos desde que começaram a trabalhar, sempre aqui na University of Illinois, o que naturalmente gera um certo cansaço. Porque têm vontade de fazer outras coisas, sendo que são ambos suficientemente activos nas suas áreas para continuarem a trabalhar em novos projectos mesmo depois de oficialmente reformados. Porque os filhos cresceram, saíram de casa e vivem longe. O filho vive no New Mexico e a filha em New York

O seu plano é vender a casa de família e comprar duas mais pequenas. Uma em Rhode Island, perto do mar e da filha. Outra em Albuquerque, perto do filho e dos netos. No Inverno, quando o frio e a neve se abaterem sobre a Nordeste, rumarão a Sul em busca do Sol e de temperaturas mais amenas. E eu fiquei a pensar (mais uma vez) que é isto mesmo que eu quero. 

Reformar-me ainda capaz, fisica e mentalmente. Poder viajar regularmanente para visitar a família e os amigos, que, tenho a certeza, cada vez estarão mais dispersos. Ou simplesmente para fugir para o calor se estiver com frio e vice-versa (que às vezes o calor atrapalha-me mais do que o frio). Dizem que não vamos ter reformas para isto. Que vamos ter que trabalhar até mais tarde e que, quando finalmente nos reformarmos, será com muito menos dinheiro do que aquele que usufruimos agora em plena vida activa. Dizem tudo isto, mas eu não acredito. Felizmente, ainda tenho uns anitos pela frente para "cair na real", ou para arranjar um plano B.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Se dúvidas houvesse ...

Quem me conhece sabe, e eu já aqui o disse mais do que uma vez, que sou "ligeiramente" paranóica com a arrumação e limpeza da casa, o que muitas vezes deixa a minha família (e, às vezes, até a mim própria, confesso) à beira de um ataque de nervos. E esta minha característica (qualidade ou defeito???) torna-se por demais evidente neste país, onde reina uma certa "descontracção" (to say the least) no que respeita à limpeza e arrumação da casa.

Por causa desta minha mania, a nossa casa nunca tem aquele ar descontraídamente desarrumado, prova de que aqui vivem pessoas de carne e osso. Não, tudo está sempre no seu lugar, basicamente porque eu ando sistematicamente atrás das pessoas de carne e osso que aqui moram, a arrumar o que elas lá vão desarrumando! Tenho consciência de que sou um bocadinho insuportável, mas é assim e até já os avisei várias vezes que estas merdas só pioram com a idade ...

Aqui há umas semanas atrás voluntariei-me para organizar 2 jantares da equipa de futebol do Miguel, um dos muitos eventos que acontecem todos os anos durante a época para promover a camaradagem entre os jogadores! Confesso que quando me voluntariei não me apercebi que não estava só a voluntariar o meu trabalho, mas também a minha casa! E quando me apercebi disso era tarde demais para recuar!

O primeiro desses jantares foi na Segunda-feira passada e, descontando os elevados índices de ruído, que devem ter deixado alguns transeuntos curiosos sobre o que se passava naquela casa, até correu muito bem. Vários pais forneceram a comida e as bebidas e eu forneci a casa e a logística. Eram para cima de 25 alminhas, entre jogadores, treinadores e managers, sendo que mais de 95% destes eram rapazes com idades compreendidas entre os 15 e os 17 anos! Foi das 7 até quase às 10 da noite (que no dia seguinte era dia de escola). E muito pouco tempo depois dos últimos saírem não havia qualquer vestígio da sua passagem cá por casa, descontando alguns restos de comida e algumas bebidas já guardados no frigorifico. E digo-vos uma coisa, só alguém com muita experiência em limpar e arrumar conseguiria esta proeza!





 

domingo, 13 de setembro de 2015

Fui promovida!!!

É verdade, meus amigos, desde o passado dia 8 de Setembro que sou Senior Award Negotiator

Há cerca de 2 meses atrás e na sequência da demissão de uma colega que se mudou com a família para a Califórnia, abriu uma vaga para a posição de "Senior" no meu Gabinete. Foi decidido que seria aberto um concurso exclusivamente interno, pelo que os possíveis candidatos seriam apenas os actuais Award Negotiators. Sinceramente, nem sequer me passou pela cabeça concorrer. Por um lado, porque ainda não me sinto nada "senior" neste lugar, e por outro lado porque tenho uma colega que era a candidata natural ao lugar, por ter mais anos de experiência, ser muito competente e por, na verdade, ter o perfil ideal para a posição em causa.

A minha supervisora ainda me tentou convencer de que deveria concorrer. Que não perdia nada por isso, que apesar de ser nova neste trabalho, tenho muita experiência, que nunca se sabe, e porque, porque, porque... Eu mantive-me na minha, e disse-lhe que não. Que era muito cedo e que a Missy (a minha referida colega) merecia o lugar. E assim arrumei o assunto. Pensava eu.  

Literalmente, 15 minutos antes da deadline, a directora entrou no meu gabinete e disse-me para eu concorrer. Que não perdia nada por isso, que apesar de ser nova neste trabalho, tenho muita experiência, que nunca se sabe, e porque (e esta era a novidade) possivelmente iriam conseguir promover não uma, mas duas pessoas. E lá concorri. Preenchi o formulário a correr, actualizei o meu CV e mandei tudo. Mais tarde, já depois das férias, fiz a entrevista e, na passada terça-feira comunicaram-me que tinha conseguido um dos lugares. A Missy conseguiu o outro. It was a good day!
 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

We are the champions

Um torneio, dois dias, três jogos e ganharam a taça!







Estavam pouco confiantes. Sentiam a equipa desfalcada, sem as estrelas do ano passado, os seniors que terminaram o secundário em Maio passado e agora se estão a fazer à vida, na Universidade, Community Colleges ou noutro sítio qualquer. Começaram mornos, empataram o jogo de Sexta-feira, que teve que ser decidido em penalties. Tiveram sorte. Falharam menos. Já no Sábado, ganharam o primeiro jogo por 3-1 e o segundo por 7-2. Ao mesmo tempo, o seu mais directo rival perdia o seu último jogo por 2-0 no campo ao lado. Acabaram com um enorme sorriso nos lábios e mais confiança nas suas capacidades. Agora é descansar, que o próximo jogo é já amanhã. Isto mais parece o campeonato inglês!


sábado, 5 de setembro de 2015

Um mês que pareceu muito mais

Voltámos para Urbana há exactamente 1 mês, mas parece que foi há muito mais tempo. Tanta coisa aconteceu entretanto. Recomecei a trabalhar. Recomeçaram as aulas, o que me fez voltar à verdadeira rotina. Aquela que me obriga a levantar antes das 7 da manhã para preparar almoços e a sair a correr do trabalho para ir buscar a Matilde. Recomeçaram as actividades extra-curriculares, que transformam os meus fins de tarde num "leva-e-trás", que me fazem sentir uma verdadeira motorista de taxi. Começou a soccer season do Miguel, com treinos e jogos todos os dias (excepto ao Domingo), o que significa toneladas de roupa para lavar (quase) diariamente. Já cá estiveram 3 colegas/amigos do Rui (o terceiro ainda cá está), o que normalmente significa que temos mais uma pessoa ao jantar. 

E para tornar as coisas ainda mais difíceis de gerir, tem estado um calor insuportável, acima dos 30º todos os dias, o que me deixa num estado de cansaço permanente, a que muitas vezes se alia uma enorme má-disposição, que afecta tudo e todos ao meu redor, que há coisas que eu não guardo para mim própria. Estou mesmo farta do calor e do Verão. Sei que daqui a uns meses o vou desejar com todas as minhas forças, mas para já o que quero mesmo são temperaturas mais amenas, outonais. Que já pedem um casaquinho e deixam usar botas. E mantas, nos serões mais fresquinhos. 

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Verde código verde

Li há dias num qualquer jornal que o Multibanco fez 30 anos (e já agora que a Princesa Diana morreu há 18 ... irra, que isto passa mesmo a voar). Se é um facto que hoje tratamos o MB por tu e já não conseguimos imaginar a nossa vida sem ele, é bom relembrar que nem sempre foi assim, que isto de aceitar a mudança e o progresso nem sempre é coisa que se entranhe facilmente.

Uma das primeiras pessoas que vi usar o cartão foi o meu excelentíssimo marido (who else???), que ainda os anos 80 iam a meio e já ele o usava, sem quaisquer problemas ou receios. Lembro-me que a primeira vez que o vi a fazer um pagamento no Multibanco (uma conta da água, acho eu), ainda éramos namorados, foi numa caixa que havia no Campo Pequeno, em Lisboa. Observei-o com um misto de fascínio e desconfiança. Como era possível ele confiar que a conta ficava mesmo paga? Ele confiou logo e, aos poucos, mesmo os mais resistentes acabaram por o fazer também e hoje acho que só mesmo o meu pai é que lhe continua a resistir estoicamente!

E como acontece com muitas das coisas que usamos diariamente nas nossas rotinas, só quando elas faltam, ou falham, é que lhes damos o seu devido valor. Aqui nos USA, o sistema multibanco é bem mais pequeno e limitado do que o que temos em Portugal. Há muito menos caixas disponíveis, se não usamos as do nosso banco pagamos uma taxa e há algumas transacções que pura e simplesmente não é possível fazer, como por exemplo transferências bancárias. Um verdadeiro atraso de vida! Em contrapartida podemos levantar dinheiro no supermercado, se pagarmos as compras com cartão, sem taxas adicionais. Vá lá!