Decisões difíceis ... ou se calhar não

No Domingo à noite, pouco depois de ter ido para a cama, a Matilde chamou-me. Eu lá fui, num exercício que fiz tantas vezes, mas que vou fazendo cada vez menos, e encontrei-a, na cama, a chorar "baba e ranho". Estava num dilema e não conseguia decidir o que fazer. 

Na próxima Quinta-feira tem, como sempre aula de dança, mas tem também um jogo de vólei. Já na semana passada aconteceu a mesma coisa. O raio dos jogos de vólei calham sempre à Quinta, único dia da semana em que ela tem a sua aula de dança. Na semana passada faltou à dança e foi ao jogo, mas estava custar-lhe muito voltar a faltar à dança, até porque já estão a aprender a coreografia para a dança que vão apresentar no recital do final do ano e, por isso, é importante não faltar.

Eu lá tentei acalmá-la. Disse-lhe que a vida é assim, que não se pode ter tudo, que às vezes é preciso decidir coisas, escolher entre isto ou aquilo. E que nem sempre é fácil. Mas que no caso dela, não havia razão para dramas. A dança e o volei são actividades extra-curriculares, que ela faz por prazer e não por obrigação. E que não tinha que decidir naquele momento, que ainda tinha tempo para pensar, e blá-blá-blá, blá-blá-blá. Ela lá acalmou um pouco e eu dei-lhe um beijinho e vim-me embora. 

Contei ao Rui, e passado 5 ou 10 minutos, pedi-lhe para ele a ir espreitar, para ver se ela tinha mesmo acalmado. Ele foi e passado 1 ou 2 minutos voltou e disse que estava tudo bem. E eu, que entretanto tinha começado a ver qualquer coisa na televisão, não pedi mais pormenores. No dia seguinte de manhã, assim que acordou, a primeira coisa que a Matilde me disse foi que o pai lhe tinha dito que se calhar era melhor ela ir à dança, já que na semana passada foi ao jogo de vólei. E ela, visivelmente relaxada, disse-me que ía falar com o treinador e explicar-lhe que não podia ir ao jogo. E assim se resolveu o drama, com uma pequena ajuda do pai, no momento certo. E a verdade é que nem tudo tem que ser uma lição de vida.