Os últimos tempos vão definitivamente contribuir positivamente para a minha média anual de idas ao cinema. Dezembro e Janeiro estão a ser meses muito ricos em experiências cinematográficas. Para além de serem tradicionalmente meses de muitas estreias, acho que o frio também tem ajudado, já que como as actividades ao ar livre estão definitivamente postas de parte, o cinema é uma excelente opção para quem não está mentalmente preparada para hibernar!
Em Dezembro, vi Loving, Manchester by the Sea, Sweet Seventeen and Sing. E, até agora, em Janeiro, já vi Lion, Hidden Figures e La La Land. Não querendo impingir-vos uma crónica cinematográfica demasiado longa, aqui fica a minha singela opinião sobre Manchester by the Sea, Hidden Figures and La La Land, todos filmes que, por razões muito diferentes, me encheram as medidas!
Manchester by the Sea é belo e brutal, abana e abala e não nos sai da cabeça facilmente. No início do filme, ficamos a conhecer o personagem principal, Lee Chandler, janitor em Boston, e logo nos chama a atenção a solidão e o vazio e a frugalidade da sua vida. Quando o seu irmão mais velho morre, Lee regressa à sua cidade natal, uma cidadezinha junto ao mar na Nova Inglaterra, para tomar conta do sobrinha adolescente. Este regresso obriga-o a enfrentar o seu passado, que nos vai sendo revelado aos poucos, sobretudo através de flashbacks, mas também dos reencontros de Lee com os seus antigos vizinhos e conhecidos. Apesar da sua complexidade dramática e do peso e tensão que sentimos permanentemente, porque vamos percebendo que algo de muito grave terá acontecido a Lee no passado que o transformou na pessoa sofrida que conhecemos, o filme tem inúmeras cenas que nos fazem rir e descontrair, que a vida não são só tristezas! Saí do cinema com o coração apertado, e com uma enorme angústia, obcecada com esta ideia de que muitas vezes basta um acontecimento (acidente ou incidente) para que a nossa vida mude para sempre e que uma vez acontecido não há como voltar atrás.
Hidden Figures é um daqueles filmes que inspiram e nos fazem sentir bem. Para os meus amigos pais de filhas adolescentes (ou pré-adolescentes) recomendo vivamente que o vão ver com elas. A adolescência é uma fase tramada, cheia de dramas e inseguranças, pelo que um boost de optimismo e confiança vem mesmo a calhar! Saem de lá com os olhos a brilhar e a mente a fervilhar, e posso dizer que, no caso da Matilde, veio mesmo a calhar! O filme conta a história, baseada em factos reais, de 3 mulheres afro-americanas (uma combinação explosiva na altura) que, contra ventos e marés, conseguiram participar como matemáticas e engenheiras/programadoras no programa espacial da NASA nos anos sessenta, altura em que a guerra espacial entre americanos e Russos estava ao rubro. Um feito extraordinário, numa sociedade e numa profissão totalmente dominadas por homens de raça branca, realidade que infelizmente ainda não conseguimos ultrapassar completamente.
E por fim La La Land. Devo confessar que musicais não são o meu género favorito, mas gostei deste filme. Uma história romântica (claro!), muito bem contada e muito bem filmada, com personalidade própria, independente da música e da dança, obviamente sempre presentes, ou não fosse este um musical, mas que não a ofuscam. E cheia de pormenores deliciosos e com actores que enchem o écran (que dupla!).
Espero não ter revelado demais ... que isto de falar sobre filmes sem poder falar para não estragar o espectáculo a quem ainda não viu, não é fácil!
Ando a ver muito pouco cinema.
ResponderEliminarPor pura preguiça.
Este anos tem que ser diferente.
Boa semana