quinta-feira, 8 de março de 2018

O tempo voa


O tempo voa, depressa demais. Sei que este é um tema recorrente por aqui, o que é normal já que é um tema recorrente na minha cabeça, quase uma obcessão. 

Ainda agora começaram e já vão quase a meio. Falo da passagem do Miguel pela Universidade e da Matilde pela High School. Ambos estão a mais de meio do segundo ano num total de quatro. A matemática não engana. Sei que é tudo relativo e que a minha percepção da passagem do tempo é muito diferente da percepção deles. Para eles não passa depressa demais, apenas passa à velocidade normal. E eu digo-lhes aquilo que os pais dizem vezes sem conta aos filhos: “quando tiveres a minha idade vais perceber”. E eles encolhem os ombros e dizem, “lá estás tu outra vez com essa conversa”, e eu respondo “não é conversa é a realidade”. E eles voltam a encolher os ombros, mas já não dizem nada. 


Se tudo correr como é suposto, daqui a 2 anos e meio é a vez da Matilde ir para a Universidade e isso vai representar uma mudança radical na minha vida. Ao fim de muitos anos, mais de um quarto de século,  a viver com os filhos e para os filhos, vou ter que re-aprender a viver sem a sua presença (física) diária. Não quero que isso seja um drama, mas sei que vai ser um bocadinho, e nada como estar preparada para enfrentar a "síndrome do ninho vazio". O meu lado racional lá vai tentando argumentar que não vale a pena sofrer por antecipação, e que até lá muita coisa pode ainda acontecer, mas o meu lado melodramático tem muita força...


E a verdade é que não faz mal nenhum começar a pensar nisso, explorar várias possiblidades e começar a traçar um plano, se o fizer consciente que terá que ser um plano flexivel, para se ir ajustando à realidade à medida que esta vai acontecendo. Assim há partida, diria que tenho coisas que jogam a meu favor e outras nem tanto.  


Tenho uma vida profissional que me satisfaz. Não tenho um daqueles empregos super-importantes, que determinam ou têm a capacidade para mudar a vida das pessoas, ou do qual muita gente depende, mas sinto-me uma privilegiada. Levanto-me (quase) todos os dias com vontade de me arranjar, sair de casa e ir trabalhar. Gosto do que faço, tenho uma excelente relação e muito respeito pela pessoa a quem reporto, dou-me bem com a maior parte dos meus colegas. Tenho um círculo de amigos com quem posso contar, e com quem convivo de forma regular, algo que é absolutamente essencial ao meu bem-estar e equilíbrio.


No reverso da medalha, tenho um marido que viaja muito, às vezes por períodos longos de tempo, o que significa que passarei muito tempo sózinha. Ajuda trabalhar a tempo inteiro e ter um trabalho com um ritmo muito intenso. Ajuda ter amigos com quem posso sair para ir jantar ou ao cinema. Mas haverá necessariamente muitos momentos em que estarei sózinha, e isso é algo com que terei que saber lidar. Quando a altura chegar talvez consiga fazer algumas mudanças que me permitam viajar mais com o Rui, o que seria excelente. Talvez consiga transitar para um regime laboral com um horário mais flexível ou beneficiar de licenças sem vencimento de curta duração, que me permitam mais tempo off. Logo se vê, mas isso é algo em que tenho pensado. 


Outra coisa que também não joga a meu favor é o facto de não ter um hobbie, uma habilidade especial para desenvolver uma actividade extra-laboral que me preencha e me ocupe de forma sistemática. Não sou especialmente habilidosa de mãos, não trato as novas tecnologias por tu, não sou do tipo desportivo. Mas tenho algumas ideias que começam a germinar, mas que ainda estão num estado tão embrionário que não merecem destaque!

Não estou obcecada por isto, tento concentrar-me no presente e aproveitá-lo ao máximo, mas também não vivo com a cabeça enterrada na areia. E principalmente, não quero acordar um dia, olhar à minha volta e pensar: Mas que raio me aconteceu?

1 comentário:

  1. Pois, mais uns anitos e fico eu e a Tina.
    A esperar pela reforma para depois vadiar pelo Mundo fora.
    Bfds

    ResponderEliminar