sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Thanksgiving à portuguesa

Este ano o nosso Thanksgiving foi muito pouco americano. Não houve perú, nem puré de batata, nem salada de feijão verde, nem cranberry sauce, nem pumpkin pie. Mas houve creme de cenoura com espinafres, bacalhau no forno com batatinhas assadas (com alecrim), mousse de chocolate, baba de camelo, tarte de maça e cheesecake

Acho que, com excepção da Mafalda, ninguém se importou! Mas vendo bem as coisas ela era a única americana numa mesa de 8. Deve ser por isso! Este ano, connosco, tivemos 2 alunos de doutoramento do Rui e a namorada de 1 deles. Um belga, um chinês e uma espanhola (ou melhor, basca). Foi bom. O bacalhau assado foi um sucesso! As pessoas ficam sempre muito surpreendidas e curiosas com esta nossa tradição de salgar o bacalhau e depois o demolhar antes de o cozinhar. Soa sempre a coisa de outros tempos!

Gosto do Thansgiving. É como se fosse o Natal, mas numa versão mais simples e sem a pressão comercial. As famílias e  os amigos reúnem-se à volta da mesa. Há sempre muita e boa comida. Mas não há enfeites e não há troca de prendas, nem toda a loucura que antecede o momento de as oferecer. As listas, as indecisões, as lojas cheias, os embrulhos, o dinheirão que se gasta.

Este ano estava frio e caiu um pouco de neve. Não muita, mas o suficiente para dar um ar mais branco e mais natalício ao evento. Para o ano há mais (se Deus quiser, como diria a minha avó)!

 (A nossa rua, antes de anoitecer)

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Deve ser do Caraças!

Corre-se muito por estes lados. Há muito espaço, é tudo plano. Vivemos numa zona, perto da Universidade, em que há muitas pessoas jovens. Assim que as temperaturas começam a subir um pouco, há centenas de pessoas a fazer jogging aqui à volta. Todos os dias, a todas as horas, mas principalmente ao fim da tarde. Há de tudo. Há os que não brincam em serviço. Correm com ritmo, com precisão, com postura, como se fossem donos da estrada. Há os que arrastam os pés e se enclinam para a frente, como se fosse a primeira vez. Há os solitários e os que correm em grupo. Durante meses a fio, enchem as ruas. Quando o frio começa a dar um ar da sua graça, começam a trocar as ruas pelos ginásios.

E depois há aqueles que correm na rua, durante (quase) todo o ano. O frio não os intimida. Saio todos os dias de casa antes das 8 da manhã, para ir levar os miúdos à escola, e cruzo-me com alguns. Lá fora estão temperaturas negativas. Como é que é possível que se tenha prazer a fazer tal coisa? Se calhar não têm prazer. Deve ser um vício, uma necessidade do corpo e da mente. Estas pessoas não correm porque está na moda. Ou porque está um lindo dia de sol. Ou porque o amigo vai correr. Correm sempre. Correm porque precisam.

Como faço sempre o mesmo percurso de manhã, há 2 ou 3 pessoas com quem me cruzo com alguma regularidade. Dou por mim a procurá-las. Vão equipadas para o frio. Se deixam a cara à mostra, está vermelha, um vermelho gélido. Da sua boca saem nuvens de vapor. Não têm um ar feliz, ou relaxado. Têm um ar decidido. Estou em crer que depois deste começo sofrido, os seus dias só podem ser bons. Nunca saberei que a mim nunca me deu para isto. Mas a sensação de acabar uma corrida destas e tomar um banho quente deve ser do caraças!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Não há regra sem excepção

O Miguel fez 16 anos e oferecemos-lhe (nós e os meus pais) uma televisão para o quarto dele, algo que vai contra o que sempre defendi. Sempre achei que não era boa política ter várias televisões em casa, muito menos nos quartos. Deve haver uma televisão em casa e todos temos que a partilhar, num exercício familiar que nos obriga a negociar, fazer concessões e a respeitar os outros. (Na verdade, esta regra já tinha sido anteriormente violada. No Restelo, tínhamos uma pequena televisão na cozinha, que servia essencialmente para eu ver as notícias enquando estava a cozinhar, e que nunca competiu seriamente com a televisão da sala).

Mas isto de educar não é uma linha recta. Nem tudo é preto ou branco. Temos que permanentemente avaliar as circunstâncias e, se necessário, re-avaliar os nossos métodos, as nossas regras e, até, alguns princípios. Os miúdos crescem, o que antes fazia sentido, deixa de fazer. E nós não podemos cair no erro de parar no tempo, de os tratar sempre da mesma maneira.

O Miguel está em plena adolescência. Tem muitos amigos e gosta de estar com eles. Ocasionalmente, já fazem programas, alguns nocturnos. Observando-os, apercebi-me que mais do que ir a sítios públicos, eles gostam mesmo é de se encontrar em casa uns dos outros. É mais confortável. Podem fazer o que realmente gostam: ver filmes e jogar playstation. Pela minha parte também prefiro esta opção! E a nossa casa está sempre disponível. Sempre que querem, vêm. Ultimamente não vinham tanto. A verdade é que a nossa actual casa não têm os atractivos que a anterior tinha. Não havia televisão, nem mesas de jogos no basement. Daí ter decidido que estava na hora de re-avaliar a regra da televisão única. O Miguel sabe que o objectivo é fomentar o convívio, não o isolamento. Acho que vai correr bem. Ele sabe que eu vou estar atenta e que esta nova regra pode mudar a qualquer momento. Entretanto, que aproveite!



sábado, 15 de novembro de 2014

Sweet sixteen

Há 16 anos que é um privilégio ser mãe deste miúdo! 

 (2000)

(2004)

(2009)

(2012)

(2014)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Estes dias


(Ontem ao fim da tarde)

 (Ontem à noite)

(Hoje de manhã)

(Hoje à hora do almoço)

Mesmo que o calendário nos diga que ainda é Outono, aqui por estas bandas o Inverno chegou esta semana. E com tudo a que temos direito: temperaturas negativas e neve! Ainda não caiu nenhum nevão, apenas uns flurries, que derretem ao contacto com o chão, mas já deu para acumular em cima do carro.

Esta neve ainda não traz qualquer problema. Até dá gosto ver. O problema é o frio. Um frio tão frio que parece que corta. Que nos tolhe os movimentos e nos dificulta a respiração. E isto é só um pequeno aperitivo. O prato principal vai chegar em força mais dia menos dia. Por muitos Invernos que se passem nestas terras do Norte, nunca se está preparado para isto! Dia após dia, assim que metemos o nariz fora da porta, ficamos surpreendidos com a intensidade do frio. Como diz a Mafalda: o ser humano não foi feito para viver neste clima! 

(Cliclista prevenido vale por dois!)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Crescente desilusão

Os nossos amigos catalães são fervorosos independentistas. Falam da Catalunha com orgulho e de Madrid com ressentimento e revolta. Falam catalão, têm bandeiras da Catalunha em casa e defendem a causa com paixão. No Domingo, como não puderam votar, juntaram-se com um grupo de estudantes da Catalunha, que conhecem bem e com quem estão frequentemente, e recriaram o seu próprio acto eleitoral. Fizeram uma urna e boletins de voto, numa recriação (quase) perfeita dos originais, e todos simbolicamente castaram o seu voto. Não sei ainda o resultado desta "eleição", mas aposto que o Sim arrasou!

Por isso, segui o referendo de Domingo com mais atenção do que se calhar seguiria se não os conhecesse e foi com uma pontinha de inveja que acompanhei a forma apaixonada e empenhada com que muitos catalães (mais de 2 milhões) apoiaram a sua causa. Prezo muito o acto de votar. Votei sempre que pude. Acho que só assim honramos este enorme privilégio que é viver em Democracia. Em miúda ia com os meus pais votar a S. Martinho do Bispo. Era um dia de festa! Os últimos anos foram uma tristeza. Acho que a última vez que votei com (algum) entusiasmo foi nas Presidenciais de 2006 em que votei no Manuel Alegre. Nas últimas legislativas votei em branco, por total incapacidade de votar em quem quer que seja que se apresentou a votos. Há pessoas/partidos em que não voto por princípio, fora isso tenho alguma latitude, mas há limites! Apesar disso, não concordo minimamente com aqueles que optam por não votar como protesto pelo actual estado das coisas (sorry C.). Para mim, há algo de profundamente errado e contraditório nisso. Infelizmente, parece ser um movimento em crescendo.

Lembro-me que quando foi o referendo sobre o aborto, tinha ido passar o fim de semana a Coimbra (só com os miúdos, que o Rui não estava em Portugal). Voltámos para Lisboa no Domingo, (achava eu que) com tempo mais do que suficiente para ir votar. Mas nesse dia, estava um trânsito diabólico e tínhamos dado boleia a um amigo, que tinha ido de propósito a Coimbra votar. Antes de ir para o Restelo ainda o fomos levar a casa e quando dou por ela, estava no meio de Lisboa e eram quase 7 horas. Devo ter violado umas quantas regras de trânsito, voei até à Ajuda, parei em frente à escola Marquês de Pombal, liguei os 4 piscas e desatei a correr até à sala onde era suposto votar. Cheguei em cima da hora, fui a última a votar na minha mesa de voto, mas votei!

Tento passar este interesse aos meus filhos. Com a Mafalda sei que a causa está ganha. Desde sempre que se interessa por estas coisas. Lembro-me que ainda adolescente seguia as campanhas eleitorais e as eleições com um interesse e conhecimento, muito superior ao da maioria dos eleitores. Votou pela primeira vez aos 18 anos. Em Barack Obama, na Embaixada Americana em Lisboa e vibrou com a sua vitória, apesar de uns meses antes ser uma acérrima apoiante da Hillary Clinton! Os outros dois não parecem tão interessados. Vou ter que me esforçar mais a disfarçar esta minha crescente desilusão, porque o que está em jogo é demasiado importante.

domingo, 9 de novembro de 2014

Uma boa surpresa

Ainda em Setembro recebemos uma carta da escola do Miguel a convidar-nos para a cerimónia de reconhecimento dos melhores alunos da escola no ano passado. Não sabia bem se éramos supostos ir ou não, que isto da adolescência tem muito que se lhe diga, e por isso perguntei ao Miguel, que com um ligeiro encolher dos ombros, disse qualquer coisa do género, "não sei, acho que sim, por mim tudo bem". E lá confirmei a nossa presença. Não pensei mais no assunto, até que o dia chegou. 

Acabei por ir só eu com o Miguel, que o Rui tinha cá um convidado com quem era suposto ir jantar e as irmãs ficaram em casa ocupadas com os seus inúmeros afazeres. Foi no ginásio da escola, onde nunca tinha entrado antes (os jogos de futebol são todos no exterior), que estava tudo engalanado para o evento. Havia muitas famílias e algumas caras conhecidas. A banda e o coro da escola a postos. Muitos convidados especiais e muitos miúdos, felizes e orgulhosos do seu feito. A cerimónia começou como todas por estes lados: ao som do hino nacional, com todos de pé, virados para a bandeira. 

Lá houve os discursos da praxe e as actuações musicais, seguidos da entrega dos prémios aos alunos, que divididos por ano lectivo, foram chamados um a um. Foram muitos os premiados em cada ano - todos os que acabaram o ano com A a todas as disciplinas. Eis senão quando, para ocupar o tempo enquanto estavam a chamar os miúdos do ano anterior ao do Miguel, olho com mais atenção para o livrinho que me tinham dado à entrada. E não é que descobri que o Miguel foi o melhor aluno do seu ano no ano passado! Confesso que me vieram as lágrimas aos olhos, de orgulho. E lá fiquei, toda babada, a ver o meu filho a brilhar! 

(Com os amigos e amigas do futebol, também premiados)

(O livrinho que me fez chorar!) 


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Outono em 3 actos - Aditamento

E não é que a Matilde quis ir apanhar as folhas do nosso jardim! E lá foi. É claro que rapidamente se cansou e me veio pedir ajuda. E lá fui eu fazer o que tinha jurado que me recusava a fazer. Incrível como damos o dito por não dito com a maior das facilidades (não será por acaso que se diz "Nunca digas desta água não beberei", certo?). Enchemos para aí uns 6 ou 7 sacos com folhas (não tinhamos mais) e, olhando para o relvado uns dias depois, não se nota grande diferença. Digo eu. Mas o raio da miúda não desiste e este fim de semana quer ir comprar mais sacos e um ancinho novo, que o que temos é uma verdadeira velharia que estava perdida na garagem desde sei lá eu quando. Ainda agora começou e já sabe reivindicar por melhores condições de trabalho!





quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Halloween, outra vez!

Tenho sempre a sensação que a nossa vida, familiar e colectiva, se organiza em função de uma sucessão de eventos que, ano após ano, se repete, sempre na mesma ordem. Natal, Ano Novo, Carnaval, Páscoa, fim do ano lectivo, férias do Verão, início do ano lectivo, Natal, Ano Novo ... E pelo meio ainda temos o Dia dos Namorados, Dia do Pai, Dia da Mãe, Dia da Criança, dia das bruxas, e por aí fora. Tudo encadeado. Sempre a mesma sequência. E nós vamos saltando de evento em evento, cumprimos os rituais de cada um e esperamos pelo próximo, que está sempre ali ao virar da esquina.
 
A mudança para os Estados Unidos fez com que, no ano passado, muitos destes rituais soassem a novo e diferente. Quer porque o ano lectivo está organizado de maneira diferente, quer porque muitos dos feriados não coincidem com os nossos e as festividades religiosas não giram em torno do calendário católico, a verdade é que os eventos se sucederam sem a cadência habitual, o que trouxe uma lufada de ar fresco, sempre tão bem vinda!

Mas eis que, com uma enorme rapidez, o que era novo e diferente, se torna habitual. E lá volta tudo ao mesmo. Tudo isto porque na semana passada foi o Halloween. Outra vez! (Parece que foi ontem! O tempo passa tão depressa! Ó mãe, pareces a avó a  falar!) E lá cumprimos os rituais. Comprámos a abóbora e os doces, arranjámos o disfarce para a Matilde, que lá foi, com as amigas, de porta em porta, fazer o "trick or treat" da praxe. Desta vez, no bairro onde vive uma das amigas. Eu, em casa, lá fui abrindo a porta aos miúdos aqui do bairro, despachando os doces que tinha comprado. Despachei-os quase todos, mas a Matilde encarregou-se de repor o stock!






 (Não correu mal ...)

(A nossa abóbora, um dia depois de ter ficado à mercê dos esquilos 
que andam numa correria a preparar-se para o Inverno!)

domingo, 2 de novembro de 2014

O Outono em 3 actos!

Acto 1





Acto 2



Acto 3


Nota da redacção: Os sacos que aparecem na última foto não são nossos. Recuso-me a apanhar as folhas que caem no chão. Primeiro, porque são aos milhares. Depois, porque não caem todas de uma vez. Vão caindo. O que torna a tarefa manifestamente inútil. Mas (quase) todos os vizinhos o fazem. Numa luta fatalmente perdida. Já vos disse que, no que respeita ao jardim, somos as ovelhas negras aqui do quarteirão, certo?