Começou na 6ª feira com Casablanca! Já o tinha visto antes, claro. Há muitos, muitos anos, nem sei quantos. Recordava-me apenas de fragmentos do filme e por isso não resisti quando vi que ia passar em sessão especial do Dia dos Namorados no Art Theater.
Gostei muito. Uma combinação de suspense, drama, romance e comédia, num ambiente irresistível - 2ª Guerra Mundial, Casablanca, Nazis, Resistência Francesa, e o submundo da corrupção para obtenção dos almejados vistos que permitiriam a fuga para a América. Gostei do Humphrey Bogart e da Ingrid Bergman. Do ambiente no nightclub do Rick, da música e do pianista (Ilsa: Play it, Sam, play "As time goes by" / Rick: Sam, I thought I told you never to play that song again). Dos personagens secundários e ambientes estereotipados. Dos diálogos cínicos e divertidos. E do final heróico e romântico que, aquando da rodagem do filme, ficou em aberto até ao fim: Quem iria no avião com Ilsa rumo a Lisboa e à liberdade? Rick/Bogart é definitivamente um dos heróis românticos da sétima arte.
Continuou no Domingo com Philomena. Um filme que me deixou com um aperto no coração. É a história, baseada em factos reais, de uma católica irlandesa em busca do filho que, 50 anos antes, foi obrigada a dar para adopção pelas freiras do convento para onde foi enviada quando engravidou e onde teve a criança. Dito assim parece ser só mais um filme sobre uma história já muitas vezes contada. Mas, na verdade, é mais do que isso. Na sua busca pelo filho perdido, Philomena é ajudada por Martin Sixsmith, antigo jornalista da BBC, que depois de passar pelo governo de Tony Blair, é forçado a escrever "human interest stories" para ganhar a vida e, apesar da resistência inicial, acaba por se interessar pela sua história.
E é na relação entre os dois que a história se transforma num grande filme. Uma relação de contrastes, pelo fosso social, económico e cultural que existe entre os dois. De choque por ele, ateu convicto, não entender a enorme fé em Deus de Philomena mesmo depois do tratamento desumano que sofreu às mãos da igreja. Mas também de ternura e cumplicidade na longa viagem que fazem juntos para tentar desvendar o mistério do desaparecimento da criança.
Gostei muito. Não é um filme que nos deixe indiferentes. A mim deixou-me angustiada perante o drama maior que é a perda de um filho, neste caso maior ainda pelos anos e anos de incerteza sobre o que lhe teria acontecido. Deixou-me revoltada por mais uma história que nos lembra uma e outra vez o que de pior há na natureza humana. E deixou-me com a certeza redobrada de que em mim não reside a capacidade de perdão tão cara aos católicos. Eu não perdoaria! Infelizmente, eu sei que não perdoaria.
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