domingo, 2 de fevereiro de 2014

Uma escolha controversa?


Nunca me passou pela cabeça que um filho meu iria para uma escola só de raparigas ou só de rapazes. Parece uma coisa tão antiquada. Tão do tempo dos nossos pais! A minha mãe andou num liceu feminino! Em Coimbra, era o D. Maria, escola que nos últimos anos tem andado na ribalta por causa dos rankings.

Mas às vezes quando somos chamados a tomar decisões concretas relativamente aos nosso filhos, designadamente quanto à educação que lhes queremos dar, acabamos por decidir de maneira diferente daquela que éramos supostos decidir tendo em conta os nossos princípios e as nossas vivências.

A situação mais comum, será talvez a dos pais que sempre defenderam a escola pública, mas quando chega a hora de decidir relativamente à escola dos seus filhos acabam por optar por uma privada. Um caso famoso dos tempos da nossa primeira estadia aqui nos USA, nos idos dos anos 80/90, foi a do casal Clinton, teoricamente grandes defensores da escola pública, mas quando chegaram à White House, decidiram pôr a sua filha Chelsea, na altura a começar a adolescência, num colégio privado de Washington DC. Na altura, justificaram a sua escolha por razões de privacidade e de segurança da miúda. Na altura, isto deu um grande “sururu” na comunicação social, claro.

Em relação à escola da Matilde, ainda antes de virmos para Urbana inscrevemo-la em 2 escolas privadas, porque achámos que lhe dariam um melhor apoio nesta fase de transição e adaptação. A escola pública (Middle School) da nossa área de residência é uma escola enorme, não tem fama de ser especialmente boa (ao contrário da High School) e com as dificuldades que ela tinha com o inglês, achámos que se sentiria perdida e desamparada. Decidimos, por isso, que a iríamos pôr numa privada, pelo menos nestes primeiros tempos.

Numa das escolas em que a inscrevemos, uma escola com excelentes recursos e fama de ser bastante boa, não conseguiu entrar. Ficou em lista de espera. Entrou na outra, que é onde anda. É uma escola muito pequena, o que lhe permite ter um ensino bastante personalizado, num ambiente muito acolhedor. Foi principalmente por estas 2 razões que a escolhemos. Acontece que esta é uma escola só para raparigas. Não foi por ser só de raparigas que a escolhemos, mas o facto de ser só de raparigas também não nos inibiu de a considerarmos.

Na verdade, acho que nesta idade – 10 anos – não faz grande diferença o convívio dela ser maioritariamente com raparigas, muito provavelmente seria assim mesmo que estivesse numa escola mista. Ainda é aquela idade em que são raparigas para um lado e rapazes para o outro. Mas mais para a frente acho que não faz muito sentido. O contacto com a diversidade, a todos os níveis, é essencial para um crescimento saudável e para uma formação sólida que a prepare para a vida real. 

Era bom se podessemos ir testando a bondade das nossas opções em tempo real, mas a verdade é que, regra geral, só mais tarde, em retrospectiva, conseguimos fazer essa avaliação. Entretanto, nada como confiarmos na nossa intuição e na posição privilegiada em que nos encontramos para sabermos o que é melhor para os nossos filhos.

As meninas da Campus Middle School for Girls num passeio que deram no início do ano lectivo. 
A Matilde é a quarta do lado esquerdo da fila de baixo

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