quinta-feira, 29 de maio de 2014

Mãe sofre

Quando os meus filhos viajam comigo, quer seja de carro ou de avião, nunca penso que pode acontecer alguma coisa. Que pode haver um acidente, que mude as nossas vidas para sempre. Mas quando eles viajam sem mim, acho sempre que a probabilidade de acontecer alguma coisa é enorme! Que, sem a minha protecção, a desgraça está ali ao virar da esquina, pronta a acontecer.

Ontem foi um destes dias stressantes. A olhar mais do que o normal para o telemóvel, sempre à espera de receber uma qualquer mensagem. Ao fim da manhã, veio a primeira: "Já tou em Chicago. Já despachei mala. Já passei segurança." A meio da tarde, chegou a segunda mensagem: "Tou em Charlotte". E finalmente a meio da noite, a mais desejada de todas: "Já cheguei a Lisboa"! Nem sei bem que horas eram, pois logo a seguir virei-me para o outro lado e continuei a dormir, então sim um sono descansado!

Boas férias, Mafalda!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Um círculo vicioso

Aqui em Urbana-Champaign comprar casa é uma actividade sazonal! Quase todas as transações imobiliárias são feitas na Primavera, que é a altura do ano em que a Universidade faz as suas contratações de professores e escolhe os seus graduate studentsE toda esta gente se põe em campo à procura de casa, por todo o lado, mas especialmente nas zonas à volta da Universidade.

E como há muita gente a querer comprar casa, esta é a altura do ano em que, quem quer vender, põe a casa à venda. O que faz com que qualquer pessoa que queira comprar casa, mesmo que não tivesse que o fazer necessariamente na Primavera, espere por esta altura do ano para o fazer, porque é quando há mais casas (muitas casas, mesmo) no mercado. E pronto, é tipo pescadinha de rabo na boca! 

E nós fomos apanhados neste círculo vicioso. A nossa vontade era comprar uma casa daqui a uns meses, depois do Verão, mas rapidamente percebemos que, ou comprávamos agora, ou teríamos que esperar pela próxima Primavera. E, pronto, decidimos avançar. E como a sorte está do lado dos audazes (!), conseguimos negociar com os donos da nossa (futura) casinha a solução ideal: vamos alugá-la 4 meses e depois compramos.

E, assim, evitamos ter que fazer duas mudanças de casa em meia dúzia de meses! Ideia que, confesso, me estava a começar a parecer demasiado louca. Até para nós!

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Mas porque raio estas coisas não são universais?

Temperatura, distância, peso, volume, área. Todos os sistemas de medição utilizados aqui são diferentes dos utilizados em Portugal e na maioria dos países europeus. O que é uma grande chatice e nos obriga a um permanente esforço para percebermos a informação que temos à nossa frente. Nada é imediato. Nada é intuitivo. 

É, claro, que passado um tempo nos habituamos e o esforço acrescido começa a diminuir consideravelmente para níveis muito razoáveis. Até que passa a ser (quase) imedidato. Mas, pelo menos para mim, que vivi a maior parte da minha vida adulta longe daqui, acho que nunca serão os meus sistemas de referência. Mesmo sem querer faço sempre uma conversão mental, que não sendo exacta, me ajuda a perceber melhor a informação. 

Alguns exemplos:
Neste momento, estão 75º F de temperatura, o que corresponde a 24º C
Urbana fica a 139 milhas de distância de Chicago, ou seja, fica a 223 KM
Os pacotes de leite que compramos são de 1 galão, ou seja 3,78 litros 
Nas receitas, as quantidades são todas apresentadas em cups em vez de gramas

Quando fui tirar a carta de condução, a senhora perguntou-me quanto é que eu media e pesava, para ficar a constar do cartão, e eu fiquei a olhar para ela e disse-lhe que não fazia a mínima ideia! Fui salva pelo telemóvel, mais precisamente pelo google, claro! Agora sei, que meço 5'28" pés (feet) e peso 145 libras (pounds).

Mas há mais:
A data é sempre escrita pela ordem MM/DD/AAAA. Por exemplo, hoje é dia 05/26/2014.
A pontuação (pontos e vírgulas) usada nos números é ao contrário. Escrevem 23,540.00 , em vez de 23.540,00. 

Uma canseira! E, sinceramente, não percebo porque razão estas convenções não são universais. Facilitaria tanto as coisas!

Não incluo aqui a moeda, a que me habituei mais rapidamente! Aliás, neste momento, já funciona ao contrário. Quando vou a Portugal já tenho que fazer um pequeno esforço inicial para me re-habituar ao euro. Não aos valores em si, que ainda me são muito familiares, mas às diferentes moedas e notas.

No outro dia, em conversa com a minha mãe, disse-lhe quanto ía ganhar neste meu novo emprego. Pensei em dólares, que é a moeda em que vou efectivamente receber, fiz uma rápida conversão mental para euros, para que a informação fizesse sentido para ela, mas não contente ela ainda queria saber quanto é que isso era em escudos!!! E isso já foi demais. A conversão de euros para escudos não consegui fazer de forma mental e imediata! Só mesmo com a calculadora, que ainda sei que 1 euro são 200.482 escudos!


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Coisas que a minha mãe me manda pelo correio

A julgar pela quantidade de coisas que, ao longo destes quase 10 meses, a minha mãe nos mandou pelo correio, qualquer pessoa pensaria que emigrámos para um qualquer país do Terceiro Mundo, onde não temos acesso às coisas mais básicas do dia-a-dia! 




Porque gosto de ler em português. Estes chegaram há uns dias e repousam na minha mesinha de cabeceira! Comecei a ler A Cor do Hibisco da minha escritora revelação deste ano e a seguir será a vez de O Museu da Inocência entusiasticamente recomendado pela minha irmã!




O fiel amigo! Recebemos uma encomenda de quinze em quinze dias (mais dia menos dia). Já cá encontrei bacalhau à venda, num supermercado internacional, mas era proveniente da China e, para além disso, não tinha grande aspecto. Não comprei. Nada como o do Continente, pensei eu. Mas quando chegou a primeira encomenda, por curiosidade inspeccionei o rótulo e ... também vem da China. O que é feito do bacalhau da Noruega?



Há anos que uso esta pasta de dentes. Brufen é a minha arma secreta e o Fenistil é um clássico em nossa casa. Cant´t live without them!

terça-feira, 20 de maio de 2014

É aqui que, agora, passo uma boa parte do meu dia

OSPRA: Office of Sponsored Programs and Research Administration

Nome pomposo! Em poucas palavras, é o Gabinete que revê, negoceia e celebra todas as bolsas e contratos de investigação da University of Illinois at Urbana-Champaign. O trabalho é mais variado do que, à primeira vista, parece pois envolve os mais variados tipos de contratos.

É um Gabinete com muito trabalho: só no ano passado, processou quase 5.000 contratos no valor global de setecentos milhões de dólares. Investiga-se muito por estas bandas! O grande financiador é, sem dúvida, o governo federal, através de um número muito variado de agências, mas também se celebram muitos contratos com o Estado de Illinois, outras universidades e as mais variadas instituições e empresas privadas.

Para já, sinto-me uma sortuda. Estou a gostar do trabalho, as instalações são óptimas e os colegas e supervisores têm sido mais do que impecáveis. Estas primeiras semanas têm sido essencialmente de aprendizagem e treino, mas já tenho alguns (pequenos) dossiers em mão e acho que so far, so good! Será sorte de principiante? 


(O nosso gabinete ocupa uma parte deste edíficio)

 (A entrada principal)

(O nome pomposo!)

 (Pode ser que um dia venha de bicicleta aproveitando esta ciclovia)

(O jardim nas traseiras do edifício)
 (O meu gabinete, com as paredes ainda muito vazias!)

(O meu computador, com 2 monitores - super prático!)

sábado, 17 de maio de 2014

Habemus casa!

Encontrámos, finalmente, a nossa próxima casa! Uma casa antiga, como são todas nesta zona da cidade que tanto gostamos e onde vamos continuar a viver. Perto da Universidade, perto da Escola Secundária e perto do meu trabalho. Para que o nosso dia a dia seja o mais tranquilo possível, dentro da complicada dinâmica que uma família de 5 implica.  

É uma casa antiga, mas muito charmosa. De tijolo por fora e muita madeira por dentro. Um relvado à frente e outro atrás. Algumas árvores e arbustos. Não é a casa perfeita, longe disso, mas estou com muita vontade de me mudar para lá. A nossa ideia é, aos poucos, ir fazendo pequenos melhoramentos. No topo das prioridades está a remodelação da casa de banho do 1º andar, que é ... cor-de-rosa! Depois, logo se vê.

Aqui ficam umas fotos do exterior (ainda não temos a chave):

 (A fachada principal)

 (Pormenor da entrada principal)

 (As traseiras)

 (Porta lateral)

 (A garagem)

(O jardim traseiro)


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Rio de Janeiro

Chamam-lhe, muito apropriadamente, a cidade maravilhosa. E o meu excelentíssimo marido está lá. Três semanas (e depois mais uma em São Paulo). E eu adorava estar lá com ele! Aposto que vai começar os seus dias sempre da mesma maneira. Que monotonia!



Só lá estive uma vez, em 2011, e adorei. A cidade é linda, as pessoas bem dispostas. Come-se bem e bebem-se sumos de futas que nem sabíamos que existiam. Temos bons amigos que vivem lá (e desde Janeiro mais um), que me receberam muito bem e me levaram a ver o que a cidade tem de melhor. Se tivesse que escolher um sítio a não perder, diria subir ao Pão de Açúcar e olhar a toda a volta (360º). É esta vista de cortar a respiração que se abre à nossa frente:






Mas há muito mais. Copacabana, Ipanema e o Leblon, com as suas praias e paredões, onde diariamente milhares de pessoas passeiam, correm, andam de bicicleta, de patins ou skate. O Cristo Redentor. A Lagoa e a Floresta da Tijuca. A Urca. Os bairros da Lapa e Stª Teresinha. Por todo o lado, muita animação, charme e descontração.

 (Cristo Redentor)

 (Vista da cidade a partir da floresta da Tijuca)


(Domingo de manhã em Ipanema)




 (No Arpoador, à espera do pôr do Sol)

(em Niteroi, o Museu de Arte Contemporânea concebido por Oscar Niemeyer)

Todos sabemos que há também muita pobreza e corrupção. Favelas por todo o lado e à vista de toda a gente. Com vista sobre a zona Sul do Rio (a mais rica), as maiores são a Rocinha e o Vidigal. Uma co-habitação que já foi difícil, por vezes muito violenta, mas que actualmente parece estar mais pacífica. Pela minha parte, posso dizer que nunca me senti insegura ou ameaçada. Como em muitos outros sítios, o melhor é não arriscar e é preciso ter alguns cuidados. Nada que o bom senso não resolva. Não sei se gostaria de lá viver, mas mal posso esperar por lá ir outra vez!


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Casual Friday

Ou o dia em que as calças de ganga saem do armário!

Tenho a sorte de (mais uma vez) trabalhar num sítio em que não há grandes exigências em relação à forma como me visto para ir trabalhar. Não há nenhum "dress code" especial. Os homens não vestem fato e gravata, as mulheres não usam tailleur. Para mim é um enorme alívio. Não só porque me iria sentir constantemente desconfortável, mas também porque teria que investir uma considerável quantia de dinheiro na renovação do meu guarda-roupa!

Mas é suposto vestirmo-nos de forma "profissional", o que significa, basicamente, que não devemos andar de calças de ganga, t-shirts, tops, havaianas e coisas do género. Excepto à sexta-feira, em que institucionalizaram o casual Friday. À sexta-feira, como que a antecipar o tão desejado fim de semana, podemos usar roupa mais informal. E é ver-nos a (quase) todos de calças de ganga, rainha indiscutível do casual

E a verdade é que todos andam com um ar mais animado e mais leve. Não sei se por causa da roupa mais informal. Ou, simplesmente, porque é véspera de fim-de-semana. Mesmo numa sexta-feira como a de hoje, que acordou escura e chuvosa (mas que está a acabar bem mais luminosa). 



 

terça-feira, 6 de maio de 2014

Sinais da minha (aparente) americanização # 3

Não ir trabalhar sem antes parar no Starbucks (há um mesmo em frente ao edifício onde trabalho) e encher um destes copos térmicos com café, que vou bebendo durante toda a manhã e tarde, e que vai comigo para (quase) todo o lado:

E a (aparente) americanização só não é total, porque este Starbucks em concreto, que fica na recepção de um hotel, não tem drive-in o que me obriga a estacionar o carro e sair para ser atendida!

sábado, 3 de maio de 2014

O meu nome

Não imaginam as dores de cabeça que dá viver nos USA com um nome composto por 2 nomes próprios e 4 apelidos! Nenhum formulário ou interlocutor está preparado para tal enormidade! É claro que, sempre que possível, apresento uma versão curta do dito, coisa que já fazia em Portugal. Mas em documentos oficiais, o nome tem que coincidir com o que está no passaporte, pelo que não há nada a fazer. É uma chatice, mas já me resignei!

Outra confusão frequente resulta do facto de eu normalmente não usar o meu primeiro nome (Helena). Não uso porque nunca usei, porque não tenho qualquer relação afectiva com ele. Mas em muitas situações, a nossa identificação é gerada de forma automática pelo sistema informático e pronto lá sou eu identificada como Helena Jorge. E lá tenho que pedir para mudarem o nome. Outra chatice.

O ano passado, quando ainda estava em Portugal, o Rui ainda me disse que, se calhar, devia pensar em mudar o meu nome. Encurtá-lo. Na altura, não lhe prestei grande atenção. Estava tão ocupada com outras coisas que não pensei muito no assunto. Fiz mal. Devia ter alterado o meu nome. Para que nos meus documentos de identificação aparecesse o meu verdadeiro nome, aquele com o qual me identifico e com o qual gosto de ser identificada.  Mas agora é tarde demais. Tenho o visto emitido, já demos início ao processo para obtenção do green card. Não convém atirar nenhum grão de areia na engrenagem dos Serviços de Emigração!  Talvez um dia mais tarde ...

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Primeiras impressões

Nem sei por onde começar. Sinto-me soterrada em informação. Já preenchi muitos formulários, já fiz muitas sessões de orientação. É (quase) tudo on-line. É muito prático, mas confesso que às vezes tenho saudades dos velhos tempos em que estas coisas envolviam pessoas, papel e caneta! Até porque aqui as pessoas que atendem o público, não interessa se é num organismo oficial ou um espaço comercial, são sempre simpáticas (às vezes exageradamente simpáticas, atrevo-me a dizer). Ou seja, não corria o risco de ter que lidar com aquelas pessoas que parece que estão a fazer o maior frete da sua vida em nos atender e ajudar, apesar de esse ser precisamente o seu trabalho ... 

Mas como estava a dizer, é (quase) tudo on-line, o que me tem obrigado a aceder a dezenas de sites, fazer logins e inventar passwords. Um stress se atendermos à minha incapacidade crónica para, assim de repente, arranjar mais uma password, que ainda por cima tem que obedecer a uma série de requisitos de segurança! 

Ainda não comecei a trabalhar, verdadeiramente. Estes primeiros dias têm sido de aprendizagem,  feita essencialmente através de conversas e observação. Deixam-me assistir a reuniões. Mostram-me como os procedimentos e os processos estão organizados. No primeiro dia fizeram-me um tour pelo departamento. Fui apresentada a dezenas de pessoas. Acho que não decorei o nome de quase ninguém! Mas já deu para perceber que as pessoas são bastante simpáticas e o ambiente é relativamente informal, apesar de ser um departamento bastante hierarquizado.

Já tenho um gabinete. Só para mim. Simpático, apesar de não ter luz natural. Um dia talvez consiga passar para um dos gabinetes do outro lado do corredor. Aqueles que dão para a rua e têm janelas enormes! Durante o dia as portas estão sempre abertas, excepto se houver reuniões em curso. Vemos as pessoas a circular. Às vezes espreitam e fazem um pouco de conversa.

Haverá, espero, uma coisa que não me causará stress! O trânsito. Demoro entre 6 a 8 minutos, de carro, de casa para o trabalho. Depende da quantidade de semáforos vermelhos que apanhar pelo caminho. Sempre que quiser posso, perfeitamente, almoçar em casa. Privilégios de viver numa pequena cidade!