segunda-feira, 31 de março de 2014

Spring Break: De Illinois ao Texas

Férias! Sete dias, mais de 2000 milhas percorridas (mais de 3000 Km). Na semana passada, aproveitando as férias do Spring Break fizemos uma viagem de carro, em família, que nos levou de Illinois ao Texas, passando pelo Missouri, Tennessee, Arkansas e Oklahoma. Foi uma viagem pela América profunda!

O objectivo era ir a Austin (Texas), visitar uns amigos dos nossos tempos de Minneapolis que já não viamos desde 1996, ano em que nos fizeram uma visita a Portugal. Pelo caminho visitámos as cidades de Memphis (Tennessee) e Dallas (Texas). Sobre as cidades que visitámos, falarei mais tarde. Agora quero mesmo é falar da viagem em si. 

E desta viagem, a primeira coisa que retemos é a imensidão deste país. Auto-estradas sem fim, a grande maioria sem portagem, cheias de camiões, que transportam mercadorias de e para todo o lado. De tempos a tempos, à beira da auto-estrada encontramos aglomerados comerciais, com várias bombas de gasolina, lojas de conveniência, restaurantes fast-food e hoteis e moteis, onde sobressaem os grandes, coloridos e muitas vezes luminosos, placards publicitários.  Nada a ver com as nossas áreas de serviço, tão clean! Normalmente, optamos por parar no Starbucks, para, entre outras coisas, satisfazer a minha necessidade diária de cafeína!

A paisagem foi variando. Desde planícies sem fim, até terrenos mais acidentados, com pequenas montanhas e vales. Cruzámos várias vezes o rio Mississipi que serpenteia o país de norte a sul, desde o Minnesota até ao Golfo do México, cruzando vários dos Estados que percorremos. Passámos por várias reservas de Indios (com os seus casinos) e povoações Amish (com as suas lojas de produtos alimentares e artesanais), que infelizmente já pouco ou nada mantém das suas tradições. 

Os miúdos aguentaram estoicamente a viagem, intercalando momentos de alienação tecnológica (benditos ipods e afins), com outros de irritação e saturação que os leva a implicar uns com os outros por tudo e por nada e outros ainda de interacção familiar. Jogámos ao Stop e ao "Quem quer ser milionário" (no tablet da Matilde), ouvimos muita música e muitos programas de rádio, desde excelentes documentários da NPR (National Public Radio) até programas de comentadores ultra-conservadores, cujos ódios de estimação são Barak Obama, os homossexuais e o aborto. De partir a rir (infelizmente há quem os leve a sério ...).

Foi cansativo, mas gostei muito. Fiquei com vontade de fazer mais viagens! Muitas viagens!










segunda-feira, 24 de março de 2014

Eleições

O sistema eleitoral americano é bastante complexo, envolvendo eleições a nível federal, estatal e local. Regra geral, começa com as eleições "primárias", onde os eleitores escolhem os candidatos que se apresentarão nas eleições gerais, que são sempre em Novembro (na 3ª feira a seguir à 1ª segunda-feira de Novembro). Normalmente, os candidatos são republicanos ou democratas, mas os americanos votam sempre em pessoas e nunca em partidos políticos.  

Na semana passada, houve eleições primárias. Na 3ª feira, como sempre. A mais importante era a escolha dos candidatos republicano e democrata  para Governador do Estado, mas este acto eleitoral envolveu muitas outras eleições e referendos. Houve eleições para o Senado e Câmara de Representantes federal e estatal, e para muitos outros cargos públicos, incluindo para Chefe da Polícia (Sheriff). A par das eleições, houve vários referendos locais relativos a diversas questões, principalmente propostas de subida de impostos para subsidiar determinadas despesas (quase todas chumbaram!). É incrível a quantidade de coisas sobre as quais os eleitores são chamados a pronunciar-se.

A eleição para o Cargo de Governador de Illinois recebe sempre alguma atenção a nível nacional, pelas piores razões possíveis. Nos últimos anos, vários governadores estiveram envolvidos em escândalos e o último (antes do actual) foi mesmo destituído e está preso, depois de ter sido acusado e condenado por corrupção.

Em Novembro, o actual governador, que é democrata, irá defrontar um homem de negócios republicano (Bruce Rauner), um rookie (principiante) nestas coisas da política. Trata-se de um milionário que investiu uma pequena parte da sua fortuna - cerca de 6 milhões de dólares - na sua campanha e que vai tentar tirar proveito da péssima situação financeira em que o Estado se encontra para conquistar o lugar que há mais de uma década foge aos republicanos.

Antes do dia das eleições, houve claro várias semanas de campanha eleitoral. A face mais visível da companha são os anúncios pagos na televisão e os cartazes espalhados por todo o lado. Mas não há cartazes colados nas paredes (nem um). São todos espetados nos relvados, públicos e privados, de uma forma bastante menos poluente, fácil de retirar e que permite a sua re-utilização, se o candidato venceu as primárias e se apresentar nas eleições gerais ou se, mais tarde, se re-candidatar à mesma posição! 



(O relvado de uns vizinhos)


(Um relvado público)  


(O relvado de uma igreja)

As campanhas fazem-se, também, porta a porta, pelos próprios candidatos e pelos seus apoiantes. Vieram 2 ou 3 bater à nossa porta, mas despacheio-os rapidamente informando-os que somos estrangeiros, não votamos. Com alguma pena, pois sempre gostei do acto de votar.

Outra forma popular de fazer campanha são os autocolantes nos carros, normalmente colados no para-choques traseiro. Já se vêm destes por aqui:


Será que é desta? Depois de um negro uma mulher? Não sei se será de mais para esta América ... Mas a verdade é que todos esperam que a Srª Clinton se candidate e apesar de a mesma ainda não ter anunciado a sua candidatura, o movimento que a apoia já conseguiu angariar vários milhões de dólares para financiar a futura campanha eleitoral. Esta gente não brinca em serviço! 

sábado, 22 de março de 2014

Chimamanda Ngozi Adichie

É a autora do livro que mais gostei de ler nos últimos tempos, chamado Americanah. E é tão bom quando um livro, uma história, nos prende, nos arrasta para o sofá e nos leva para longe da televisão e do computador. Confesso que tenho cada vez mais dificuldade em encontrar estes livros, no meio dos milhares que existem e dos que surgem constantemente, a um ritmo que me baralha e não consigo acompanhar.

Este livro conta a história de Ifemelu e também de Obinze, dois jovens namorados nigerianos, da classe média, que descontentes com o regime opressivo do seu país, que lhes corta as asas, sonham em emigrar para os Estados Unidos. Ela consegue o almejado visto e parte para a América, ele não e acaba por ir para Inglaterra, onde vive como emigrante ilegal até ser apanhado e deportado. Entretanto, nos Estados Unidos, Ifemelu consegue ultrapassar as dificuldades iniciais, agravadas pela cor da sua pele, acabando por conseguir adaptar-se, mas sem nunca perder a visão de outsider que lhe permite analisar a sociedade americana com uma perspicácia e uma lucidez brilhantes. Vai para a Universidade, arranja um emprego, cria um blog, onde escreve sobre raça sempre na perspectiva do negro não-Americano, que tem milhares de seguidores, passa por várias relações amorosas, mas não consegue nunca sentir-se plenamente integrada, o que a faz regressar à Nigéria, muitos anos depois. De volta à terra Natal, sofre o reverse cultural shock, re-encontra Obinze e consegue finalmente o seu lugar ao Sol.

Chimamanda Ngozi Adichie é uma jovem escritora nigeriana, que (tal como Ifemelu) emigrou para os Estados Unidos para ir para a Universidade e hoje, com trinta e tal anos, e uma carreira literária de sucesso, vive entre os Estados Unidos e a Nigéria. Escreve essencialmente sobre raça, diversidade, multi-culturalidade, identidade, através de histórias e personagens que nos cativam. E dá aulas e palestras, como a conhecida Ted Talk, de 2009, intitulada The Danger of a Single Story que recomendo vivamente (e que a mim me foi dada a conhecer pela minha cunhada Daniela - Obrigada!): 


quinta-feira, 20 de março de 2014

Afinal, não é assim tão difícil!

Quem me conhece sabe que cozinhar não é uma coisa que adore fazer ou que faça muito bem. A isto acresce que não tenho muita paciência para seguir uma receita, o que, frequentemente, me leva a improvisar. Infelizmente, não domino a arte da improvisação na cozinha, pelo que muitas vezes, quando arrisco fazer uma coisa diferente, a coisa dá assim meio para o torto.

Na semana passada, vieram cá jantar a casa 2 amigos. Como a minha doceira privativa tinha um teste nesse dia ao fim da tarde, não pude contar com a sua preciosa, ainda que por vezes contrariada, ajuda, pelo que tive que meter as mãos na massa. Resolvi fazer um crumble de maçã (as minhas sobremesas preferidas são quase sempre as de maçã). Escolhi a receita da Mafalda Pinto Leite, do livro "Dias com Mafalda". Segui (mais ou menos) a receita até ao fim e não é que a coisa saiu mesmo bem! No final da refeição tive o melhor elogio possível vindo da boca da minha filha Mafalda, que como todos sabem não elogia só para ser simpática: "Este foi o melhor crumble de maçã que já comi!"

Aqui fica a receita:

2 colheres de sopa de sumo de limão
4 maçãs (2 amargas e 2 doces)
2 colheres de sopa de açúcar
1 pitada de canela
1/4 chávena de farinha sem fermento
2 colheres de sopa de manteiga sem sal fria

Cobertura
3/4 chávena de flocos de aveia
1/2 chávena de açúcar amarelo
1/4 chávena de nozes ou amêndoas picadas
3 colheres de sopa de farinha sem fermento
1/4 colher de chá de sal
6 colheres de sopa de manteiga sem sal fria


1. Aqueça o forno a 200º. Unte um prato de ir ao forno com manteiga e reserve.
2. Descasque e corte as maçãs em pedaços médios. Vá colocando numa tigela com o sumo de limão para não escurecer. Junte o acúcar, a canela e a farinha. Incorpore. Deite no prato preparado. Corte a manteiga em pedaços pequenos e polvilhe por cima.
3. Faça a cobertura na mesma tigela. Misture todos os ingredientes excepto a manteiga. Corte a manteiga em pedaços pequenos e misture com a ponta dos dedos até formar migalhas na mistura. Polvilhe por cima da maçã. 
4. Leve ao forno cerca de 40 minutos ou até ficar dourada. Retire o forno e deixe arrefecer ligeiramente. Sirva morno.

Fiz as seguintes pequenas alterações:
1. Usei maçãs da mesma qualidade (Golden);
2.  Susbtitui as nozes ou amêndoas picadas (que não tinha em casa) por passas de uva.
3. As quantidades de sumo de limão, canela, manteiga e sal foram "a olho" (um pequeno indício da minha preguiça em seguir receitas ...).

Servi com gelado de baunilha! Comeu-se todo. Esqueci-me de tirar uma fotografia!


terça-feira, 18 de março de 2014

O fim de um ciclo

Fui advogada durante um pouco mais de 16 anos. Se acrescentar os quase 2 anos que durou o estágio, foram 18 anos dedicados a esta profissão. Sempre a trabalhar no mesmo escritório, em Lisboa, onde tive a sorte de aterrar nos idos de 1995. 

Depois de terminar o curso de Direito em Coimbra, viemos para os Estados Unidos onde fiz um mestrado em media law (direito da comunicação social). Quando regressámos, queria muito trabalhar nesta área, pelo que fui bater à porta do escritório do Francisco Teixeira da Mota, o melhor e mais experiente advogado de media law em Portugal. 

Não conhecia ninguém (mais tarde verifiquei que até conhecia, mas na altura não sabia!). Não telefonei antes a marcar reunião. Apareci. Ele estava no escritório e disponível para falar comigo. Aceitou ser meu patrono. Poucos dias depois, comecei o estágio no seu escritório. Só mais tarde percebi a sorte que tive!

Foram anos muito intensos, que partilhei com um grupo de pessoas fantástico. Desses anos guardo as melhores recordações. Mas foram, também, anos muito cansativos e stressantes. Ganhei muitos cabelos brancos. Com os problemas dos clientes, com os prazos e os julgamentos. Advocacia não é profissão para cardiacos! 

Nos últimos tempos, o cansaço acumulado fez crescer em mim a vontade de mudar. De fazer outra coisa em termos profissionais. Queria acima de tudo fazer alguma coisa que não envolvesse tribunais, juízes e julgamentos. A vinda para os Estados Unidos acabou por precipitar essa mudança, que espero se concretize em breve. Não será uma mudança radical, mas a mim vai-me saber a novo!

Assim, em Janeiro deste ano suspendi a minha inscrição na Ordem dos Advogados e entreguei a minha cédula profissional. Não sei se alguma vez irei voltar. Como costumam dizer, "nunca digas desta água não beberei". Mas acho que não. Tenho para mim que este foi um ciclo que se fechou!  

domingo, 16 de março de 2014

Mais vale prevenir do que remediar

Nos tempos que correm, quando convidamos alguém para jantar em nossa casa que não faça parte do nosso círculo de amigos, temos sempre que perguntar se há alguma restrição alimentar que possa condicionar a ementa. Coisa que há uns anos atrás nem me passava pela cabeça fazer! E aprendi isto da pior maneira possível!

Pouco tempo depois de termos aqui chegado, convidámos um colega do Rui e a família para vir jantar a nossa casa. No ano anterior, quando o Rui estava cá sozinho, convidaram-no algumas vezes para ir a casa deles e quisemos retribuir. Já não me lembro bem o que cozinhei, mas terá sido algum prato de carne. Assim que nos sentámos à mesa, apercebi-me que alguma coisa se passava. Hesitavam em se servir. Ouvi o miúdo mais velho (7 ou 8 anos), a perguntar ao pai, de forma dissimulada, se podia comer aquela comida. Perguntei, claro, se havia algum problema. Havia. São judeus e só comem comida kosher. Eu nem sabia o que aquilo queria dizer exactamente!

Há uns anos atrás, ainda em Portugal, quase que nos acontecia uma coisa do género! Convidámos um colega/colaborador do Rui para jantar (um belga, que vive em França e estava em Lisboa a convite do Rui). Era um dia de semana e, por isso, tive que adiantar tudo na véspera para que o jantar não se atrasasse demasiado. Umas horas antes do jantar, estava eu a preparar-me para ir para casa, liga-me o Rui a dizer que se tinha esquecido de me dizer uma coisa: o nosso convidado era vegetariano! Devo tê-lo desancado forte e feio e lá fui a correr ao pronto-a-comer onde muitas vezes almoçava e que tinha refeições congeladas. Comprei uns crepes vegetarianos que acompanharam com o arroz e a salada que tinha planeado fazer! 

Actualmente, já não arrisco. Nada como perguntar antecipadamente. Evitam-se situações confrangedoras para ambas as partes. Entre os kosher, os vegetarianos, os vegan, os muçulmanos (que não comem carne de porco), os celíacos, e os que têm alergias, há uma forte probabilidade de alguém não poder comer alguma coisa. Por isso, mais vale prevenir do que remediar!

sexta-feira, 14 de março de 2014

A inveja é uma coisa muito feia

Daqui a uns dias, o Rui vai a Portugal. Faz parte do júri de um concurso do Técnico e vai participar numa das reuniões do júri. Fica uma semana. Dá para estar com a família, ver alguns amigos e ainda consegue dar um salto a Coimbra (consta-me que até já tem uma jantarada combinada ...). E nós cá em casa estamos todos com inveja desta semana que sabe a férias!

Na verdade, sempre tive um pouco de inveja da vida profissional do Rui. Ele trabalha muito (muito mesmo!), mas tem um enorme prazer naquilo que faz. E para além de fazer o que gosta, o que só por si é um grande privilégio, goza de uma autonomia quase total na gestão do seu trabalho. 

Com excepção das aulas que dá, cujos horários tem que cumprir e que lhe impõem uma série de responsabilidades a que não pode fugir, (quase) tudo o resto faz com uma enorme autonomia e flexibilidade. Sem ninguém a supervisionar, a chatear ou a dar palpites! Ninguém controla a que horas chega ou sai do gabinete. Se trabalha na universidade, em casa, ou em qualquer outro local. Não tem que obedecer a nenhum dress code. Escolhe livremente os seus colaboradores e os seus alunos de doutoramento. Investiga e escreve o que quer, vai às conferências que entende (de entre aquelas para as quais é convidado). Viaja bastante, muitas vezes com tudo pago, o que já lhe permitiu conhecer muitos países em vários continentes.

É certo que nem tudo são rosas. Muitas vezes os alunos são fracos, o que para qualquer professor é desmotivador. Há obrigações que são chatas, mas que tem que ser cumpridas, (como por exemplo corrigir trabalhos e exames, avaliar artigos para publicação, fazer relatórios para isto e para aquilo, participar nesta ou naquela reunião). O que ganha não permite fazer fortuna. Mas sempre achei que o balanço é francamente positivo. Uma boa vida, como eu costumo dizer, com inveja! 





quarta-feira, 12 de março de 2014

Um tema recorrente: Casas

Como já aqui disse, andamos à procura da nossa próxima casa e já vi algumas casas de que gostei, mas como ainda não era o momento certo para avançarmos, "já eram"! Até agora, estas foram as 2 de que mais gostei! São ambas na rua onde vivemos. Quando as fui ver, comecei logo a imaginar as nossas coisas lá dentro. Imaginei-nos logo a habitá-las! Nenhuma delas precisava de grandes obras, com excepção da primeira cuja cozinha precisava de ser remodelada.




Entretanto, já deu para perceber uma coisa: nesta zona a maior parte das casas têm muitas salas! Como são casas antigas, regra geral a sala de estar e a sala de jantar são separadas. Como antigamente acontecia nas casas em Portugal, antes de ter surgido a moda das salas comuns. São separadas, mas contíguas, sendo que a sala de jantar fica normalmente entre a sala de estar e a cozinha. Gosto desta disposição. Quando temos pessoas de fora em nossa casa, a seguir ao jantar podemos ir para a sala de estar, fechar a porta e esquecermo-nos que a sala de jantar e a cozinha estão o caos! E só lá voltar depois de todos se terem ido embora!

Mas para além das salas de estar e de jantar, muitas casas têm uma sun room. Uma pequena divisão, normalmente adjacente à sala de estar, toda envidraçada. Imagino-a sempre com uma decoração muito minimalista, mas confortável. Para mim, a sun room é uma sala para se estar sózinho, com um livro, ou um computador, a ouvir música e a descansar. 


É claro que nem todas têm o aspecto desta! Confesso que em algumas casas a sun room faz-me lembrar um pouco as nossas marquises, no sentido de que parece ser um acrescento à casa, para se ganhar uns metros quadrados de área de construção. Ainda assim a ideia da sun room é bem mais interessante. Bate aos pontos as nossas marquises!

Por fim, há ainda a sala a que chamam a family room. Esta sim, é uma sala de convívio. Onde há sofás, televisão e tudo o que actualmente vem com ela (boxes, consolas, e afins). Às vezes ficam no basement. Neste caso, pode ter ainda uma mesa de ping-pong e, com sorte, uma mesa de snooker! É a sala onde imagino os meus filhos a divertir-se com os amigos!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Família

No post anterior referi que nos Estados Unidos há muitas mulheres que optam por ficar em casa depois de ter filhos. Quero esclarecer que não analisei estatísticas, nem estudos científicos sobre este assunto. Confiei na minha percepção, formada com base naquilo que vou observando e ouvindo. Tudo muito empírico, portanto.

E, tal como afirmei anteriormente, uma das razões que me parece justificar esta realidade é o facto de, regra geral, as famílias, na sua dimensão mais restrita (casal e filhos) viverem relativamente longe dos seus familiares, o que faz com que não tenham a rede de apoio que estes proporcionam e que é (ainda) tão frequente em Portugal, onde principalmente os avós têm, muitas vezes, um papel fundamental na educação dos netos. Tomam conta deles, vão buscá-los à escola, colaboram no "leva e trás" das actividades extra-curriculares, e por aí fora.

Quando os americanos falam na sua família (family) referem-se exclusivamente ao seu núcleo duro, casal e filhos. Quando querem referir-se aos restantes familiares, sejam avós, irmãos, tios, sobrinhos, primos, etc. usam o termo relatives. Nós não fazemos esta distinção. Em bom português, família inclui toda a gente!

E é no seio da family que os americanos vivem o seu dia-a-dia. Com os relatives só estão de vez em quando. Às vezes, uma ou duas vezes por ano (normalmente, no Thanksgiving ou no Natal e uma ou outra vez no resto do ano). O que não é de admirar se pensarmos na dimensão do país e na enorme mobilidade das pessoas. Não raras vezes, a família encontra-se dispersa por diferentes Estados, a milhares de quilómetros de distância uns dos outros. E quando assim é, não é fácil, nem barato, fazer reuniões familiares.

Uma das ocasiões em que me apercebi disto foi nas festas/eventos da escola. Em Portugal, as festas da escola dos meus filhos estavam sempre cheias de avós, o que às vezes até criava um problema logístico. O ginásio onde normalmente decorriam as festas não era muito grande e não aguentava tanto familiar devoto! Aqui, nunca vi os avós de nenhuma colega da Matilde. 

As cenas familiares que tantas vezes vemos em algumas séries americanas - Brothers and Sisters ou Parenthood, por exemplo - têm muito pouco a ver com a realidade do país e das famílias americanas. Na verdade, os famosos jantares na casa da Nora Walker, que frequentemente reuniam a família toda à volta da mesma mesa, só porque sim, são pura ficção! 




sexta-feira, 7 de março de 2014

Ter ou não ter empregada doméstica, eis a questão!

Em Portugal, esta é acima de tudo uma questão económica. Dos 2 lados. Do lado do empregador (as famílias), normalmente, quem pode, tem. É comum, muito comum, as famílias das classes média e alta terem empregadas domésticas (uma evolução das antigas criadas). A tempo inteiro ou parcial. Todos os dias ou só alguns dias por semana. Algumas, têm empregadas internas. Do lado do trabalhador, quem precisa, é. E há, de facto, um conjunto grande de pessoas, acima de tudo mulheres, com baixas qualificações, que precisam que haja procura para este tipo de trabalho.

Nós tivemos durante 15 anos a Emília. Começou a trabalhar em nossa casa uns meses antes do Miguel nascer e ficou até nos virmos embora. Começou a tempo parcial, pouco tempo depois ficou a tempo inteiro e nos últimos anos, quando o Rui teve o primeiro corte no ordenado, voltou a trabalhar a tempo parcial. Conhecia a nossa casa e as minhas/nossas manias como ninguém. Gostava dos miúdos, principalmente do Miguel e da Matilde, de quem tomou conta desde que nasceram, como se fossem da sua família. Eles recordam-na sempre com imenso carinho. 


(Em 2004)


(Em 2013, uns dias antes da nossa partida)

Mas nalguns países, ter ou não ter empregada não é uma questão essencialmente económica. No outro dia, li no blog de uma fotógrafa portuguesa - Mariana Sabido - que estava a passar umas semanas na Nova Zelândia em casa de amigos, que, regra geral, lá não há empregadas domésticas. É culturalmente inaceitável que uma pessoa/família não limpe a sua própria sujidade e que pague a alguém de fora para o fazer.

Nos Estados Unidos, pelo menos na parte dos Estados Unidos que conheço, a maior parte das famílias da classe média não têm empregada doméstica (não sei o que se passa com as da classe alta, pois não conheço nenhuma). Mas não têm por razões diferentes, parece-me. 

Em primeiro lugar, porque têm um conceito diferente do que é a "lida da casa". São mais relaxados. A casa não precisa de estar assim tão limpa e arrumada. A roupa seca na máquina e a maioria não é passada a ferro. As refeições são menos confeccionadas, compram muitas coisas enlatadas ou pré-cozinhadas, que basta pôr no forno ou no micro-ondas.

Depois, porque há muitas mulheres que não trabalham, que optam por ficar em casa depois de ter filhos. Por várias razões. Desde logo, pelo facto de não existir aqui o tipo de licença de maternidade que existe na maior parte dos países europeus. Aqui as licenças são mais curtas e não são pagas ou são apenas parcialmente pagas. Depois porque não têm o apoio da família, designadamente dos avós, para ajudar a tratar e tomar conta das crianças. E as mulheres que trabalham têm, regra geral, horários muito mais family oriented. Normalmente, por volta das 5 da tarde estão em casa. Muitas optam por trabalhar a tempo parcial. Têm, por isso, mais tempo para tratar da casa. 

É claro que há famílias que têm empregada, mas não me parece que sejam a maioria. Nós temos uma cleaning lady (como ela se intitula). Chama-se Debra e tem uma costela lusa - a sua avó materna era portuguesa. Vem uma vez por semana e faz a limpeza geral da casa. No nosso caso, é uma senhora que trabalha por conta própria, mas muitas vezes trabalham para pequenas empresas. Vem no seu carro, trás tudo o que precisa para trabalhar - produtos de limpeza, vassoura, balde, esfregona e aspirador - e cobra à divisão. Até agora tem funcionado bem. Quando eu começar a trabalhar, vamos ver ...

quarta-feira, 5 de março de 2014

Welcome to America # 4


O país onde:


1° Não se celebra o Carnaval! Iupiiiiii! 

(Mas celebram o Halloween, estão vocês a pensar... Mas é diferente, como já disse aqui )

2º Se pode ver (e vi) a cerimónia dos Óscares a horas decentes!

(O que já não fazia há muitos anos.  O evento não me entusiasmava o suficiente para fazer uma grande noitada, quase uma directa, para o ver em directo em Portugal)

3º A gasolina (premium) custa € 0,70 o litro!

(E isto é preço de Inverno. No Verão, é bastante mais barata)  

4º O futebol não é o desporto-rei!

(Nem raínha, nem príncipe ...)



 (Em Roma sê romano: uma selfie do Miguel e dos amigos, ontem, num jogo de basketball)



E é isto! Por agora. 







segunda-feira, 3 de março de 2014

Lancheiras

Durante anos e anos consegui evitá-las. Felizmente, nunca estivemos numa situação de verdadeira necessidade, e não sendo esse o caso, sempre resistimos à tentação de poupar uns trocos, pelo que os meus filhos sempre comeram comida da escola. Que era boa, eles gostavam e a mim não me dava trabalho. Saíram-nos caros aqueles almoços e lanches. Na verdade, nem sei bem quão caros, pois sempre evitei fazer as contas (nada como enfiar a cabeça na areia ...).  

Em anos recentes, vi algumas amigas optar por mandar a comida dos filhos para a escola. Quando foi preciso começar a fazer contas e a cortar nas despesas, esta era uma das primeiras opções para "ajustar" os orçamentos domésticos. Mas eu aguentei, estoicamente! À custa de outras coisas, diga-se de passagem.

Até agora! Agora não tenho como evitá-las. A escola da Matilde não tem cantina/refeitório. Todas as miúdas têm que levar a comida de casa. A escola do Miguel tem cantina/refeitório, mas a comida é tudo menos recomendável. Pelo menos para ser ingerida diariamente. E, por isso, começo agora os meus dias na cozinha, a preparar almoços e a acondicioná-los nas respectivas lancheiras. 

Felizmente, aqui o almoço é uma refeição "mais ligeira" do que em Portugal. Não é preciso ferver água para aquecer os termos, preparar a sopa e o segundo prato. Os almoços são à base de sandwiches, saladas frias, iogurtes, sumos, fruta, barras de cereais. É mais fácil. Mas, ainda assim, é uma chatice. Não gosto de começar os meus dias na cozinha à volta de comida. Mas tem que ser e o que tem que ser tem muita força!


 (Os almoços de hoje do Miguel e da Matilde)