Quero crer que a minha infância não foi assim há tanto tempo (wishful thinking, I know!). Mas quando descrevo pormenores de como, em criança, eu vivia e como passava o meu tempo, os meus filhos olham para mim como se eu fosse do tempo dos dinossauros. Na verdade, há uns anos atrás, a Matilde chegou a perguntar-me se eu vivi no tempo dos reis! E não é para menos, convenhamos. (Quase) tudo mudou! Tanto.
Quando lhes digo que, quando era miúda, a nossa televisão era a preto e branco, só tinha 2 canais e apenas emitia algumas horas por dia. Que não havia computadores, nem telemóveis, nem tablets, nem consolas. Que não havia facebook, nem twitter, nem instagram, eles olham para mim com um ar de comiseração, que me dá vontade de rir. Genuinamente, não conseguem imaginar como é que eu passava o meu tempo. Não entendem como é que eu não morri de tédio.
Mas quando, depois, lhes digo que passava o tempo a brincar na rua. Que tinha uma casa com jardim, que tinha um baloiço, onde todos os miúdos da vizinhança se juntavam. Que quando tinha fome subia às árvores para apanhar tangerinas. Que andava de bicicleta no meio da rua, porque raramente passavam carros. Que ia a pé para a escola, com os meus amigos, sem a vigilância de qualquer adulto, os seus semblantes mudam. Noto um misto de admiração e inveja. Mas é uma visão fugaz, pois rapidamente se lembram de tudo o que eu não tinha e que para eles é um dado adquirido.
E agora, vou aproveitar o meu último dia de "férias"!
E agora, vou aproveitar o meu último dia de "férias"!
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